segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

A observadora: aprender e ensinar, um ciclo produtivo!

"Não acredite em algo simplesmente porque ouviu. Não acredite em algo simplesmente porque todos falam a respeito. Não acredite em algo simplesmente porque esta escrito em seus livros religiosos. Não acredite em algo só porque seus professores e mestres dizem que é verdade. Não acredite em tradições só porque foram passadas de geração em geração. Mas depois de muita análise e observação, se você vê que algo concorda com a razão, e que conduz ao bem e beneficio de todos, aceite-o e viva-o." (Buda)

N'alguns casos, o tempo [a.k.a  "maturidade] ensina que o método de repetir/perpetuar - hábitos, tradições, erros, comportamentos - é um caminho bem asfaltado que conduz ao fracasso. Lembro bem o dia em que, conversando com o dono da empresa (que não é advogado), ao questioná-lo sobre um determinado caso, ele se aborreceu e retrucou, dizendo: "-se eu preciso 'ensinar' isso a você, então é melhor que eu mesmo faça." 

Calmamente, respondi que o conhecimento teórico, a faculdade havia me dado, os livros, os portais de pesquisa de jurisprudências, tudo isso era capaz de me fornecer informações; porém, se ele se recusasse a compartilhar a vivência, a experiência de anos lidando com casos do tipo, então não faria sentido o meu trabalho. Em verdade, bastaria uma esteira de produção que repetisse além, e além, e além.

Ciente de que cada processo é único, e as situações jamais se esgotam, ele assentiu e me pediu desculpas, passando a tratar dos casos na sequência.

Pois bem, há algumas semanas, enquanto conversávamos sobre amenidades - a cafeteira nova da sala dele, uma lesão no dedo que ele havia sofrido - veio à baila um processo bem sui generis, posto que fora trabalhado incansavelmente: de uma sentença de improcedência, mantida pela Turma Recursal, recorrida à instância superior (não antes de um agravo para "destrancar" o recurso na origem), e finalmente anulada e modificada, para conceder o benefício à autora. Confesso que, em segredo, temi pela não-reversão; mas mesmo assim, não desisti. 

Para minha surpresa, houve um reconhecimento do esforço, da dedicação, em palavras gentis: "-você se tornou especialista." Sim, é verdade, eu me dediquei, perguntei, discuti, retruquei, e aprendi. Porque só os idiotas olham para seus umbigos e se julgam perfeitos, a ponto de ignorar uma experiência bem sucedida, ou um comentário construtivo. 

Aprender é um verbo que deve ser conjugado, diuturnamente. É como costumo dizer no escritório: não é porque eu sou a advogada, que vou me isolar e perder a oportunidade de observar, perguntar, adquirir novos conhecimentos, incorporá-los, seja na vida profissional, seja na vida pessoal. Como você acha que aprendi a trocar lâmpadas, resistência de chuveiro, consertar coisas, identificar problemas no carro???

"Eu não vim até aqui para desistir agora"

Imagem daqui
"Quando você decidiu que uma coisa tem que ser feita, e a está fazendo, nunca evite de ser visto fazendo-a, mesmo que uma multidão possa provavelmente julgá-la inapropriada. Pois se você não está agindo corretamente, evite o ato em si; se estiver agindo corretamente, no entanto, porque temer a censura errada?" (Epicteto)

Tivemos um ano em que os alertas foram muitos, e ignorados, daí a necessidade de posicionamentos mais claros de nossa parte, com cada vez menos espaço para interpretações flexíveis. Em 2014, não haverá mais gentileza, sutileza ou omissão diante de certos acontecimentos, porque as premissas já se delinearam da segunda quinzena de dezembro, e a tendência é um rigorismo ainda maior. Já chega de ser idiota, chega de via de mão única. 

A despeito da inexistência [física] de uma demarcação, o bom senso alertava em linhas pretas e amarelas. A violação dos limites, o ato de burlar as regras de conduta, geram consequências. E seguirão gerando.

"Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das conseqüências." (Pablo Neruda)

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

A observadora: abandono afetivo, coabitação e afins.

Em 2012, muito se falou acerca da decisão da Ministra Nancy Andrighi, da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, que condenou um pai a indenizar a filha em R$ 200.000,00 por abandono afetivo; inclusive, uma frase ficou famosa: "Amar é faculdade, cuidar é dever." Em seu voto, ela ainda destacou: "Aqui não se fala ou se discute o amar e, sim, a imposição biológica e legal de cuidar, que é dever jurídico, corolário da liberdade das pessoas de gerarem ou adotarem filhos".

Quando me refiro aqui no blog, tantas vezes, sobre as questões relacionadas ao cuidado, falo com propriedade, pois sei exatamente o que é abandono afetivo, a despeito da coabitação, assim como sei a diferença entre educar e agredir... porém, entre a experiência e o discernimento, anos se passaram e muita terapia foi necessária.

Coabitar não é, nem nunca foi, sinônimo de carinho, atenção, zelo ou, tampouco, educação. Dormir e acordar sob o mesmo teto não significa amar ou cuidar. Educar não é mandar para a escola, não é espancar, é estabelecer limites e regras. Como disse Pitágoras: "Educai as crianças e não será preciso punir os homens."

Há algum tempo, quando passei a conviver mais de perto com crianças, compreendi que são os exemplos - aquilo que fazemos, a forma como reagimos aos fatos e acontecimentos - que ficam marcados, muito mais do que aquilo que dizemos; especialmente se a lei do "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço" predominar. Experimente dizer a uma criança que "refrigerante não é saudável" e, não importando quanto tempo depois, delicie-se com um copo do líquido bem gelado. E se for acompanhado de expressões de satisfação, deleite, você saberá exatamente do que estou falando!

Quero deixar claro aqui que o fato de optar por não procriar, não me isenta de ter que me policiar... tenho afilhadas, sobrinhos, filhos de amigos e amigas... a convivência, em diferentes níveis de relacionamentos, exige graus maiores ou menores de certos cuidados. Sou muito observadora, e devo creditar a isso o fato de que absorvo bons exemplos e filtro maus, retendo experiências cujos resultados são comprovadamente satisfatórios.

Bom, mas a intenção do post era registrar que o abandono perpassa o conceito de coabitação ou convivência; ações e omissões, em verdade, tendem a ser infinitamente mais prejudiciais do que a ausência de amor propriamente dita. E "amor" é tema para outro post, rsrs.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Pretty cute!

Discutindo sobre compras necessárias, João se dispôs a realizá-las; argumentei que, na contabilidade desse relacionamento, eu estava em débito financeiro.
Eis que, mais uma vez, ele me surpreendeu...
Como não amar?

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

"Se nos meus braços ela não se aninha, a dor é minha"

Durante a apresentação do último show da turnê "Verdade, uma ilusão", realizado no Siará Hall em Fortaleza no último dia 07/12, e logo após ter cantado "ECT", Marisa Monte explicou ao público que essa música, eternizada na voz de Cássia Eller, na verdade é dela, de Nando Reis e Carlinhos Brown. Por sinal, ao explicar a relação que teve com a cantora, MM disse algo que me marcou profundamente, especialmente em razão da música que cantou em homenagem à falecida intérprete.

Marisa disse que saudade não é quando se sente a falta de alguém, mas sim quando se sente a presença; saudade é sentir a presença de quem está ausente... e cantou "De mais ninguém", composição sua e de Arnaldo Antunes.

Foi impossível não associar, imediatamente, a letra àquela que nos deixou, após um ciclo de doze meses de existência encarnada. E hoje, ao tomar conhecimento do passamento de outra menina - Ana Cecília - em razão da mesma doença, a "trilha sonora" ressoa aqui, em mim.


"Se ela me deixou, a dor
É minha só, não é de mais ninguém.
Aos outros eu devolvo a dó
Eu tenho a minha dor.
[...]
É meu troféu, é o que restou,
É o que me aquece sem me dar calor.
Se eu não tenho o meu amor,
Eu tenho a minha dor
A sala, o quarto, a casa está vazia,
A cozinha, o corredor.
Se nos meus braços ela não se aninha,
A dor é minha."

A nós, que ficamos, resta sentir a presença, orar e agradecer os [poucos, porém] bons momentos em que nos foi permitido compartilhar da existência de espíritos como Letícia e Ana Cecília, e tantos outros que vieram ao mundo por um instante, mas que nos marcaram para toda a eternidade. 

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Vamos celebrar a estupidez humana

Conversava com uma amiga acerca da repercussão do post Novos cenários, e o quinto pecado capital, quando fui gratamente surpreendida com um comentário/pedido: - posso lhe dar um conselho? continue com suas publicações.

Isso reforça a ideia que tenho, acerca das benesses de uma rede de informações compartilhadas, com vistas à melhoria das relações interpessoais, especialmente quando diz respeito a crianças. Aqui cabe, ainda, uma ressalva: não é preciso ser mãe para compreender que educação vai muito além de ensinar a agradecer e pedir licença. 

Imagem daqui
Todos convivemos com crianças. Basta ir ao shopping, ao restaurante, às celebrações, e lá estão elas. E pouca coisa é mais irritante do que presenciar um(a) mini-tirano(a) aos berros por ter sido contrariado(a). Daí porque a observação faz toda a diferença... é vendo como pais se viram para impor limites que a gente pode aprender e replicar o método. Troca de experiências.

A jornalista Pamela Druckerman usou da observação, dos questionários, e dos conhecimentos que a profissão lhe deu para escrever "Crianças francesas não fazem manha" (aqui há um "resumo" do livro). Nas palavras da própria:

"Estou convencida de que os segredos da criação francesa estão escondidos ao alcance dos olhos. Só que ninguém os procurou antes. Começo a levar um caderno na bolsa de fraldas da minha filha. Cada ida ao médico, jantar, encontro para as crianças brincarem e teatro de marionetes se torna uma chance para eu observar os pais franceses em ação e descobrir as regras tácitas que eles seguem."

O fato de não ter filhos não significa que não posso  ter uma opinião e escrever sobre ela. Ora, raios, a Constituição Federal me protege nesse sentido! Além do mais, quem não se importa com aquilo que vê de errado, erra junto É a famosa omissão, talvez a forma mais antiga e vil de compactuar, numa demonstração clara de isenção e falta de carinho. Quem nunca ouviu dizer que "quem ama, educa"?

Sou partidária da ideia de que os absurdos que vemos nos noticiários são, em parte, consequência do abandono afetivo, moral e ético; e aí eu me pergunto: em vinte anos, que tipo de sociedade teremos? O mundo não ensina com amor, apenas pune, e com rigores excessivos; e vai adiantar chorar o leite derramado?

Em suma: não seria mais inteligente se, ao invés de combater o que se lê, o que se ouve, simplesmente parasse para fazer uma análise pessoal? Por que se recusar a observar as boas práticas, mundo afora? [Mesmo não querendo ter filhos] Sou tão grata por conviver com mães como a Socorro, a Flávia, a Vanessa, a Juliana... mulheres atarefadas, inteligentes, abertas às novidades e ponderações, visando o bem-estar de suas proles e, consequentemente, o da sociedade na qual estão inseridas. 

Por um mundo com menos birras, especialmente as advindas dos adultos de hoje (crianças de ontem).

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Opinião, inteligência e sabedoria

"Mudar de opinião e seguir quem te corrige é também o comportamento do homem livre." (Marco Aurélio)

"O universo é a mudança, a vida é o que o pensamento faz desta mudança." (Marco Aurélio)

"O dever nasce da exata compreensão da responsabilidade que nos cabe em relação às luzes que de Deus recebemos." (Adélia Macedo Soares)

Durante muito, muito tempo nessa atual existência, desperdicei importantes e valorosas lições de vida, em razão da cegueira fomentada pela vaidade e pelo orgulho. Se eu dissesse aqui que em 100% das vezes, atualmente, apreendo a totalidade das vivências, estaria mentindo; ainda me flagro guerreando, internamente.

Uma coisa a terapia deixou cristalina: a sabedoria reside em aprender, e jamais desistir de melhorar. Uma frase - atribuída a Augusto Cury - diz: "uma pessoa inteligente aprende com os seus erros, uma pessoa sábia aprende com os erros dos outros." De fato, grande parte dos erros que cometi foram mestres inigualáveis; ao passo que a observação cotidiana tem me preservado de outros tantos, desnecessários. O equilíbrio entre ambos permite algum progresso, rsrs.

Desde pequena, fui me treinando - ou sendo treinada pela vida - a saber o que queria e não queria ser, ter, fazer e afins. Possivelmente, o fato de não me relacionar com beberrões, não ser uma, entre outras coisas, foi decorrência daquilo que vi e vivi, e a sabedoria reside no fato de ter presenciado cenas lastimáveis, e compreender a a desnecessidade de tomar porres para experimentar o caráter didático.

Então, ao invés de me limitar a reclamar ou enfurecer, observo e aprendo; claro, compartilho aqui no blog as experiências, as vivências, as opiniões... fica a critério do leitor sair por aí falando mal de mim, por divergir do que escrevo, ou usar a experiência para evitar erros. Se Voltaire já defendia o direito de [manifestar] opinião, quem sou para discordar?

Em suma: a real sabedoria reside no ato de enxergar o propósito da observação, refletir e aplicar, ao invés de rejeitar preliminarmente, pelo simples fato de advir de alguém que pensa diferente. 

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Novos cenários, e o quinto pecado capital.

O meu "desconfiômetro" funciona bem ajustado. Credito uma parcela disso à espiritualidade e seus "avisos", e respeito quem não acredita nessa possibilidade.

Enfim, o fato é que o sol nasce e se põe, every single day, e algumas coisas parecem congeladas no tempo... 

Pois bem, quem passa por aqui, vez por outra lê algo sobre a minha história com João, e como Deus junta as pecinhas na hora e no tempo Dele, não no nosso; lê também alguns desabafos; mas, principalmente, toma ciência de abusos e despautérios que parecem roteiro de novela.

É bem verdade que, desde o início, ambos estávamos cientes de que não seria simples, não seria fácil, e que seriam necessários mecanismos bem estruturados de proteção e bloqueio. Confesso que, apesar dos alertas por parte dele, subestimei a capacidade de algumas peças do jogo...

Explico: quando você vê feliz alguém que você [teoricamente] ama, vai rezar para que isso se perpetue, concorda? Mas quando, por algum motivo velado, quem deveria "estar feliz pela felicidade alheia" começa a agir de modo a prejudicar - e até tentar pôr fim ao motivo da felicidade - descaradamente, sob as mais diversas "desculpas", acende um alerta.

O fato é que a terapia descortinou alguns véus que eu sustentava, especialmente quanto às figuras centrais, na minha vida e na dele. Hoje, enxergo a verdade, nua e crua, apesar de, em razão disso, carregar aqui dentro uma melancolia sem fim. É duro desconstruir em mim, e para ele, alguns personagens tidos por intocáveis ou heróis, mas se faz necessário: questão de sobrevivência.

Há outras figuras que, a despeito da minha opinião pessoal já formada e baseada nas atitudes prévias, passam a impressão de que não sabem o real lugar que devem ocupar. É como se não tivessem se dado conta da ruptura estrutural, e seguem tentando manter as situações como se o tabuleiro seguisse ordenado de uma forma "x".

Não adianta colocar água em vaso com planta morta. É tão difícil assim enxergar isso???

Ultimamente, diante das escolhas que temos feito, a loucura/paranoia/histeria tem ficado, dia após dia, mais evidenciada e cristalina; ao contrário do que julgam os que assim agem, ao fazê-lo, findam por reforçar em nós as certezas e os diagnósticos. Diante da irreversibilidade da situação, pergunto: não seria mais inteligente simplesmente aceitar o novo status quo?

Como diria a música:
I'm bulletproof nothing to lose
Sou à prova de balas, nada a perder
Fire way, fire away
Atire, atire
Ricochet, you take your aim
Recocheteiam, você acerta o alvo
Fire away, fire away
Atire, atire
You shoot me down but I won't fall
Você me derruba, mas não vou cair
I am titanium
Eu sou de titânio