quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Que falta faz um "não!"

Estamos criando uma geração de futuros monstros!

Cheguei a essa conclusão, após ler uma reportagem acerca do ataque de uma adolescente a outra, para roubar - pasmem! - os cabelos. Sim, munida de tesoura, a criatura abordou a outra e simplesmente passou a tesoura nos fios! Identificada a agressora, instada a mãe, a justificativa foi que a "peça" queria fazer um mega-hair, mas a mãe estava sem dinheiro. Juro, estou chocada. A notícia está aqui.

Bom, os pequenos tiranos de hoje, muito provavelmente serão os futuros criminosos que estamparão as manchetes, logo ali adiante. Quando pequenos, birras, uma série de "nãos" às ordens familiares, indisciplina, transtornos escolares e por aí vai. A cada vez que se cede a um capricho infantil, nega-se a esse ser em formação a capacidade de aprender a lidar com a frustração.

Os programas - como Supernanny, Adolescentes Rebeldes e afins - revelam o panorama do que digo: pais omissos, filhos tiranos, família e sociedade à beira do caos absoluto. Ao impor limites, estabelecer regras, restaura-se o equilíbrio que havia nas gerações de nossos pais e avós, hoje praticamente extinto. Ou você que me lê nunca se deparou com alguma miniatura de gente estatelada no chão, rodeada de pais envergonhados ou furiosos, sem saber como lidar com a cena do pimpolho?

A verdade é uma só, meu caro: faça todas as vontades do seu filho, e seja "engolido" por ele no futuro. Porque se você não dá limites claros, o mundo o fará, e de uma forma nada didática, tampouco amorosa.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Para Rebecca

Lembro o dia em que o telefone tocou, já tarde da noite (ou cedo da madrugada, sei lá)... e do outro lado da linha, alguém que avisava: ela está a caminho!

Eu tinha 10 anos quando ela nasceu, e o dia em que a conheci foi tão mágico que parecia manhã de Natal! Eu queria segurá-la, e fui orientada a sentar numa cadeira, e um dos adultos a colocou no meu colo. Sim, era a primeira prima mais nova, e a única que moraria em Fortaleza, como nós 3 (eu e meus irmãos).

Dali por diante, os domingos na casa da vovó eram repletos de expectativas pela chegada dos meus tios, trazendo aquela bebezinha lindinha.

Os anos se passaram sem que ela perdesse a doçura, o ar meigo e encantador!

Eis que ontem, dia 26 de fevereiro de 2013, ela se graduou em Jornalismo, aos 21 anos. Como disse meu tio, "participar de um sonho realizado não tem preço". E é a mais pura verdade, porque quem acompanhou a trajetória sabe: não foi fácil, nunca foi. As adversidades foram muitas, os entraves também, mas ao invés de se entregar às lamúrias, perder-se pelo caminho, ou desistir - como faz a maioria - ela simplesmente seguiu em frente.

Foi trabalhar para pagar a faculdade, batalhou para fazer cursos, com pais e avós sempre ali, dando suporte, apoiando e orientando. De fato, aí está uma mulher que fez de todos os limões que a vida lhe deu, limonadas, tortas, caipirinhas e afins.

Tenho muito, muito orgulho de saber que a nossa família agora tem outra graduada!!! Parabéns Rebecca, prima querida.

We love you.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Divagando em contos - VIII

"Acordou com o afago carinhoso do amado, e mesmo sem saber ao certo as horas, esticou-se e saiu da cama. Tentou, ao menos, posto que sentiu braços puxando de volta, envolvendo num abraço morno, afetuoso, convidando a permanecer ali, imóvel.
 
Deixou-se beijar por longos momentos, até que o senso - e o despertador - anunciou(aram): wake up, gentle couple. 
 
Pela manhã, não costuma raciocinar muito, salvo após uma xícara redentora de café. Em assim sendo, rumou à cozinha para providenciar os preparativos do desjejum. O de sempre, mesa posta para dois, e perdida nos pensamentos sobre a rotina daquele dia, foi arrebatada por outro abraço e uma chuva de beijos. Perguntou-se, pela milésima vez, como alguém conseguia acordar tão bem humorado quanto ele. E riu sozinha, grata por tê-lo ao seu lado.
 
Conversaram, trocaram palavras e beijos, olhares e manteiga. Vê-lo ali, frente a frente, parecia um sonho que demorou mais do que devia; o jeito engraçado de manter os botões da camisa abertos, para que ela os fechasse ao fim da refeição, o que seria a desculpa perfeita para agarrá-la mil vezes, ainda que sob protestos [dela] de amarrotá-lo inteiro! E tudo terminava sempre em beijos e muitas risadas.
 
Após protestos sobre a vontade de ficar e esquecer o mundo lá fora, o carro deixava a garagem e ele se ia para mais um dia de labuta. Dali em diante, era hora de cuidar de si, o que ela fazia com doses iguais de preguiça e zelo. Uma hora depois, era o outro carro que saía... 
 
A caminho do destino matinal, ela se deixava conduzir por pensamentos sobre passado e presente; sobre o presente que havia recebido, após muitos e muitos anos pedindo em orações. Ponderava cada conflito, cada caminho sinuoso que atravessou (ou atravessaram, juntos) para chegar onde estavam. Dizia sempre que, apesar de não ser feliz o dia todo, considerava-se feliz todos os dias. 
 
E assim, entre tropeços e levantes, ambos tocavam a vida, olhando sempre as cicatrizes, como forma de não esquecer o que viveram, tampouco tornar a abri-las. 
 
Duas pessoas, um casal, um caminho construído e em construção.
 
Sempre juntos."

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Deus, enigmas e questões práticas da vida adulta

"É preciso estar preparado para tumultuosas e intermináveis ondas de transformação."

"Para chegar ao castelo, você precisa nadar pelo fosso."

"Deus pode querer que eu enfrente esse desafio específico por algum motivo. Em vez disso, sinto-me mais confortável rezando para ter coragem para enfrentar tudo o que acontecer na minha vida com equanimidade, seja o que for."

As frases acima guardam muitas coincidências... a primeira: foram extraídas do livro de Liz Gilbert, "Comer, Rezar, Amar"; a segunda, é que reunem em sua(s) essência(s) algo muito parecido com o que vai aqui dentro. Melhor, são [ou devem ser] o que se passa comigo. O que sinto.

Não, não estou reclamando da vida. Mas o fato é que os momentos de calmaria têm se tornado mais curtos e escassos, ao passo em que as tormentas parecem não ter fim, ou pelo menos, têm durado mais que a média dos últimos anos. Ou será que fui eu que esqueci a duração de cada uma, no passado?

Ok. Eu não tenho as respostas; só perguntas e preces. Creio que, de tanto orar e questionar, consegui - como diria Olavo Bilac - "ter ouvido capaz de ouvir e entender estrelas"... porque, de alguma forma, hoje consigo "ouvir" o que Deus quer me dizer. Obviamente, não é visível, tocável, tampouco audível; ressoa no campo das ideias, e isso pode ser um complicador, na maioria das vezes.

Enquanto divago entre palavras, minha mente fervilha em ideias, pensamentos, nada concreto, nada palpável. Estou - admito - perdida nessa trilha. Achei que fosse capaz de lidar com isso, noutro momento. Deixei passar e acabei sendo atropelada. Não sei o que fazer, já cogitei mil possibilidades, mas parece que não tenho obtido êxito em decifrar as mensagens codificadas do Altíssimo! 

Bom, como não há meio de retroceder, seguirei... rezando, tentando compreender sinais ocultos, rumo ao desconhecido lugar onde eu consiga [e espero que muito em breve] solucionar esse entrave. Eu hei de adentrar esse castelo, sobrevivendo aos jacarés que habitam o fosso!

Ah, um esclarecimento final: nada disso guarda relação com meu lado afetivo, tampouco com meu relacionamento. Nessa seara, aprendi a estratégia enxadrista e aos vistos tem funcionado...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Divagando em contos - VII

"Mais um dia em que acordou, pensando no que fazia da própria vida, e no fato de não ser dona de seu tempo... tomando seu café, sentada à mesa, sentiu a mordiscada no dedão do pé... era seu cãozinho de estimação, ávido por um afago matinal.
 
Olhou as horas, e mesmo sabendo que se atrasaria ao mínimo desprezo por quaisquer das atividades programadas entre o despertar e o partir para o trabalho, soltou a xícara e pegou o bichinho, colocando-o no colo e fazendo-o feliz da vida com tantos carinhos.

Retornou ao quarto, banhou-se, perfumou-se, escolheu o vestido mais confortável e adequado ao dress-code corporativo, calçou sapatos baixos condizentes, arranjou os cabelos num prático coque para esconder a preguiça de elaborar um penteado, maquiou-se e partiu.
 
Obviamente, o horário avançado era sinônimo de trânsito caótico; não se deixou contaminar, mantendo os vidros fechados, a música favorita, escondida atrás dos óculos escuros. Externamente, uma executiva como muitas outras; por dentro, uma mulher sedenta por uma vida mais simples, mais doméstica, menos formal e mais flexível.
 
À medida em que se aproximava do local de trabalho, as cores esmaeciam, o som perdia volume, e se deixava invadir pelo sentimento de aprisionamento, em virtude das tarefas e do horário a cumprir. Nem o chá quentinho, a secretária solícita, o telefone silencioso eram capazes de injetar-lhe ânimo. Não blasfemava, é verdade; limitava-se a contemplar o mar através das janelas de vidro... 
 
Lá embaixo, crianças construindo castelos na areia, banhistas se deliciando com a água morna, vendedores indo e vindo, enquanto atletas corriam determinados. O sol distribuía beijos delicados a todos, e não tardaria para que se empolgasse e findasse por espantar alguns... quanto a ela, estava ali perdida entre o concreto e o fluido, fisicamente presente, emocionalmente entorpecida.
 
Ocupou-se, para que a tristeza não consumisse suas forças; e assim o dia passou. Mais um. Missões cumpridas a contento - e com louvor - credenciavam o deleite de horas prazeirosas, antes do necessário repouso noturno.  Conseguia ser feliz - em média - por quatro horas ao dia. Ciente de que eram as doze horas dedicadas ao labor o passaporte para essa felicidade, deitava-se e buscava o descanso merecido... 
 
No pain, no gain."

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A violência nossa de cada dia!

Hoje, Layle, Socorro e eu testemunhamos uma cena lamentável. Um homem correndo, pessoas gritando "ladrão, ladrão"... ainda se desfez do produto do furto - devidamente recolhido por um senhor - até que um grupo o segurou.

Teve início uma correria, uma gritaria... motivo? Aproveitar o ensejo e agredir o bandido. Meio perplexas, as duas ficaram paralisadas, ao passo que eu disse que o melhor era sair logo dali.

A bem da verdade - e deixando a hipocrisia de lado - uns tapas são até merecidos, visto que ele teria agredido a senhora de quem roubou o pertence. Mas daí a entregá-lo à autoridade policial somente após permitir que terceiros agridam violentamente, aí já é demais!

Não me sai da cabeça a cena, veiculada pela imprensa local, das câmeras de segurança na região da Av. Bezerra de Menezes, que mostraram a tentativa de homicídio sofrida por um rapaz, 21 anos, perpetrada por três supostos flanelinhas. Por Deus, além de subjulgado, chutado, estapeado e e-s-f-a-q-u-e-a-d-o, ele foi roubado; e não contente, o esfaqueador voltou e desferiu novos golpes, com a vítima ainda caída ao chão. E sairam andando, os três, tranquilamente pela via pública. 

Foram presos, graças às imagens das câmeras. Aí eu me pergunto: e quando não há registros como esse? Pior, e quando, ao se fazer o comunicado à polícia, muitas vezes os bandidos são conhecidos e, pasmem, seguem foragidos e cometendo novos crimes?
 
Honestamente, não consigo imaginar como será caótico o período da Copa por aqui. E ainda peço a Deus para que tenhamos condições financeiras para estar bem longe nessa época... 

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Divagando em contos VI

"Não havia outro meio, senão proteger-se tanto quanto possível, reunir equipamentos, fazer uma prece e partir para o deserto. Imbuída de coragem, entregou-se ao mar de areia, perseverante.
 
O sol a pino, o desconforto térmico, o peso das coisas materiais e emocionais. Sem trilha a seguir, deixou que seus instintos a guiassem; e assim, andou por horas rumo ao nada.
 
Ao cair da tarde, os ventos lufavam temores, quanto ela decidiu que era hora de se abrigar. Não demorou para que seus pesadelos se fizessem reais, em forma de tempestade. A crueldade da tempestade de areia é não permitir que se aja. É se proteger, rezar e esperar passar.
 
Encolhida em si mesma, permitiu que sua mente rodopiasse, organizando e desorganizando as certezas; do caos, é possível tirar algo de bom. E foi nesse momento que percebeu o quanto havia desafiado a si mesma, os riscos da empreitada, as inúmeras possibilidades de insucesso. Não temeu, havia uma certeza inabalável que a preenchia, ainda que alternasse instantes de dúvidas e impulsos de voltar atrás.
 
Porém, no meio do nada, não seria inteligente retornar; até porque seus passos já não existiam. O caminho seria árduo, então que o fosse rumo à frente, ao futuro. Sem saber direito se dormiu, se viveu ou sonhou, sacodiu a poeira, reuniu o que sobrou e partiu outra vez. 
 
A exemplo do dia anterior, o sol teimava em esquentar ideias e aferventar receios, fazendo pesar dolorosamente o corpo e a mente. Disposta a não desistir, lutou e prosseguiu. Foi seduzida por miragens, mas não se entregou, não blasfemou. Tinha consciência de que plasmara pensamentos, e por isso mesmo não podia culpar ninguém pelas ilusões que ela mesma criara.
 
Entre tropeços, quase desistências, tempestades mentais, emocionais e de areia, fome, sede, desespero e fé, vislumbrou um vulto de braços abertos... questionou-se, temeu, mas seguiu na direção do ser que sorria.
 
Impassível, o homem manteve seus braços e seu sorriso, transmitindo a ela a certeza de que a jornada não foi em vão, e o caminho adiante será de aprendizado e felicidade."

Lições de vida por Carlos, o manobrista/humorista

Creio que já mencionei por aqui, mas não é prejudicial rememorar. Carlos é o manobrista da clínica onde fica o consultório da minha terapeuta; sempre bem humorado e cordial, vai cativando as pessoas ao redor. 

Daí que um dia, e não me pergunte como nem por que, descobri que o cara é humorista. Óbvio, se Tom Cavalcante, ou Tiririca, tiveram lá seus dias de trabalhador brasileiro, o Carlos tá no caminho certo. A ginga própria do cearense, as "deixas" de alguns de seus personagens, o tom alto-astral que parece não ter fim.

Só que, para além da fachada, tenho tido a sorte de conhecer um bocado do lado que provavelmente é o sustentáculo desse todo... dia desses, cheguei arrasada por causa do carro amassado (já contei, não sei se aqui, mas no Facebook sim, que um ciclista colidiu com meu carro e graças a Deus não morreu, mas me deu um prejuízo de R$ 550,00). 

Pois bem, vendo-me daquele jeito, e percebendo o estrago no carro, perguntou se eu estava bem. Comentei, por alto, com ele e a atendente. Assim que terminei a história, ele me olha sorrindo e diz "doutora, dê graças a Deus. Foi um livramento!". A atendente segurou minha mão e disse "foi sim, tenha certeza que um mal menor ocorreu, porque Deus ama você".

Fiquei paralisada, sem reação. E segui para o consultório lufada com ares de fé e esperança. Quando ia saindo, ele me abordou e acabou por me dar uma linda lição de vida, contando uma parte da história da vida dele, e de como as coisas acontecem realmente para nos proteger de algo infinitamente mais pesaroso. 

Ontem, algum tempo após a última consulta, e como não havia problemas de vagas, estacionei e não o vi quando cheguei. Quando estava de saída, ele apareceu com o mesmo sorriso sincero. Como de costume, perguntei sobre os projetos humorísticos, e feliz da vida ele foi contando, enquanto me acompanhava ao carro. Ao preceber que estava consertado, olhou e disse "ficou excelente, doutora, excelente!". Abriu a porta, ainda me deu duas ou três lições sobre fé e perseverança, e fechou a porta com um "Deus lhe acompanhe, doutora, e boa semana!".

Pois é, e a gente insiste em reclamar da vida que leva, apesar das inúmeras facilidades...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Divagando em contos V

"Fora avisada inúmeras vezes: nada viria fácil, tampouco manter-se-ia desse jeito. Os episódios de calmaria, na verdade, eram prelúdios de grandes tormentas. Aproveitava, porque enfim não se pode viver com medo, ou à espera do infortúnio. 

Mas, justiça seja feita, o inverso também era verdade: após cada 'tsunami', seguia-se uma fase de inventário do que sobrou, aprendia-se a lição necessária e seguia adiante, desfrutando as pequenas conquistas que se seguiam.

'Não existe almoço grátis' era uma das frases de seu repertório; pura realidade. E em meio a tanto recuo para posteriormente arrebentar[-se], ela não desistiu; simplesmente tinha em mente que, entre picos e vales, o que se leva da vida são as experiências... boas e ruins.

Quem a vê passar por aí, sequer imagina o quanto de destruição carrega dentro do peito, da mente... descortinada a pose, a carinha abusada e enjoada, resta uma mulher com cicatrizes, destituída de alguns pedaços, entretanto com uma aura cor-de-rosa e cheia de esperança. 

'Um dia a gente há de ser feliz, se Deus quiser!', como diria a letra daquela música [Janaína] do Biquini Cavadão. Ela acredita, e só por isso mesmo segue caindo e levantando."

Plano B, a gaiola e o sonho de liberdade

Alguém me disse uma vez que a gente deve ter um plano B, em termos de carreira. Na época, confesso que achei estranho ouvir isso, já que, via de regra, escolhe-se uma graduação e segue-se carreira nela. 

Com o passar do tempo, e diante das tormentas comuns a toda profissão e vida pessoal, inclusive, compreendi que é sim necessário. E antes que venham me atirar pedras, explico: não se aposta todas as fichas num único número. 

Pois bem, a segunda opção pode correr em paralelo à primeira, por que não? Se uma há de engolir a outra, vários fatores é que determinarão... muitas vezes, o que é um hobby torna-se atividade principal. 

Poxa, eu gosto de tantas coisas como hobby... escrever, fazer pulseiras, organizar e/ou consertar coisas. Sem falar na queda vertiginosa pelo mundo da moda, rs. Mas o que será que posso encarar como segunda opção para a vida, se sou tão dependente da minha profissão para subsistir? Ao passo que sou drenada pelo que o diploma me concedeu, olho o mundo lá fora como um pássaro engaiolado, sedento por liberdade.

Mas sabe a história do cão que corre atrás do carro? Qual o propósito, o que ele faz quando o carro para? 

São tantas incertezas...

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

O manobrista e suas tiradas

Já contei aqui que o manobrista do estacionamento é uma figuraça! 

Daí que ontem, quando cheguei para buscar o carro, ele virou e perguntou se eu agora era da Herbalife; surpresa; respondi que não e perguntei o motivo da indagação. Para minha surpresa, ele disse "ah, então foi só dieta mesmo né doutora?"

Balancei a cabeça afirmativamente, e ele me veio com o seguinte comentário: "pois é, a doutora tá no ponto!". Instintivamente, levantei o braço imobilizado para bater nele, e ele correu, rindo e dizendo "com todo respeito, doutora, com todo respeito!".

Sei não viu... só rindo da criatura!

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Divagando em contos IV

"Não esperou o despertar do celular... lá fora, a escuridão cedia lentamente seu lugar aos primeiros raios do dia. Havia de ser naquele momento. Escorreu-se dos lençóis mornos e perfumados, tomou um banho rápido, escolheu o primeiro vestido que lhe veio à mente... prendeu os cabelos num coque mal arranjado, escondeu-se atrás de óculos escuros, calçou sandálias velhas e confortáveis.

Já no carro, enquanto aguardava o sonolento porteiro acionar o automático, pensou no que deixava para trás. Sentiu uma pontada de remorso, mas o rufar do vento soprou-lhes os cabelos, como que um aviso de que tudo ficaria bem, desde que ela não desistisse.

Os sinais verdes faziam-lhe reverências, conduzindo pelo caminho onde não havia caos, só mansuetude. Nada de trânsito, somente pedestres caminhando em roupas de ginástica, ciclistas em treinos, transeuntes e seus adoráveis amigos pets

Dirigiu até que seus pensamentos dessem lugar a um vazio, sereno e límpido. Lá fora, o sol dizia a que veio, os carros já se amontoavam e as pessoas andavam cisudas e apressadas. A vida começava a engrenar como de costume... mas ela não, havia decidido que naquele dia específico, a filosofia era "dolce far niente". Sem telefones, sem horários, sem satisfações a terceiros. 

Eram somente ela, o carro, e a mente quieta e vazia."

Dando adeus às férias, à paciência, ao equilíbrio...

E lá se foram as minhas férias... a minha paciência, o meu equilíbrio...

Não subestimei a doença, mas também não imaginei que alguém pudesse lutar tanto, mas de forma equivocada; ao invés de buscar a saída do buraco, enterra-se cada vez mais. É como um bicho, um escorpião: quer lugares escuros, verdadeiras tocas. A menor ameaça a isso gera ataques, e no caso dela, alternados entre choros e "mimimi", e uma autopiedade que tira qualquer um do sério.

Se isso não é esquizofrenia, honestamente, acho que a louca sou eu. Sim, porque depressão é uma coisa, e comportamentos autodestrutivos, repetitivos, confusão, paranóia, e tudo o mais, só pode ser esquizofrenia. Mas, digo isso como leiga, que vivenciou por 12 dias uma experiência digna de rotina em hospitais psiquiátricos. 

Outra coisa que não consigo compreender: como assim não oferece riscos a si mesma, ou aos outros? E a saúde mental de quem convive com um som no "repeat" diuturnamente? Não muda o texto, não muda a forma de dizê-lo... Enche o saco. 

Meus sinceros cumprimentos às famílias de pacientes psiquiátricos, porque haja amor, paciência, fé e perseverança. Se bem que há diferenças nítidas entre quem se enquadra no art. 3º do Código Civil, e pessoas como a minha tia. Cheguei à conclusão de que quem quer, de fato, sai; quem não quer, arruma desculpas. Porque mesmo quando a gente está perdido, sem saber o que fazer, Deus nos envia anjos e somos salvos. Entretanto, não querer ser salvo inviabiliza toda e qualquer ajuda.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Preparada para uma coisa, lidando com outra

Quando fui alertada sobre dificuldades no início do ano, imaginei que seria noutra seara; de certa forma, estava preparada. Só que o rojão veio e não tinha a ver com o que esperava. Bom, não é exatamente confortável passar por tribulações, mas como li ontem no Facebook, "mar calmo nunca fez bom marinheiro", e é a mais pura verdade.

O que me falta - em paciência, em tempo, na conta bancária - acaba por sobrar em fé e esperança de dias melhores. Como diria um amigo super especial, "hoje eu não tenho, mas amanhã eu terei". Sim, porque quem me conhece sabe: sou impaciente ao extremo, e vivo correndo de um lado para o outro. E, claro, tenho meus ataques de Becky Bloom.

Convivendo com alguém que vive entre passado e futuro, simplesmente ignorando o presente, tenho aprendido a valorizar os detalhes, e como isso torna [quase] tudo mais leve, menos complicado.

Sinto como se estivesse vivendo algo semelhante ao que vivi, no período do diagnóstico da Letícia: uma vida em suspenso, pautada pelo instante aqui e agora; só que hoje, a prioridade é o bem-estar da minha madrinha. O tratamento "tropa de elite" tem surtido efeitos notórios, e o progresso segue gradual. Como lição, fica o pulso com entorse, rsrs, e a certeza de que, quando a chuva passar, há de raiar lá fora um dia lindo.

Só espero não precisar perder ninguém para que o sol brilhe, revelando o arco-íris.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

O recomeço é sempre mais difícil

Já disse aqui que estamos hospedando e tentando auxiliar minha madrinha. Na última sexta, viajei com João e só retornei segunda à noite. As notícias davam conta de surtos, e de uma necessária dose de Rivotril, em prol da sanidade das pessoas ao redor.

Pois bem, houve mudanças no cronograma. Os dias mostraram que há uma consciência plena e manipuladora, que a pecha da depressão mascara. Mas "a casa caiu", e o tratamento mudou. Por aqui, agora, a abordagem é tão sutil quanto a do BOPE.

Mamãe foi a primeira a resistir, e tem sido vencida pelos progressos notórios. Claro que não tem sido fácil, e não nos causa satisfação. A bem da verdade, aquela história de que dói mais na gente é verdade.

Precisei por a porta do quarto abaixo hoje. O estrago foi enorme, e deve me custar caro. Mas ela finalmente compreendeu que eu cumpro o que digo, e não vivo de ameaças. Tanto que quando se trancou no banheiro, bastou que eu avisasse para abrir, e ela imediatamente atendeu.

A cada instante, um passo à frente, rumo ao progresso. Para quem passou os últimos 8 meses prostrada numa cama, sequer sentar nela o dia todo é quase um milagre. Lavou louça, preparou carne moída para o molho bolonhesa, ferveu a água do macarrão... tomou banho, todos esses dias.

Quando digo que tomou banho todos os dias, quero dizer que soubemos de relatos de dias a fio sem cuidado algum com a própria higiene pessoal. Isso é progresso a olhos vistos!

Sem falar que se alimenta sem grandes pressões, salvo uma ou outra ocasião. Mas hoje, até ao shopping foi, e almoçou um prato de causar inveja à construção civil.

Como eu disse noutro post, não é fácil. Mas desistir não é opção. E retroceder, jamais.