quinta-feira, 29 de março de 2012

Os brotos da terapia

Minha terapeuta é uma figura. Sério, eu adoro a antecessora - a despeito de haver me abandonado pelo meio do caminho - mas a atual, não sei explicar por que, a comunicação flui positivamente, e já percebo mudanças em mim. Aliás, já percebem

Perdoem-me os profissionais da área, mas não compreendo alguém que se disponha a auxiliar, mantendo-se calado e olhando para você, enquanto você fala. Comigo não funcionou, e olhem que eu tentei, de verdade.

As intervenções não são no sentido de dizer "faça assim, faça assado", mas sim de convidar a perceber outros aspectos das situações. A sensação que me invade é de que estou sendo estimulada a ampliar os horizontes, abandonar o ego e compreender a dimensão real das coisas, e não mais a da minha mágoa, tristeza ou raiva. Quando se foi ferido de morte, a tendência é permitir que a dor fale em seu lugar. 

Ao acessar essa dor, permitir o luto normal e absolutamente necessário, passei a falar por mim. Foi aí que os "movimentos" (como ela chama os eventos da vida) começaram a fluir... 

Através de uma observação que ela fez, percebi que desperdicei um tempo precioso alimentando meu ego, com medo do fracasso, quando na verdade deveria ter deixado o "movimento" seguir, sofrendo menos. Se não pode ser evitado, ao menos, que seja minorado. Ao represar tudo dentro de mim, o limite se rompeu e o estrago foi imenso. Bom, não posso voltar atrás e mudar a história, mas posso parar agora e recomeçar.

ficou a lição...

quarta-feira, 28 de março de 2012

Millôr, a vida e um punhado de reflexão

Como diria Millôr Fernandes, falecido ontem (27/03/2011): "Viver é desenhar sem borracha."

Ainda que o livro/diário da minha vida esteja cheio de rabiscos, notas de rodapé, anotações inacabadas e tantas outras descritas com riqueza de detalhes, ainda que eu prefira que inexistissem... sigo desenhando sem borracha, tentando de alguma forma preparar e aguardar o porvir.

Nesse ínterim, entre o minuto em que escrevo essas linhas e dia em que o Criador vai encerrar esse livro/diário, aproveito para me dar conta de que "há flores em tudo o que eu vejo"*.

*da música "Flores", dos Titãs.


Outro post com música

Mais um post que começa por causa de uma música... melhor dizendo, de versos de uma. No caso, "Garganta"*, da Ana Carolina.

Não é novidade que a minha vida parece papel em beco: a cada revoada, o que estava quietinho de repente entra no redemoinho, indo parar lá-não-sei-onde, até repousar novamente. Será que isso acontece com a média das pessoas? Bom, não sei.

Os fortes ventos pré e pós-carnaval, do tipo que arrancam árvores e destelham galpões, fizeram grandes estragos. Só recentemente o quadro foi-se acalmando, possibilitando a avaliação dos prejuízos para que as coisas pudessem ser reconstruídas.

Nesse intervalo, redescobri quem sou de verdade; e melhor, ouvi das pessoas que me conhecem há tempos, que agora eu-sou-eu-mesma, rs. Do tipo que sorri, que faz piada de si mesma, encara a vida sem [grandes] lamentos. 

Justamente quando recobrei os sentidos, parei de ignorar os sinais. Mal comparando, é como se, quando algo dá defeito, ao invés de levar para consertar, simplesmente substituo por outro. Passei tempo demais desperdiçando energia, por exemplo, com uma tv antiga: agora tenho uma top de linha. Relativamente às pessoas, chega de ficar tentando me encaixar em espaços onde sei que não caibo. Hei de construir o meu próprio cantinho na vida de outrem, assim como permitirei que se construa em mim. E chega de empreender esforços hercúleos para agradar.

*Sei que não sou santa, às vezes vou na cara-dura
Às vezes ajo com candura (...)
Mas não sou beata, me criei na rua
E não mudo minha postura só pra te agradar.

segunda-feira, 26 de março de 2012

O caso e a angústia da advogada

Estou vivenciando um dilema profissional. 

Não, não vou reclamar; na verdade, vou agradecer por poder ser instrumento - se assim Deus me permitir - de mudança na vida dessa família.

Sem descer aos detalhes, recebi um caso de uma viúva, 3 crianças, uma possível ação contra o INSS, pedido de pensão por morte. Em primeira análise, muitos pontos estavam obscuros, então resolvi ligar para a mulher. Aí foi que a coisa ficou séria... enquanto esclarecia minhas dúvidas sobre a qualidade - ou não - de segurado obrigatório do falecido, ela delineou a situação de penúria que vinha enfrentando desde o passamento.

Não satisfeita, declarou: " - Moça,  tenho 3 crianças que precisam dessa pensão. Me ajude, consiga essa pensão pra mim." Preciso dizer que ela me apertou, sem me abraçar?

Após muitas horas de pesquisa, perguntas, esclarecimentos com alguns dinossauros (rsrsrs), desenvolvi a tese e protocolamos. Semana passada, recebi a sentença: improcedente. Desde então, ando aflita e buscando incansavelmente uma brecha para rever a decisão na Turma Recursal da Bahia. 

Hoje, dei-me por vencida e pedi ajuda... a solução começou a se delinear... agora, é desenvolver o recurso nessa linha de raciocínio e rezar para que os membros daquela Turma sejam sensíveis ao caso.

sexta-feira, 23 de março de 2012

A estreia de Isabella

Nem dia 25, como a mãe queria, tampouco dia 26, na conveniência do obstetra. Isabella resolveu estrear na manhã de ontem, 22/03/2012, e logo cedo "empurrou o pé na porta", acordando mamãe e papai. A titia aqui estava a caminho do escritório, quando ouviu o sinal de sms do celular. Chamada perdida, sms, tudo para anunciar: Isabella vai nascer.

Retornei e do outro lado da linha uma parturiente muito serena, avisando que estava a caminho da maternidade. Para tudo, rsrs. Corri para lá. Só que as coisas na minha vida têm uma pegada cômica, então cheguei, estacionei na rua lateral da Gastroclínica, em zona azul. A piada foi ter que sair à caça do vendedor de cartões, e eu, claro, não localizei, mas contei com a boa-vontade do segurança do prédio, que indicou um ponto de vendas do outro lado da rua. Cheguei lá, a moça não tinha troco, então confiou nos meus lindos olhos e entregou o cartão para que eu passasse depois e pagasse. (Update: troquei e paguei, rs.)

Nesse intervalo, o casal-quase-trio chegou, e riu da cena: cheguei primeiro, e estava mais agoniada que os dois juntos. Daí por diante, assumi o papel de secretária e telefonista... e como ando preparada para emergências (bolsa da Mary Poppins), socorri o papai com uma barrinha de frutas, já que em solidariedade à esposa, ele não tomou café-da-manhã. 

Por volta das 9h30, Isabella chegou ao berçário, para delírio dos curiosos de plantão. Alerta, olhos arregalados, nada de choro... parecia querer mostrar a todos que já nasceu diva, rs. Só reclamou quando desfizeram seu casulo, para um exame geral e aferição de medidas: bocão e berreiro.

Dali a pouco, já estava limpinha, toda arrumadinha com a vestimenta "número 1". Um parênteses: a Flávia numerou as trocas de roupas... gente, é muita organização até para mim, rs. 

Não tenho palavras para descrever a emoção de ver uma nova geração oriunda de uma amiga da adolescência. Poder fazer parte da vida de pessoas tão queridas, compartilhar a emoção com milagres como a Isa, não tem preço. 

Sou madrinha de duas crianças lindas, muito amadas. Tia consanguínea de duas meninas saudáveis, e de terceiro(a) porvir. Mas não consigo traduzir em palavras o que senti, desde o momento em que soube da gravidez, até o instante em que vi esse novo ser. Creio que só ali, de verdade, corpo-alma-coração, tornei-me tia. 

Obrigada Flávia, por proporcionar uma alegria tão imensa.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Criar ou não, eis a questão

Tenho cogitado criar um blog paralelo, estritamente secreto, tal qual fez meu nobre amigo descarrado. Não é por nada... mas há coisas, desabafos, um sem-número de pensamentos que precisam deixar a mente, o coração, transcritos n'algum lugar... aliviar o peso das situações.

Ok, administrar um único já não é tarefa simples. Ademais, ganhei uma agenda, que faz as vezes de diário. Ops, falando nisso, atualizar é preciso. Guardar a sete chaves também. Enfim.

Que eu me recorde, sempre fui adepta de palavras, tradução de sentimentos. Escrever é, na minha humilde opinião, um bálsamo, muito mais que conversar com alguém. Até com a terapeuta. Creio que o maleiro do meu guarda-roupas ainda esteja repleto de agendas adolescentes, daquelas cheias de papéis de bala, fitas, ingressos de cinemas e de shows. 

Claaaaaaaaro que a mamãe sonha com tudo isso no lixo. Óbvio. Se reclama dos livros e materiais da faculdade, o resto, para ela, é só berçário e playground para ácaros. (sinto muito, mãe, não estou preparada para me desfazer de nada, por enquanto)

Voltando ao tema do post... um blog-diário. Há momentos em que os sentimentos ignoram a própria composição química - tipo água e óleo - e vão se misturando, criando uma confusão que eu só consigo compreender quando escrevo. O "Muitas palavras" não seria adequado para dar vazão a esse tipo de exposição. Se já sou classificada como visceral, ponderando mil vezes o que escrevo por aqui, imaginem só se eu abstraísse, simplesmente postando o que vem à cabeça, o que palpita no coração?

Não, não. Mamãe teria uma síncope, já que vivo recebendo puxões de orelha porque, na opinião dela, eu me exponho demasiado aqui. 

Sei não... vou perguntar a opinião da terapeuta, rs. 
Quem sabe isso ajude no tratamento...

Bandidos que "estudam"

Não há como expressar a perplexidade diante do que ouvi hoje - sim, porque assistir é impossível, estou me arrumando para trabalhar - na entrevista com o chefe do comando do policiamento da capital, no Bom Dia Ceará.

Ok, concordo que a ação policial para a questão do assalto à agência do Bradesco (Santos Dumont com Desembargador Moreira) foi bem sucedida: 1 bandido morto, 1 ferido e outro preso, reféns ilesos, nada roubado. 

Não sei exatamente se fiquei mais atônita com a pergunta do comentarista (Fernando Ribeiro) ou com a resposta do entrevistado. Pois bem, a pergunta foi "o senhor acha que se tratava de amadores em assalto à banco?". A resposta, pasmem, foi "sim, são experientes noutros tipos de ações criminosas, mas assalto à banco foi a primeira vez". (não se apegar, por gentileza, à "transcrição"...)

Não satisfeito, emendou: "eles 'estudaram' a movimentação no banco durante dez dias". 

Tudo bem, sabemos que as profissões exigem cada dia mais especialização. Mas bandido, pelo amor de Deus. Quer dizer que estamos a ponto de erguer universidades para capacitar vagabundos? Ah, não. É demais para a minha cabeça.

terça-feira, 20 de março de 2012

O advogado e as "perguntinhas"

Um advogado, conhecido meu, disse uma vez que as pessoas têm mania de chegar e fazer "só uma perguntinha". Só que para uma resposta condizente, coerente, é preciso ver os autos. Um detalhe, que para quem conta o conto, parece insignificante, pode na verdade mudar o rumo da história.

Ah, sim, por que mesmo estou dizendo tudo isso? Hum, lembrei.

Recebi um e-mail que me deixou estarrecida, por inúmeros motivos. O primeiro deles, pela ousadia; o segundo, pela abordagem; o terceiro, pela atitude. É como se nada tivesse acontecido, e consultas jurídicas não fossem tabeladas pela OAB - ainda que feitas via e-mail.

Juro que pensei mil agruras que justificassem uma recusa em responder. Passou pela minha mente, inclusive, fingir que não recebi, simplesmente apagar e seguir a vida. Mas sei lá, alguma coisa aqui na minha cabeça disse para ser profissional, acima de tudo.

Update: respondeu... acreditem! Com "beijos", inclusive. O bom disso é que nunca - pelo menos, aparentemente - gostou de mim, agora vem com essa de querer consultoria. Vai entender...


segunda-feira, 19 de março de 2012

Para Isabella

Oi Isabella, estamos ansiosas pela sua chegada. 

Eu e a tia Nanda somos amigas da sua mãe desde os tempos de escola... brincamos que é melhor não informar a idade, tampouco o ano, para impossibilitar os cálculos e ninguém descobrir nossa idade, rsrsrs.

Pois é... o tempo passou, e mesmo não tão próximas, nosso vínculo se manteve, como até hoje. Já rimos e choramos juntas, aprontamos uns bocados por aí, e posso dizer que vivemos cada estágio de nossas vidas de maneira intensa. 

Quando seus pais se conheceram, tia Nanda e eu ficamos logo sabendo... depois conhecemos seu pai... os meses se passaram e foi um susto quando soubemos que iam casar! Ahhh Isa, e que satisfação quando nos convidaram para sermos madrinhas de casamento. Na cerimônia, a gente chorava um monte, sabe? Ver sua mãe feliz alegrava os nossos corações.

A estrada até você foi longa, dolorosa e cheia de expectativas. Procuramos confortar sua mãe, oramos, até que aconteceu. Sabe, Isa, quando sua mãe e eu éramos crianças, as notícias eram dadas pessoalmente, ou por telefone... mas fiquei sabendo de você pelo Facebook! rsrsrsrsrs Claro, como a tia Nanda não é adepta das redes sociais (pode deixar, a gente explica o que é isso quando você for maiorzinha), avisei a ela por telefone.

Quando se confirmou que era uma menina, nossa!, quanta felicidade. Cada dia, cada detalhe do seu quarto, do seu enxoval, tudo foi pensado com tanto amor e carinho! 

O seu chá-de-fraldas foi metodicamente arquitetado, e nos deu uma alegria tão grande... passamos uma tarde inteira reunidas à mesa da sua casa, entre fitas e tesouras, "bolo de fraldas" e caixinhas, jujubas e balões. Tudo antecipadamente preparado... sim, permita-me informar de antemão: sua mãe é organizada, cheia de planejamentos, então cuidado com bagunça, tá? 

Hoje, dia 19, foi o último feriado dos seus pais sem você nos braços. Já na Semana Santa, você será a atração da reunião familiar. A partir do dia 26 (ou 25, dependendo do que o obstetra disser), quem for à casa dos "Aragão", terá por propósito conhecer você, e não mais visitar o Wallan e a Flávia, rsrsrs. Inclusive eu e a tia Nanda.

Venha sim, querida, estamos aguardando o momento de finalmente ver o seu rostinho... afinal, não é todo dia que somos testemunhas de um milagre como a sua concepção, seu nascimento. Você é um sonho real, pequenina, o projeto de vida da sua mãe!

Um grande beijo da tia Tati.

sexta-feira, 16 de março de 2012

Morte anunciada e vida que segue

Ontem eu tive um sonho estranho... sonhei que havia perdido importantes anos da minha vida, carregando um peso morto e totalmente desnecessário. Enquanto sobrevivia aos dias, um após o outro, tentava em vão ressuscitar o de cujus.

Enquanto as pessoas notavam aquela cena desprovida de sentido - andar por aí arrastando um corpo em decomposição - afastavam-se, por motivos óbvios: odor. Só eu não sentia, estava acostumada. Eu negava a mim mesma os fatos... e seguia puxando pela mão um morto.

Analisando a coisa de uma maneira bem fria, era como se eu estivesse brincando com as bonecas, "interagindo", fingindo que ouvia respostas e conselhos, que elas se importavam com quem eu sou, com o que sinto. 

Planos são feitos com pessoas de carne e osso, sangue, sentimento e inteligência. Com quem está ali, ao lado, e não sendo puxado, arrastado, carregado. Cadáveres não têm projetos de vida, muito menos de vida em comum. São somente uma representação material, composta de líquidos, fluidos, gases, algo que um dia foi gente de verdade.

Percebi que esse sonho foi real, foi experimentado, vivenciado. O desconforto da aceitação dessa descoberta, essa raiva que sinto de mim mesma, tudo isso está sendo processado e vai passar, muito em breve.

Talvez por isso os ritos fúnebres sejam essenciais... só que hoje eu me dei conta de que fiz tudo o que manda o post mortem: decretada a hora, autópsia, liberação do corpo, preparo, burocracia com cartório e cemitério, velório, enterro (ou seria cremação?), missa de sétimo dia... só que fui me dar conta, na missa de trinta dias, que a vida segue seu curso. 

Parece que a negação da "morte" faz parte também do processo de seguir adiante. Não quero ser assombrada por lembranças, assaltada por esperanças. Morte é morte, fim. Nesse instante, nesse caso, sequer penso sobre as minhas crenças espirituais. Prefiro pensar que existe somente uma lápide, e que a alma aguarda o famigerado juízo final.

Sim... agora, aguente as consequências. Eu estou livre, e viva!

quinta-feira, 15 de março de 2012

Os sinais, o atropelamento, a recuperação

O vídeo, Renato Russo e Marisa Monte acordaram ontem um gigante adormecido. Só que foi a terapeuta que me "autorizou" a mantê-lo acordado, para que faça o que precisa ser feito, e volte ao estado de repouso.

Eu me permiti sofrer em uma ou duas das vezes em que rompi. Só que eu deveria ter aceitado os sinais, e mantido a decisão... mas decidi prolongar um sofrimento. Ignorei a minha inteligência, dei espaço para que o emocional tomasse a dianteira. Resultado? O previsto, desde o início.

Num rompante de lucidez, quebrei a barreira. Aqueles grilhões não combinavam nem com a minha personalidade, nem com os meus sapatos, rs. Saí correndo, porque experimentar a "liberdade" é como ter sede e avistar uma fonte cristalina. 

Só que atravessar a rua exige atenção... foi aí que eu me arrebentei. Fui, literalmente, atropelada. O lado racional, novamente, disse para ignorar a dor, levantar e seguir em frente. Continuei. Só que os danos internos merecem atenção, coisa que eu não dei. Resultado? Hemorragia, fraturas... 

Só ontem é que fui entender a extensão dos danos, através daquelas lágrimas todas no caminho até o consultório, legitimadas pelas palavras da Suyanne. A "criança" interna está magoada, precisa de atenção e cuidados. Desde que terminou a sessão, sinto-me na UTI. Só que, no sentido figurado desse tratamento intensivo, não estou sendo monitorada por uma equipe, só por mim mesma. Sou a enfermeira que troca o soro, os curativos, o médico que checa o estado geral, a camareira que troca os lençóis e as toalhas.

Ao contrário do que eu estava fazendo, ignorando esses ferimentos todos, estou me permitindo autocompaixão. Sou eu que estou à cabeceira, acariciando meus cabelos, enquanto ao fundo, Renato Russo canta "mas tudo bem, tudo bem, tudo bem...". Daqui a pouco, espero que Marisa Monte venha e cante "faça sua dor dançar, atenção para escutar, esse movimento que traz paz".

Seguir em frente

Ontem eu recebi pelas atualizações dos blogs que sigo, um vídeo que estava postado no "Minha pele é melhor que a sua", blog da Dra. Luciana. De cara, o título me chamou a atenção: Diário da gestação de um bebê com anencefalia.

Update: vi hoje que ela retirou o vídeo do blog, porque algumas leitoras, grávidas, ficaram ansiosas... vou procurar depois no YouTube e compartilho, ok?

Pois bem, o vídeo em questão mostra - em fotos - os 4 últimos meses da gestação. Não adentrando o mérito, mas aquilo me tocou. Como o texto do início fala, enquanto se discute o aborto em casos semelhantes, sob o prisma religioso ou jurídico, ninguém imagina o que se passa entre o casal, a família de ambos, seus amigos. São sonhos que não vão se concretizar... é a certeza de uma certidão de nascimento com óbito já averbado, horas após o parto.

Ainda sim, essa mulher deu curso à vida, e vibrou com os "espasmos" do feto no útero, comprou bichinhos de pelúcia e sabe-se lá mais o que... pariu naturalmente, e deixou que as previsões se concretizassem, absolutamente consciente. Quanto desprendimento, nossa!

Esse processo do casal, de decisão em aceitar levar adiante a gestação de "Esther" (o nome da criança), de alguma forma, mexeu comigo (noutra seara, obviamente), com sentimentos que eu julgava sepultados em mim, com o perdão do trocadilho. Mas isso é assunto para outro post... ou, quem sabe, somente para o diário...

terça-feira, 13 de março de 2012

Dancing with myself

Recordo-me de ter ouvido essa canção... n'algum momento da minha vida. Porém, prestei atenção na letra quando vi uma interpretação do casting do Glee. 

Daí hoje, enquanto eu tentava - em vão - não me aborrecer com o fato de que tenho levado mais de 1h no trajeto casa/escritório, toda manhã, a música tocou no rádio (versão original).

Como a minha vida pode ser contada através das letras de um sem-número de canções, mais um punhado de refrão para a coleção:

Oh dancing with myself
Oh dancing with myself
Well there's nothing to lose
And there's nothing to prove
I'll be dancing with myself
 
Oh, oh, oh dançando comigo mesmo,
Oh, oh, oh dançando comigo mesmo.
Bem, não há nada a perder
E não há nada a provar,
E estou dançando comigo mesmo
 
Curiosidade mata, eu sei, mas compartilho o vídeo da interpretação do Glee, para você saber de que música estou falando. Quer um conselho? Quando estiver sozinho, solta o som e se joga. Dance consigo mesmo, você não tem nada a perder nem nada a provar, ok?

Para quem recebe via e-mail: http://youtu.be/qAja338UQ-I

segunda-feira, 12 de março de 2012

O sábado da #pizza.Brasil

Sábado foi dia de #pizza.Brasil lá em casa. Por sinal, eventos desse tipo aquecem a minha vida. Sério! 

Toda família é meio "Buscapé"... não tenho dúvidas. A minha, claro, não poderia ser diferente. Mas mesmo com as divergências, as maluquices, quando a gente se reúne - via de regra - vira uma bagunça boa de se ver, e viver!

No comando das fôrmas, tio Jorge garantiu a satisfação do pelotão. Por sinal, você vai na conversa, e quando percebe, comeu mais do que deveria. Registre-se, aqui, dois "ineditismos": vovô comendo à beça, bem caladinho e só "filando" as fatias; e Maria Eduarda, que chegou dizendo que não queria pizza, e lá pelas tantas estava sentada à mesa e só na cobrança pelos pedacinhos cortados. 

Aproveito o ensejo para agradecer as presenças ilustres do Germano (thanks for the wine), Milena (amizade é um amor que nunca morre), Ana (seus comentários pontuais e invariavelmente engraçados).

A casa - e a mesa de jantar - estava(m) como a mamãe gosta: lotada! Dani, faltou você e a Nat... rolou até "pizza de coxinha"!

Os paradigmas

O "caminho do meio" é o que ando buscando, nos últimos tempos. Sim, sim, já fui xiíta com relação a um montão de coisas, e extremamente condescendente com outras. Exemplo: odeio verde (a cor), mas não tenho uma explicação lógica para isso. E passei grande parte da vida rechaçando a ideia de um dia ser loira. Nunca, jamais e em tempo algum eu faria isso. Mas fiz, e foram anos de felicidade blond. rsrsrs

O amadurecimento, pelo menos no meu caso, flexibilizou alguns pontos de vista. A influência - positiva - das pessoas de convívio mais próximo modificou alguns dos meus gostos. Compreendi que, para refutar conscientemente algo, eu precisava conhecer, experimentar. Foi assim com tanta coisa, inclusive com crenças. Há uma década, certamente eu jamais teria laços de amizade com pessoas, por exemplo, de crenças "estigmatizadas", como umbandistas, espíritas, evangélicos.

Só que a inteligência está aí justamente para isso: quebrar paradigmas. A mãe da minha primeira afilhada é ligada às religiões africanas. Conheci na vida poucas pessoas como ela, em todos os sentidos. Por que me privar de um ser humano tão especial, simplesmente porque crê n'algo diferente do que eu? E a Nat, que mais me ensinou sobre fé e perseverança? É evangélica, e nem por isso nossos laços afetivos são menores. 

A explicação para tudo isso é tolerância, respeito. 

Eu passei uma vida inteira sem compreender as razões para o que se apresenta no mundo. Passei a enxergar com olhos questionadores, a partir do contato com o espiritismo. Aliás, desenvolvi essa tolerância justamente por causa da doutrina... e hoje tenho uma relação com o Poder Superior de uma forma muito própria, alheia, inclusive, aos "templos". 

A bem da verdade, não ando por aí falando sobre isso... nem acho necessário, já que creio e isso me basta. Se cada um fizesse a sua parte, em termos de respeito às diferenças e, principalmente, com tolerância, certamente teríamos um mundo muito diferente desse que se apresenta hoje.

sexta-feira, 9 de março de 2012

Se não consegue pessoalmente, aborda em sonhos

Acredito que contribuí, de uma forma ou de outra, para a vibe que me conduziu ao pior sonhos do qual tenho lembranças... ok, só não foi mais trash que o sonho no qual eu estava imersa numa piscina i-m-u-n-d-a, e ajudava a remover os corpos que estavam boiando na mesma piscina. #deleta

Quando digo que tenho parcela de culpa, é porque estou certa de que as minhas energias me conduziram àquele local, com aquela companhia. De fato, baixei a vibração e acabei me igualando, como não deveria nunca mais acontecer. 

Se eu fechar os olhos, posso me ver nitidamente caída sobre o asfalto, aos prantos, com uma sacola numa mão, a bolsa na outra. Até a dor é viva, mas não vou me permitir sentir. O resultado disso foi que acordei no meio da noite como se tivesse caído da cama, e quase não consigo retomar o sono. Ao levantar pela manhã, estava esgotada, exatamente como costumava me sentir antes.

No caminho para o escritório, com esse trânsito sem precedentes, cortesia da nossa amantíssíma prefeita, houve momentos em que pensei que ia desmaiar, de tão sem forças. Já tratei de me abastecer de açúcar, e algumas unidades de café... e, claro, muitas orações. 

O fato é que não adianta me chamar, pessoalmente ou em sonhos, porque eu não vou retroceder. Está nítido o mal que tudo isso causa, os danos à saúde física, mental e espiritual, e eu estou fora!

quinta-feira, 8 de março de 2012

A sapateira dos sonhos

Gente, eu "chorei glitter" (como diria a Marina Smith, do 2Beauty), quando vi essa sapateira... ainda mais, recheada de sapatinhos que, ai meu Deus, bem que podiam morar lá em casa!!!

A foto veio no post do Sanduíche de Algodão, sobre a promoção da Dakota lá no Facebook...

Já posso pedir para a irmã tipo assim, metade do espaço do quarto dela, só para fazer uma dessas para mim, já que no meu quarto não cabe absolutamente mais nada???

Porque, né? Cinderela é a prova viva de que um sapato pode mudar uma vida…. (frase do post do Sanduba)





Bonjour, mulheres!

Li a frase a seguir, num post no Facebook. A frase, por si só, faz um sentido imenso para mim... e tem valor ainda maior, por ser de uma papisa da moda, uma divisora de águas, Coco Chanel.

Se você, minha querida leitora, ainda acha que sair de casa de chinelos, cabelos desgrenhados e sem pelo menos um batonzinho que seja, reveja seus conceitos! Basta lembrar a propaganda atual d'O Boticário: chegue LINDA!

"Eu não entendo como uma mulher pode sair de casa sem se arrumar um pouco - mesmo que por delicadeza.

É melhor estar tão bonita quanto for possível para o destino"

(Coco Chanel)


(sobre a foto, quer dizer: "Mantenha a calma. Não há nada que um novo par de sapatos não possa resolver!" ...qualquer semelhança comigo é mera coincidência, rsrsrs)

quarta-feira, 7 de março de 2012

Caixinhas e chaves

As caixinhas repousam aqui, dentro de mim, fechadinhas. Uma ou outra, vez em quando, destranca-se e revela seu conteúdo, nem sempre polido, quase sempre em momentos inoportunos. Ferem a mim, aos que prezo, e causam transtornos nem sempre contornáveis.

Com a terapia, comecei a entender que detenho todas as chaves, sim; porém, não posso ter controle de tudo, principalmente porque há conteúdos que têm vida própria, não se permitem enclausurar. Quando o fazem, não perdura, e o preço da prisão - ainda que temporária - é elevado.

Devagarinho, vou reordenando as caixinhas que devem ser abertas, prioritariamente, com cautela. Enquanto isso, vou administrando as que são rebeldes, de forma que, ao se revelarem, não promovam nenhum massacre, nenhum terremoto. 

Enquanto negocio com o meu orgulho um desarmamento pacífico, rezo para que aqueles que eu feri - por ação ou omissão - baixem igualmente suas armas, para um acordo diplomático. Se a paz mundial ainda é utopia, preciso dar uma parcela de contribuição para que a paz entre os "Lambert Brasil", por exemplo, seja palpável.

A desastrada e os cristais

Sempre fui desastrada, do tipo que bate o cotovelo no trinco da porta, o dedinho do pé nas quinas, os joelhos nas gavetas da mesa do escritório. Uma vida inteira assim, e hoje me limito a rir dos episódios quando acontecem.

Porém, sou estabanada com coisas que merecem cuidado e atenção. Não faço por mal, e ontem percebi que esse jeito de estragar tudo é uma forma torta de me proteger, de manter as defesas em alerta. Isso tem nome: autoboicote.

A verdade é que passei tanto tempo acostumada com muito pouco ou quase nada que, ao passo em que quero mais que tudo, não me sinto merecedora do que recebo. É como se alguém me presenteasse com um cristal, e eu derrubasse assim que o tivesse nas mãos. Foram anos recebendo plástico e acrílico resistentes.

Mas eu não quero uma vida de plásticos. Quero a segurança de estender as mãos para receber o cristal, sem medo, sem conceitos prévios. Simplesmente sorrir, agradecer e manter a integridade da peça. Esse medo irracional, não, eu não quero, estou dispensando. 

O melhor nessa vida é que eu encontrei quem percebeu que sou desastrada, mas tem um estoque de peças de cristal e muita, muita paciência. Só quero poder retribuir, de alguma forma, e vou começar reiterando meus sinceros pedidos de desculpas, agradecendo pela sensação de proteção e carinho que eu não me recordo de haver vivenciado igual, antes.

terça-feira, 6 de março de 2012

Elogio fulminante!

Voltando do restaurante onde almocei com a Socorro, conversávamos quando, de repente, um homem surgiu do nada. Olhou e apontou para mim, dizendo:

- Moça, sabia que você é deslumbrante?

...agora, pergunte se eu lembro o assunto que estava conversando, naquele instante? Como diria a Fernanda, acho que até perdi o jeito de andar.

Amigos-anjos

Amigos são de fato maravilhosos. Tenho uma sorte danada, por sinal.

Bastou mudar o status do Facebook, postar sobre novidades de vida aqui no blog, para chover mensagens de texto no celular, no MSN, no próprio Face, rs. Como é reconfortante saber que tem gente torcendo pela nossa felicidade. 

Ah! e um detalhe curioso... os amigos respeitam nossas escolhas - ainda que equivocadas - enquanto esperam que tudo se modifique. Foi isso que percebi: os olhares não eram reprovadores, talvez fossem de dó, mas nunca de condenação. Agora, sentem-se aliviados e à vontade, para comunicar que rezavam pela minha felicidade.

Não posso reclamar da vida, tampouco lamentar o passado. Devo, sim, ser grata pelos muitos anjos que Deus enviou para cuidar de mim. Dar-lhes a atenção merecida, sempre que possível, ainda que distante. 

Podem estar longe dos olhos, mas estão sempre perto do coração.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Uma vida no plural

Hoje, ouvi duas coisas interessantes, da mesma pessoa. 

Ela entrou no meu quarto, abraçou-me e olhou de um jeito bem interrogador. Na hora, eu sabia que tinha a ver com o status do Facebook... tratei de esclarecer que não era mais do mesmo, mas sim um novo caminho, uma nova história. 

O olhar de alívio, e a frase, tudo o que se seguiu foi engraçado... segundo ela, quando viu ontem o status, sem a informação de quem se tratava, temeu pela minha saúde mental, por um retrocesso.

Rimos da situação, e, ato contínuo, ela me veio com a outra observação: quando DEUS leva embora algo, há um propósito. No meu caso, Ele levou o dissabor, e trouxe o sorriso que brota fácil, sem esforço. 

E eu que já havia desacreditado em delicadeza, atenção, carinho, afeto... em "nós", ao invés de "eu". Conjulgar verbos na primeira pessoa do plural. 

sexta-feira, 2 de março de 2012

O tabuleiro

Ora, ora, ora... o que mais seria a vida senão um imenso tabuleiro, com casinhas cujas mensagens determinam avanço ou retrocesso... tudo a depender dos dados lançados. 

A combinação pode ser favorável, ou não. Há casinhas em que a mensagem é "passe a rodada", ou ainda "volte 'x' casas".

É conveniente não se iludir: quem joga os dados não somos nós. Somos apenas os peões nesse tabuleiro.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Opinando...

Ao longo da vida, as opiniões que temos sobre certos assuntos vai se modificando. Isso se chama maturidade, e tem tudo a ver com experiência. Mas não me recordo de um só dia em que tenha pensado em criança como mecanismo de barganha, de satisfação de desejos egoístas, ou forma de prender alguém.

Parir significa - ou pelo menos deveria - assumir uma [enorme] responsabilidade eterna, sem descanso. Não é - ou não deveria ser - decisão unilateral, tampouco se prestar a satisfazer caprichos. Pior ainda, o mais utilizado de todos: segurar homem.

O compromisso de gerar um ser precisa ser programado, bem pensado, e aceito por ambas as partes. Filho não "põe juízo" na cabeça de ninguém, não garante casamento, tampouco felicidade. Creio que um sem-número de "fêmeas em idade fértil" possui uma visão romanceada da maternidade... mas quem já viu de perto sabe que a realidade é punk, e imutável. 

Honestamente, um filho não cabe na minha rotina atual. Um dia, quem sabe, mas dentro de condições extremamente propícias e bem discutidas. Não acho justo uma criança crescer sem pai, no sentido amplo da expressão. Sim, porque eu sou um exemplo de "crescer sem pai". Tê-lo sob o mesmo teto não significou que estivesse presente, ou fizesse uma diferença positiva. "Ser" pai é abrangente, envolve esforço e dedicação. Mais ainda: é uma escolha, e há de ser consciente.

Quisera metade das mulheres enxergasse as coisas menos cor-de-rosa, porque de fato não o são. Provavelmente, os consultórios de psicoterapia estariam menos abarrotados, haveria menos desamor no mundo. 

... esse post é um oferecimento de uma frase absurda que li no Facebook.

Just remember

Ontem fui dormir pensando nas reviravoltas dessa vida. Caramba, em tão pouco tempo, as coisas tomaram rumos distintos e muitas recompensas se apresentaram sorrindo, como se estivessem estado sempre ali, aguardando o meu sinal para se fazerem presentes.

Quando eu ouvia as observações dos outros, ou pensava nos exemplos próximos a mim, duvidava que fosse funcionar no meu caso. Ledo engano; a verdade é que os outros estavam certos, eu é que me recusava a abrir mão do que me maltratava.

Creio que tudo começou com o carro, depois a tv, depois o mau relacionamento. Nossa, como o apego entrava o crescimento, a fluidez da vida. Eu mesma vinha trancando as portas e janelas, ao passo que chorava por não conseguir ver a luz do dia; só que a chave repousava sobre a mesa, ao alcance da vista, das mãos, enquanto eu me recusava a pegá-la e destrancar tudo.

O que quero dizer com isso é que estou encantada com os rumos que aceitei tomar. Claro, a iniciativa louvável do cupido, o timing de um certo alguém, a conjuntura que conduziu ao que temos agora.

Percebi que tenho muitas perguntas, sobre muitas coisas, e pretendo fazê-las... desde que você me ensine como. Ah! eu tenho uma canção para isso... uma trilha sonora... mas vou aguardar para divulgar, rsrsrs.