quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Fui criada para ser marido!


Ontem, antes de dormir, marido e eu conversávamos sobre nossas criações; provavelmente, o único ponto em comum seja o fato de termos sido "treinados" para ser irmãos mais velhos

Boa parte da minha vida, não consegui aceitar muito bem o fato de ter que servir como "exemplo", de ser medida e julgada por ter nascido antes dos meus irmãos, com o agravante de ter sido educada por uma mãe machista. Sim, mamãe é do tipo que diz que mulher tem que lavar a louça, e homem tem que lavar o carro.

O fato é que nada, nada mesmo acontece por acaso... e ter tido um pai que insistiu em fazer de mim um "filho", facilitou um bocado a vida nos anos seguintes, e facilita até hoje. Convenhamos que não é muito comum um pai ir consertar a torneira da pia da cozinha, e chamar a filha; ele chama o filho, ora bolas! Lá em casa não foi bem assim, e o resultado foi uma independência bem fora do comum.

Mas o que é mais estranho nisso tudo é que, mesmo tendo sido criada por uma mãe machista, ela mesma jamais me disse que eu cresceria para ser pau-mandado, ou para esquentar o umbigo no fogão e esfriar no tanque. Pelo contrário, fui incentivada a ser independente... até hoje, ela diz que o melhor marido é um bom emprego. 

Lembro bem o fato de que muito do que eu sei hoje, em termos de atividades domésticas, aprendi simplesmente observando; ah, sim, eu sei costurar e arranho um ou outro ponto de crochê, provavelmente ainda consiga decorar um bolo, mas isso foi obra da minha avó Francisca... mamãe até faz, mas como eu disse antes, não julgou pertinente me ensinar tudo isso. Se você me perguntar qual corte de carne é melhor para isso ou aquilo, talvez eu saiba de um ou dois; mas me pergunte sobre trocar lâmpadas, resistências, instalar equipamentos, identificar um barulho estranho no carro... rsrs.

Daí - retomando o início do post - marido e eu chegamos à conclusão de que, em essência, eu fui treinada para ser marido, e não esposa, rsrsrs, na visão mais tradicionalista e patriarcal possível. Decorreu então uma conclusão minha: sou especial, justamente por ser tão diferente... e num mundo tão cheio de gente mais do mesmo, ser autêntica incomoda [os outros]. E se causa incômodo, vira alvo de combate. Só que - sinto muito - eu cheguei para ficar. 

Veni
Vidi
Vici