quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

A observadora: abandono afetivo, coabitação e afins.

Em 2012, muito se falou acerca da decisão da Ministra Nancy Andrighi, da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça, que condenou um pai a indenizar a filha em R$ 200.000,00 por abandono afetivo; inclusive, uma frase ficou famosa: "Amar é faculdade, cuidar é dever." Em seu voto, ela ainda destacou: "Aqui não se fala ou se discute o amar e, sim, a imposição biológica e legal de cuidar, que é dever jurídico, corolário da liberdade das pessoas de gerarem ou adotarem filhos".

Quando me refiro aqui no blog, tantas vezes, sobre as questões relacionadas ao cuidado, falo com propriedade, pois sei exatamente o que é abandono afetivo, a despeito da coabitação, assim como sei a diferença entre educar e agredir... porém, entre a experiência e o discernimento, anos se passaram e muita terapia foi necessária.

Coabitar não é, nem nunca foi, sinônimo de carinho, atenção, zelo ou, tampouco, educação. Dormir e acordar sob o mesmo teto não significa amar ou cuidar. Educar não é mandar para a escola, não é espancar, é estabelecer limites e regras. Como disse Pitágoras: "Educai as crianças e não será preciso punir os homens."

Há algum tempo, quando passei a conviver mais de perto com crianças, compreendi que são os exemplos - aquilo que fazemos, a forma como reagimos aos fatos e acontecimentos - que ficam marcados, muito mais do que aquilo que dizemos; especialmente se a lei do "faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço" predominar. Experimente dizer a uma criança que "refrigerante não é saudável" e, não importando quanto tempo depois, delicie-se com um copo do líquido bem gelado. E se for acompanhado de expressões de satisfação, deleite, você saberá exatamente do que estou falando!

Quero deixar claro aqui que o fato de optar por não procriar, não me isenta de ter que me policiar... tenho afilhadas, sobrinhos, filhos de amigos e amigas... a convivência, em diferentes níveis de relacionamentos, exige graus maiores ou menores de certos cuidados. Sou muito observadora, e devo creditar a isso o fato de que absorvo bons exemplos e filtro maus, retendo experiências cujos resultados são comprovadamente satisfatórios.

Bom, mas a intenção do post era registrar que o abandono perpassa o conceito de coabitação ou convivência; ações e omissões, em verdade, tendem a ser infinitamente mais prejudiciais do que a ausência de amor propriamente dita. E "amor" é tema para outro post, rsrs.

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