quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Impressões pessoais sobre "50 Tons"

Esse bafafá todo em torno de "50 Tons de Cinza", por sinal um titulo inventado, posto que a tradução do original é "50 sombras de Grey"... hum, Grey é o sobrenome do personagem, cujo passado é um emaranhado sobre o qual muito pouco se sabe, com a leitura da primeira obra.

O fato é que a história em si é fantasiosa ao extremo. Mal comparando, é uma versão S&M de clássicos com plebéias de um lado e príncipes do outro. Provavelmente, a riqueza de detalhes com que a autora descreve os acontecimentos tenha provocado esse alvoroço na mulherada mundo afora.

Grey é o novo must-wished: bem sucedido, bonito, caridoso, generoso, fiel, cheio de hobbies caros e tipicamente masculinos (carros, helicóptero, aviões, etc.). Irreal, convenhamos. As sombras ficam por conta das preferências em termos sexuais. 

Creio que a empolgação feminina esteja intimamente ligada à ideia concebida de príncipe encantado... ele presenteia Ana com um Mac que sequer estava nas lojas, um Audi vermelho (por considerar o Fusca um carro perigoso), e um Blackberry. Sem mencionar roupas e afins, e toda a infraestrutura disponível nos finais de semana em que ela fica à disposição, digamos assim.

O ponto comum entre a história e as fantasias femininas, na minha opinião, é que toda mulher quer os galanteios, as vantagens, o carinho e o suporte emocional que ele proporciona. Conquanto a maioria se submete a grosserias, traições, e um sem-número de violências a contragosto, a contrapartida de Ana é a submissão consciente às preferências sexuais um tanto quanto toscas. A diferença crucial é que, no caso do livro, é consentido e visa, segundo Grey, o "prazer mútuo", com possibilidade de interrupção mediante uso de duas palavras-chave.

Ao passo que ele deixa claro que não manterá um relacionamento tradicional, outorga a ela a liberdade de escolha, o que na vida real não acontece, de fato. As algemas emocionais são invisíveis, e por essa razão, muitas vezes, inquebráveis.

Se quando crianças, as princesas Disney nos encantam com suas histórias de sofrimento, príncipes em cavalos brancos e finais felizes, quando adultas as peripércias de Steele e Grey incrementam o mito com luxúria. No final das contas, a gente quer acreditar que existem príncipes que virão nos resgatar das bruxas, madrastas, vilões e masmorras, e nos darão suporte emocional e financeiro, sem falar na filosofia do lobo da chapeuzinho, kkkk.

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