terça-feira, 30 de julho de 2019

A alma como uma cápsula de cafeteira

É difícil explicar o momento atual. Muito. O trem da vida segue em frente, aos trancos e barrancos, e a carga adicionada é sempre, sempre maior que aquela despachada nas estações pretéritas. Às vezes, o que fica para trás é algo muito precioso, e o que se coloca a bordo não tem valia, a princípio. É peso, apenas.

O sol nasce e se põe, e tanta coisa rouba o fôlego, assombra os pensamentos, drena a vitalidade e vai borrando a alegria de viver. A mala tem, sim, várias máscaras bem organizadas e à disposição; mas a alma não negocia, requer transparência, acima de tudo.

As tantas regras de convivência exigem comportamento A ou B, carimbam como "drama" o fluxo habitual, mas a ausência de empatia é o que corrói, quebra alguém internamente. É missão hercúlea dissipar pensamentos deletérios, ainda que a crença n'algo maior preconize tal necessidade. Não receber o lixo alheio é preciso, mas o mais difícil é controlar o impulso para devolver com consectários, acrescendo o próprio subproduto.

Sem diminuir a velocidade da viagem, urge recolher os pedaços, reuni-los na medida do possível, com a certeza inexorável de que mutos vazios jamais serão preenchidos; simultaneamente, um escudo invisível precisa ser erguido/construído/presenteado, para evitar que mais danos tornem impossível a reconstrução/renovação.