quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Apareça, Mother Mary!

Juro que preferia que minha vida fosse um episódio do Glee. Sim, porque os dramas - guardadas as proporções, visto que a série trata de adolescentes no ensino médio, ou recém-saídos dele - são semelhantes, mas o final é sempre otimista e embalado por interpretações bacanas de músicas diversas, que vão de Lady Gaga aos Beatles.

Hoje foi o caso. Ainda de férias, zapeando canais aleatoriamente, deparo-me com um episódio em que tudo acontece de modo a "casar" com canções dos Beatles. Óbvio, dadas as minhas condições emocionais no dia de hoje, contive as lágrimas com a ocorrência embalada por "Hey Jude", mas o épico e devastador momento foi o ato final, em que a Rachel atende [como garçonete, num típico café nova iorquino] o diretor de uma peça para a qual havia feito uma audição, para o papel com o qual sonhou a vida inteira. Momentos antes, ela diz aos amigos que desistiu de ter esperanças sobre o papel, em razão da demora, e está tentando seguir a vida.
Mas o cidadão pede a ela um bolo, e diz que precisa que venha escrito nele "Parabéns, Rachel Berry, você será Fanny Brice". Claro que em meio aos gritos de êxtase, congratulações dos clientes e demais funcionários, o episódio termina com a Rachel cantando "Let it be".

Foi impossível não ansiar por algo do tipo, mas a realidade impõe seus braços pesados e cruéis sobre mim, impedindo os movimentos: estou paralisada. E não, eu não quero que me digam "deixe estar", quero que o diretor apareça e me peça o bolo, diga o que quer que seja escrito nele, quero chorar de alegrias, não mais de decepção.

Até meu retorno ao trabalho, quero viver aqui trancadinha em mim mesma, no meu mundo [de sonhos] onde a decepção não ousa bater na porta e estragar tudo. Onde a realidade não existe.

Let me be, let me stay here.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Eu posso, e será um dia de cada vez

Imagem daqui
Não foi a primeira, e provavelmente não será a última vez, que acordei, olhei no espelho e disse: já chega. Escolhi conscientemente o que comer, ignorei os apelos do meu cérebro para manter o corpo em estado de inércia: calcei os tênis, coloquei os fones de ouvido, ativei a playlist do Daft Punk e #partiucaminhada.

Toda vez que faço coisas do tipo, é inevitável questionar a mim mesma: por que você não faz isso todos os dias??? Qual a dificuldade??? A bem da verdade, não tenho uma explicação racional para isso... vez por outra isso vira assunto na terapia, porém sei que esse processo é meu, e algumas peças já conheço e compreendo, o resto é história.

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Travessia cega, porém consciente

O dia hoje foi de revisitar lembranças dolorosas. Sim, ainda que o tempo passe, há episódios que são tão carregados em tintas vivas, que o mero acesso a eles já causa algumas manchas. Só que eu posso escolher como me sentir a respeito: a terapia me ajudou nesse aspecto.

Pois bem, reavaliando com calma, estou convencida de que é preciso mesmo abandonar as velhas roupas e esquecer os caminhos, como diria Fernando Teixeira de Andrade. Porque o novo, o desconhecido, só se revela aos que têm coragem... nessa fase de mudanças, abrir as caixas emocionais e promover uma limpeza consciente, separando aquilo que segue conosco, daquilo que deve ser deixado para trás, é a pedra-fundamental para o próximo passo.

Não posso ser desonesta e dizer que não tenho medo, porque sim, eu tenho; mas a minha vontade, aliada às certezas que os dias me mostram, servem de impulso para saltar sobre o abismo. Sim, eu posso cair, mas prefiro acreditar que alcançarei o outro lado, para seguir adiante nessa jornada. Eu poderia esperar, reunir condições mais favoráveis, porém pondero que, se ficar pensando muito, vou acabar desistindo. 

Quem sabe se não é essa a porta, finalmente? Preciso bater para saber se ela se abrirá... já bati em tantas outras, então não há razões para não tentar mais uma vez. Com fé, sabedoria, e muito, muito amor, eu sei que vai ser essa. E, dizem, quem tem amigos, tem tudo!