segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

Nostalgia e atualizações necessárias

Domingo, estive na presença de uma colega de escola, que por sinal estudou na mesma faculdade que eu, e quase não nos encontramos durante os 5 anos de curso. Cada uma tomou seu rumo, e ela "reapareceu" há pouco mais de um ano, justamente por causa de outros da turma. Óbvio que, em tempos de redes sociais, o pessoal da sala criou um grupo no Whatsapp, e alguns resolveram "seguir" uns aos outros nas demais redes.

É muito, muito estranho, reencontrar pessoalmente alguém que fez parte da nossa vida, de forma tão intensa (nós frequentávamos uma a casa da outra, viajamos juntas algumas vezes, éramos realmente amigas), tanto tempo depois. Se considerarmos que eu colei grau em 2004 (cof! cof!), temos aí uns 13 anos de distanciamento circunstancial; com um desconto devido ao fato de que o grupo do "zap" é relativamente bem movimentado há 2 anos, mais ou menos.

Sentar à mesa, ao lado dela, trouxe de volta uma sensação de que o tempo não passou, mesmo diante da obviedade de que sim, não somos mais duas adolescentes; ela casou, tem 2 filhos lindos, mora noutro Estado, e tenta sempre conciliar seu parco tempo em Fortaleza entre família e o nosso grupo dos tempos de escola. Nossa conversa - vejam que irônico - parecia atualização de informações... quase um upload em nossos "banco de dados"; os irmãos dela, adultos casados e com filhos, ainda estava "congelados" como crianças na minha memória. 

Mesmo não sendo mãe, eu me vi rindo das peripécias que ela contava sobre os filhos, enquanto João e eu contávamos alguns "causos" da Alícia. Não sei como vocês se sentem em situações desse tipo, mas eu olho para mim mesma láááááá atrás, e enxergo a pessoa com os mesmos olhos de adolescente; é como se a gente se transportasse de volta à escola, à sala de aula, e ao cotidiano típico do ensino médio nos idos dos anos 90. 

Essa nostalgia, não raro, é interrompida por um puxão nas roupas, um grito de "-mãe!", uma necessidade de olhar ao redor para saber onde estão as crianças. No meu caso, eu escuto "-tia, tô com fome/sede". É, a realidade é bem diferente, demasiado real para ser ignorada: nós crescemos, envelhecemos, e não há nada de ruim nisso, já que há baús intactos em nós, repletos de boas lembranças... e um sem-fim de atualizações necessárias, que reatam os laços afrouxados pelo tempo, porém jamais desfeitos.

terça-feira, 14 de agosto de 2018

"Apenas a madrasta" - compartilhando a crônica mais verdadeira que já li sobre o assunto

Recebi essa crônica num grupo do qual participo. Ao ler, percebi quantas verdades estão ali descritas... vale a reprodução aqui no Blog, com os créditos devidos. (as palavras grafadas em azul são links, que conduzem ao texto original, publicado em


Não se esqueça que você é apenas a madrasta
28/4/2018


Você vai aprender a amar uma criaturinha que não é sua. Vai passar as mãos pelos seus cabelos enquanto ela se encosta sutilmente ao seu braço. Você vai sentir a falta dela nos dias em que não está e vai mudar uma parte gigantesca dos seus planos em virtude dessa pequena pessoa. Mas não se esqueça, você é apenas a madrasta.

Na sua bolsa vai haver resto de bolacha, suco de caixinha, brinquedos espalhados, lenços para o nariz escorrendo. Nas suas compras do supermercado vai haver muito leite, as frutas preferidas deles, um xampu que não arde nos olhos, um docinho para mimar. Mas não se esqueça, você é apenas a madrasta.

Você vai buscar na escola, vai chamar os amigos deles pelo nome, vai carregar mochila, lancheira, casaco, vai cumprimentar os professores, vai cumprimentar as outras mães. Não, calma. Ato falho. Outras mães, não. As mães. Porque você não é mãe, você é apenas a madrasta.

Você vai estudar com eles, vai ter que relembrar como somar frações, vai ler dezenas de livros infantis. Você vai assistir filmes da Disney, da Pixar, na Universal. Vai assistir Disney Junior, Disney Chanel, Discovery Kids e boa parte da seleção infantil da Netflix. Vai saber exatamente a qual filme se referem os brinquedos do mês no Mc Donald’s. Mas não se esqueça, você é apenas a madrasta.

Suas madrugadas serão interrompidas. Pesadelos, dores de barriga, febre. E você nem terá tempo de pensar no seu incômodo, porque o sofrimento deles te fará fechar os olhos para todo o resto. E a dor deles vai doer em você também. Mesmo que você seja apenas a madrasta.

Você vai lavar seus cabelos, enxugar os vãos dos dedos do pé, espalhar filtro solar com cuidado. Você vai forrar o vaso sanitário e vai tentar lavar bumbum em pia de banheiro de shopping center. Vai pingar remédio no nariz e escolher bem os agasalhos. Vai lembrar de pegar o casaco deles e vai esquecer do seu. Mas não queira decidir muito. Você é apenas a madrasta.

Você vai precisar das broncas. Vai ser inevitável. E você vai ter medo. Porque os pais têm aquela tal garantia eterna do amor incondicional. Mas você não tem. E vai dar medo de acharem que você exagerou e do afeto dos pequenos por você se ver relativizado. Mas você vai ter que dar a bronca, não tem jeito. Sem nunca, nunca esquecer que você é apenas a madrasta.

E todos vão poder surtar um dia ou outro. O pai. A avó. Os tios. A mãe. O avô. Mas você, você não. Porque você é a madrasta. E você passou muito tempo explicando para as pessoas que você não era a madrasta má dos contos de fadas. Que você era apenas uma pessoa normal que se apaixonou por alguém que já tinha um filho, que você acolheu sem restrições. Então você não tem o direito de surtar e colocar tudo a perder. Porque você é apenas a madrasta.

Você vai amar sem se colocar limites. Vai alterar muitas rotas da sua vida. Você vai abrir mão de noites de sexta e de manhãs preguiçosas de sábado. Você vai se entregar, mesmo sem saber se um dia, lá na frente, esse afeto será reconhecido. Você vai ser o melhor que você pode. Mesmo que o melhor possível seja ser apenas uma madrasta.