terça-feira, 6 de novembro de 2012

Vida, autoimagem e sentimentos

Estou reaprendendo a viver. É fato. Sabem como me sinto? Quase como alguém que estava em coma há muito tempo, e despertou, tentando a cada instante de cada dia, sorver informações sobre o interregno em que estava fora do ar.

Eu me surpreendo - ou sou surpreendida - repetindo quase que automaticamente pensamentos e comportamentos nocivos [a mim e a terceiros]. Em meio a tanta coisa nova, tendo me adaptar a situações das quais pretendo desfrutar eternamente. Receber elogios, por exemplo.

Não é segredo que tenho uma autoimagem distorcida. É tão arraigado, que a terapia sequer conseguiu abrir a tampa do sepulcro onde jazem esses sentimentos todos. Simplesmente não enxergo o que as outras pessoas vêem tão claramente. 

Combato [quase que sem forças] os galanteios do amado. E querem saber o que é mais genial nisso tudo? Ele não desiste, ao contrário, insiste em proporções nunca antes imaginadas. Quando reclamo do cabelo, ele retruca; quando comento "ah, estou gorda", ele lista uma série de observações lógicas que contradizem o meu comentário. Enfim.

No escritório mesmo, as pessoas chegam a mim para perguntar como consegui emagrecer, laureando os esforços, ao passo que ruborizo, tamanho o constrangimento. Sempre digo "ah, foram só 4kg". Invariavelmente, recebo como resposta um olhar reprovador, que diz "4kg é muita coisa". O coro, uníssono, junta-se às roupas folgadas, ao bom caimento de outras que não serviam há tempos, e ao mostrador da balança. Ok, eu admito, houve uma melhora externa significativa. 

Quero mais: 4kg a menos na balança, um manequim a menos nas roupas. 

Desperdicei tempo e energia desnecesários, porque o que eu queria atender não era um chamado interno; eu queria me adequar às imposições. Claro que não funcionou, e nunca vai funcionar, para mim e para ninguém. João nunca me cobrou, e agora cobra menos rigor comigo mesma. Palavras dele "quem gosta de espeto é churrasqueiro, e você nunca foi gorda". 

É tudo novo... ser elogiada, emagrecer sem cobranças externas, ser amada sem condições impostas, pelo que sou interna e externamente, não por uma fantasia egoísta e inatingível. Estou em processo de adaptação, mas de forma positiva. Estamos - eu, João e a terapeuta - empreendendo esforços para abrir essa catacumba, para revolver tudo por ali...

A reason to start over new...

Um comentário:

Suas ideias, muitas palavras...