sábado, 30 de outubro de 2010

Crepitando

Não sei se dormi depois de tudo o que aconteceu. Mas senti dores pelo corpo, que me obrigaram a deixar a cama por volta de 10h, após muitas tentativas de voltar ao sono. Liguei novamente o celular, uma mensagem de texto, outra de voz. 

Meu coração parece aquele brinquedo, Pula Pirata, cuja graça é ir enfiando espadinhas num barril, torcendo para que o pirata não pule. Pois bem, troque o barril por um coração à míngua; as espadinhas, por lembranças, gestos, atitudes, telefones tocando, mensagens de texto. Até agora, o barril vem sendo espetado, e o pirata não pulou.

Após salvar algumas das fotos do orkut, deletei os álbuns, suprimi o status. E decidi que precisava cremar algumas coisas. Juntei diversas cartas, de várias situações diferentes, cartões de ex, e coloquei tudo na bandeja que fiz quando esse namoro completou 1 ano. Madeira + papel + álcool + fósforos riscados = exorcismo de mim mesma. O vento espalhou as cinzas, e eu, pacientemente, tentei varrer. Não funcionou. Dá-lhe água, e assim fiquei lavando o quintal, ouvindo a crepitação dos papéis, da bandeja.

O saco com as cinzas, o resto da bandeja, são o expurgo da dor. Preciso, infelizmente, de símbolos, para conseguir continuar o caminho. Aquele saco representa a minha limpeza interior, ou pelo menos o início dela. 

Agora a pouco, o desespero me consumiu novamente. Permiti a mim mesma deixar fluir toda a dor que lascina aqui dentro; chorei alto e compulsivamente. Rezei. Tudo em mim dói, como se meu corpo físico tivesse sido moído num processador de carnes. Preciso dormir, quero descansar.

Mentira! Eu quero fugir de mim mesma, da minha consciência, de tudo que há em mim que insiste em lembrar dele.

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