terça-feira, 29 de outubro de 2013

"Instinto maternal é só um outro preconceito"

Curto, porém lúcido, o texto a seguir é de autoria do Léo Jaime, e está disponível em http://gnt.globo.com/amor-e-sexo/leo-jaime/Instinto-maternal-e-so-um-outro-preconceito.shtml

25/10/2013 às 13:12

Instinto maternal é só um outro preconceito

ASSUNTOS: Relacionamento

ser mãe é uma coisa, ser mulher é outra

Ser mãe é uma coisa, ser mulher é outra. Não concordo que a mulher só se completa na maternidade ou que toda mulher tenha nela, como um dom da natureza, a habilidade de ser mãe. Na minha opinião este é apenas mais um preconceito. E, como qualquer outro preconceito, não deveria existir. Vejo mulheres precisando justificar o desinteresse em ser mães como esta escolha tivesse o peso de não querer mais tomar banho ou aprender a ler e escrever. A família cobra, os amigos, ela própria. Mas este não é o pior aspecto deste preconceito.

As mulheres que acabam por ter filhos, imaginando que é isto o que delas se espera, e não tendo a menor vocação para isto, é o que mais me assusta. A vida de muita gente é afetada por esta irresponsável decisão. Vejo casos de mulheres que não tem nem a sombra daquilo que costumam chamar de "instinto maternal" parindo filhos como se fosse a coisa mais simples do mundo. Para estas, de certa forma, é. Eu era jovem e tinha claro para mim que querer ser mãe é uma coisa e "querer ter um filho" era outra. Ser mãe é criar, é para o resto da vida. Parir é uma experiência curta. 

Ouço histórias todos os dias que me apavoram, ainda que não sejam histórias trágicas ou que resultem em crimes. A mãe que entrega o filho para outros da família criarem e não liga no Natal e nem no aniversário da criança. A outra que contrata uma empregada na segunda e na terça sai, deixando a filha de dois anos com a estranha e volta na quinta. A outra que vai visitar uma amiga, levando a filha de 4 anos, e sai com a amiga deixando a filha lá com uma empregada que a menina não conhece e sem avisar, nem a uma e nem à outra. Bobagens, né? Coloque-se no lugar das crianças.

E os pais? Como é que deixam seus filhos nestas condições? Pais tão negligentes quanto as mães que menciono aqui é o que não falta. Só que ninguém fala em "instinto paternal". Este é o foco: não supor que, por ser mãe, a criatura sabe e consegue cuidar direito de uma ou mais crianças. Do mesmo jeito que não supomos que um homem, por saber engravidar uma mulher, saiba ser pai. Não existe "instinto" nem para um e nem para o outro. Existem: responsabilidade, empenho, amor, dedicação, sensibilidade, compaixão,  brio, caráter e vergonha na cara. 

Instinto é outra coisa. 

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