segunda-feira, 24 de junho de 2013

Just breathe...

Como diria Renato Russo, "tenho andado distraído, impaciente e indeciso". Rufadas de cansaço têm me assolado numa constância que há tempos ou eu não sofria, ou simplesmente não percebia. São pressões em todas as searas da vida, de modo que, às vezes, penso que vou explodir.

As conversas com a terapeuta têm sido a válvula da panela de pressão; porém, em sendo quinzenais, tenho que me virar para suportar os outros catorze dias, rsrs. Semana passada a consulta foi na segunda, e na terça já precisei recorrer a ela, por telefone. Por sinal, tenho sorte porque ela não é mercenária... caso contrário, jamais teria retornado a ligação e me ajudado a enfrentar uma questão pontual, que não podia aguardar o dia 1º de julho.

Pois bem, o exercício entre as consultas é sobreviver e filtrar: vivenciar as experiências e peneirar o que julgo necessitar de aprofundamento e esclarecimento. Muitas vezes, flagro-me pensando sobre tudo o que já discutimos nas sessões... e como a conversa muda de rumo, com base no momento da minha vida. Num retrospecto rápido, saí da fase pós-fim-traumático-de-relacionamento para relacionamento-relâmpago, seguido de doenças na família e consequentes óbitos, emendando com início de relacionamento e adaptação à nova realidade. Entre fúria e lágrimas, entre desespero e iluminação, da gratidão ao planejamento como exercício de movimento... entre estagnação e progresso, o retrocesso perdeu espaço na minha vida. 

Difícil mesmo é lidar com a lentidão dos processos de mudança: tenho imensa, aliás incomensurável dificuldade em esperar as coisas acontecerem, e talvez [talvez nada, com certeza] seja isso que prejudique a visão sobre todas as coisas que já se moveram rumo ao objetivo da minha vida. Por sinal, João vive me falando isso... só que a minha porção infantil quer o sorvete agora, a boneca para ontem, a atenção ininterrupta. A adulta tem se esforçado para tomar a frente da coisa, mas não tem sido tarefa fácil.

Daí que sigo a vida bem distraída e impaciente, só que bem menos indecisa; porque hoje eu sei o que quero, o que preciso fazer para chegar lá... mas há fatores externos que não dependem da minha ação. E é aí que o bicho pega, eu perco a cabeça e o cansaço me abate.

Respire, Tatiana, respire.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Building our world...

Incrível como a gente foca em problemas, coisas sem solução, e vai atraindo mais e mais entraves para a própria vida. Eu sou assim, confesso. Só que, entre tropeços e retomadas, sigo em frente...

Ontem, a terapeuta me mostrou um outro lado da história, muito além das fúrias pelos comportamentos alheios (por sinal, ultimamente, uns e outros perderam a linha, a noção, a tampa e o balde...), a parte em que a gente para um minutinho e olha para os milagres que já ocorreram conosco.

Quando entrei no carro, senti como se tivesse sido tocada por uma varinha mágica, pelo simples fato de ter me dado conta de alguns episódios que realmente podem (aliás, devem) ser tidos como verdadeiros milagres! Na contramão do comportamento que eu vinha adotando até então, fiquei emocionada ao vislumbrar certos acontecimentos... poxa vida, como reconhecer e validar, ser grata mesmo pelas bênçãos recebidas, é revigorante! Muito do peso que eu havia levado à sessão começou a se dissipar, e diminuiu consideravelmente. 

Claro que há coisas e situações com as quais eu ainda não me entendi completamente, e tenho batido na tecla insistentemente, inclusive sobre o meu papel na vida, e perante terceiros. Muito além de uma suposta necessidade de validação, quero na verdade (aliás, exijo!) respeito a quem sou, ao que represento, ao lugar que ocupo. Por sinal, sobre isso, especificamente, tem sido comum dialogar com João a respeito. 

Não creio ser necessário, mas destaco mesmo assim, que não restam dúvidas quanto ao relacionamento, aos nossos propósitos em comum; é que a visão sobre o vínculo é global, envolve muito mais que as figuras homem e mulher. Daí a importância desse canal de diálogo franco, aberto, no qual temas tidos como espinhosos são discutidos, argumentados, ponderados... não há, entre nós, tema proibido ou intocável. Há, sim, um esforço contínuo em busca de melhorar cada dia mais a realidade na qual estamos inseridos.

Bom, sem maiores elucubrações, a lição que fica é que a gratidão produz movimentos incríveis nas nossas vidas... e que o diálogo entre pessoas maduras constrói, estreita laços, lança bases sólidas, permitindo que os planos sejam passíveis de concretização. E a tudo isso, soma-se o mistério da divindade, transformando, conduzindo, operando milagres reais.

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Terapia, memórias e fantasmas

A terapia ajuda, mas não faz milagres nem mágica. Por mais que eu consiga verbalizar uma série de coisas, ou ao menos externar através da escrita, há momentos em que todas as palavras me abandonam. 

Percebo que já progredi, porém muito remanesce sem solução aqui dentro, cabeça e coração. O grito abafado, o choro contido, a palavra não proferida, tudo parece sacudir na ausência de gravidade, tal como os astronautas no espaço... de cá para lá, daqui para lá.

As dores físicas cessam, as cicatrizes ficam como vestígio do ocorrido, uma lembrança acerca do processo inevitável de evolução. As dúvidas sobre como não permitir que isso afete o todo, de modo a lançar tinta sobre as pinturas existentes, tão cheias de cor e vida, atormentam.

Quanto de amor é necessário para suplantar memórias e fantasmas?

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Vidas roubadas, medo que impera

Sim, eu tenho medo. Medo por mim, pelos meus, pelos que sequer conheço. Quem mora em Fortaleza já não se pode dar ao desfrute de baixar os vidros do carro em trânsito pela orla, não pode colocar as cadeiras "ao pé do portão" para conversas em fim de tarde, muito menos permitir às crianças o deleite de andar de bicicleta, skate ou patins, ou simplesmente pular amarelinha, nos passeios da cidade.

A violência nos faz reféns de locais fechados, e se não priva, ao menos cerceia gritantemente a possibilidade de utilizar praças para a convivência. Ok, e não me digam que a Prefeitura determinou que a Guarda Municipal permaneça nas praças, porque basta sair do campo de visão dos guardinhas para se tornar a nova vítima: celular, carteira, carro...

E como toda dificuldade gera oportunidade, não é difícil encontrar restaurantes e demais locais que disponham de área de lazer e entretenimento para as nossas crianças; mediante o "módico" desembolso de R$ 6,00 a R$ 17,00, dependendo do local e da idade, sem contar aqueles que cobram "por hora". Aliás, pela primeira meia hora, que fique claro.

A verdade é que estamos caminhando para o abismo, e essa geração vai crescer sem saber das delícias de subir em árvores, em muros, tocar campainhas alheias, ao passo que cresce cada vez mais e mais consumista, exigente e carente. 

É inegável que a violência nos rouba vidas, em todos os sentidos, seja através dos homicídios ou sequestros, ou ainda, do esvaziamento da infância, da convivência entre as pessoas. A pergunta que fica é: o que faremos para mudar isso?

#FortalezaApavorada
#EuApoio


quinta-feira, 6 de junho de 2013

Último dia 3.1

Pois é... eis que hoje, quinta-feira, é o meu último dia com 31 anos.

Não sei quanto a quem lê meus posts, mas posso falar por mim: o período pré-natalício é tempo de reflexão. Como não recordar meus escritos desesperados acerca do ingresso na casa do trinta? #balzaquiana

Pois é. Cá estou, às vésperas dos 32 anos, fazendo um retrospecto sobre quem sou, o que fiz da vida, os planos para o futuro, o que vi e vivi de bom e de ruim. Em poucas palavras, posso dizer que "passei na casca do alho" um punhado de vezes, uma coisa meio "fera-ferida" (por sinal, logo adiante está a transcrição da letra, como parte da reflexão musicada que se aplica a mim).

Quem convive comigo bem de perto sabe que estou longe de me sentir satisfeita; há tanto a ser feito, a ser experimentado! Mas posso afirmar que sou grata por tudo, porque mesmo não havendo esquecido as brigas que perdi nessa vida, delas tirei lições que me moldaram. Já disse em inúmeras oportunidades, inclusive, que credito o [re]encontro com João justamente às experiências [mal sucedidas], posto que me capacitaram para valorizar e cuidar adequadamente de mim, de nós dois, da nossa relação.

Aliás, falando nessa relação, dentre as valorosas lições que recebi está a confirmação do meu não-desejo pela maternidade, mas que me permite ser/fazer parte (de alguma forma) da criação de um ser humano cuja luz poucos estão capacitados para enxergar. De fato, como diria Olavo Bilac: só quem ama pode ter ouvido capaz de ouvir e entender estrelas

Que venha a nova fase da(s) minha(nossas) vida(s), e que Deus nos conceda serenidade, coragem e, acima de tudo, amor para recomeçar.

Fera Ferida (Maria Bethania)
Acabei com tudo
Escapei com vida
Tive as roupas e os sonhos rasgados na minha saída
Mas saí ferido
Sufocando o meu gemido
Fui o alvo perfeito
Muitas vezes no peito atingido

Animal arisco
Domesticado esquece o risco
Me deixei enganar e até me levar por você
Eu sei quanta tristeza eu tive
Mas mesmo assim se vive
Morrendo aos poucos por amor

Eu sei
O coração perdoa
Mas não esquece à toa
O que eu não me esqueci

Eu andei demais
Não olhei pra trás
Era solta em meus passos
Bicho livre sem rumo sem laços

Me senti sozinha
Tropeçando em meu caminho
À procura de abrigo
Uma ajuda um lugar um amigo

Animal ferido
Por instinto decidido
Os meus passos desfiz
Tentativa infeliz de esquecer.

Eu sei que flores existiram
Mas que não resistiram à vendavais constantes
Eu sei
As cicatrizes falam
Mas as palavras calam
O que eu não me esqueci

Não vou mudar
Esse caso não tem solução
Sou fera ferida
No corpo na alma e no coração

Eu sei que flores existiram
Mas que não resistiram à vendavais constantes
Eu sei
As cicatrizes falam
Mas as palavras calam
O que eu não me esqueci

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Do sonho à realização: Le Grá

Layle e eu nos conhecemos no trabalho; ela publicitária, gerente de Marketing, eu advogada, gerente da área previdenciária. O tempo nos aproximou e revelou afinidades: o drama para permanecer ruiva, a paixão pelas bijuterias, o imenso desejo de dar início a um "plano B", como diria o querido Germano Silveira.

E foi trocando ideias sobre pulseiras que surgiu a iniciativa de criar peças personalizáveis, fugindo do "mais-do-mesmo", respeitando as tendências e, acima de tudo, bijus com a nossa cara. Foram dias, semanas, sonhando e brincando com possíveis nomes... até que o tradutor do Google deu uma mãozinha...

"Le Grá", tradução irlandesa da expressão "com amor". A sintonia foi imediata, a ponto de, minutos após a decisão sobre o nome, seguir-se a criação da logo. Por sinal, o símbolo do infinito tem tudo a ver com a gente, com o projeto de vida. Quem não quer que tudo aquilo de bom, de belo nessa vida, seja eterno?

Entre o desenvolvimento da parte visual da marca, a escolha dos modelos e das peças para confecção, foram dias e dias de muita conversa pelo GTalk, pesquisa intensa, até que chegamos aos "pilotos" daquilo que queríamos.

Pois bem, após um sábado de intenso esforço, a Layle confeccionou nossas primeiras pulseiras e colares. Com as fotos, criamos a página no Facebook, e nesse dia 03 de junho de 2013, nasce oficialmente a Le Grá: https://www.facebook.com/legrabijuteria

Claro que não poderíamos deixar de agradecer àqueles que nos incentivaram a colocar em prática aquilo que amamos fazer. Para não cometer injustiças, destacarei meu amado João Leite (pela cumplicidade e incentivo, na alegria e na tristeza), o amigo Germano Silveira (por instigar a criação de um "plano b" em nossas vidas e ter plantado a ideia de vender pulseiras), e a agora-amiga-e-sócia Layle Thais, por ter aceitado embarcar nessa, criando toda a parte visual do nosso projeto.