quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

And so this is Christmas...

Quando a gente menos se dá conta, chegou a época de Natal. Prenúncio de que mais um ano está ali na esquina, aguardando que o atual passe para lhe dar uma bela rasteira. 

De repente, luzinhas piscando freneticamente, papais-noéis, renas e bonecos de neve invadem as ruas, as lojas, as casas. Começam os apelos de marketing para aquisições, e os shoppings ficam abarrotados de pessoas ensandecidas por presentinhos para amigo-secreto, pai, mãe, filhos, sogros, afilhados, etc. etc. etc.

Há alguns anos, para não dizer que isso ocorreu a vida inteira, essa época era mágica para mim. Significava uma satisfação providenciar a decoração natalina, ajudar com as compras e preparativos da ceia, escolher mimos personalizados...

Não sei se são os anos pesando nas costas, mas os tentáculos das festividades não me abraçam mais. Em 2009, a casa onde vivo padeceu de artefatos rubro-verde-dourados, até que a mamãe convocou uma amiga para lá de mão-cheia no assunto e voilà, decoração! A ceia foi improvisada, e mais parecia um velório do que uma noite de comemoração. Ok, foi o ano em que perdemos a arroz-de-festa da família: tia Teresa. Plenamente justificável o clima, dada à ausência pesarosamente sentida.

Creio que seja um sentimento meio Alice no País das Maravilhas, especificamente aquela cena em que ela fica maior que a casa. É assim que eu me sinto: maior que a casa da minha mãe. É como se eu não mais tivesse condições de permanecer filha. Não, não há pressão por parte dela, pelo contrário! Mas aqui dentro isso me incomoda. Meus braços, pernas e cabeça estão para fora das janelas e telhado.

Ainda que ocupe o quarto, não tenho gosto por transformá-lo. Vivo em compasso de espera, entre a realidade e a esperança do novo. Sim, eu confesso, nem penso em ir morar sozinha, eu quero mesmo é um cantinho para chamar de "nosso". Ainda que só tivesse uma cama, uma geladeira e um fogão com botijão. Eu daria um jeito de colocar ao menos um imã na geladeira. Teria gosto, amor, e o Natal faria outro sentido.

Nem sei por que escrevi isso... mas é assim que eu me sinto: inadequada, sobrando. E o que eu mais quero é uma chave de um canto "nosso". Quem sabe o Papai Noel não me traz isso de presente? Poxa, eu mereço.

Um comentário:

  1. Chama-se a isso desilusão. É a vida a esmagar nossas mais acariciadas e ternas ilusões.

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