quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Uma vida sem roteiro e cheia de significado

Há quase três anos, eu fui meio que trancafiada numa máquina de lavar... primeiro, um banho de água fria, seguido de sabão, e uma série de chacoalhões lavaram a alma de alguém bem acostumada às decepções, e descrente de que, um dia, a vida daria certo de verdade. 

Só que, se tem uma coisa que ninguém pode ignorar, é que no fundo do poço há uma saída de emergência; cabe a você decidir entre ficar lá no escuro, chorando, ou encarar os fatos e partir para a luta. Confesso que chorei por algum tempo, provavelmente só o suficiente para clarear as ideias.

Foi nesse intervalo de tempo que o João [re]apareceu na minha vida, e trouxe uma mochila carregada de calmaria, compreensão, carinho, e outra nem tão boa assim; coube a mim, com a ajuda da terapia, incentiva a abrir essa bagagem e classificar muita coisa... como a gente faz quando vai arrumar um armário: tira tudo de dentro, separa o que vai para o lixo, ou para doação, para só então guardar de volta o que vai permanecer, e deixa tudo organizadinho.

Claro que esse processo foi demorado, causou muito incômodo, afinal, mexer com o que estava quieto, mudar o status das coisas, tirou os envolvidos da zona de conforto, obrigando-os a rever conceitos, readaptar-se. Numa palavra: caos.

Só que a vida é mágica, meus caros. Ao passo que promovi tantas modificações, eu fui substancialmente transformada; eu me permiti ressignificar conceitos, valores, decisões, atitudes, e com isso [prefiro crer que] todos nós ganhamos. Quer dizer, muitos de nós, porque alguns personagens parecem ter optado por se manter engessados num passado morto e enterrado. Cremado, eu ousaria dizer.

E dentre as coisas para as quais não têm volta, não importa o quanto haja choro ou ranger de dentes, há uma decisão conjunta, que transformou a minha vida: abriu-se a janela do tempo, e nos 10 segundos que eu tive para decidir, fechei os olhos e me atirei, com fé e uma certeza que não pode ser traduzida em palavras, somente sentida. 

Devo confessar que, no calor da emoção, a impulsividade calou o medo, mas ele deu um jeitinho de sorrir de canto... afinal, quem nunca ouviu que casar é difícil, a convivência sob o mesmo teto é totalmente diferente, e outros tantos blah blah blahs? O segredo reside em não ignorar essa premissa, e trabalhar atentamente para manter o propósito de felicidade que abraçamos. 

Sejamos honestos: a criação de cada um, os hábitos cultivados por anos a fio, a personalidade, tudo adicionado ao caldeirão do cotidiano de contas a pagar, horários, listas, afazeres domésticos, parece uma mistura fadada ao fracasso.  But it's up to you... e nesse ponto, rendo graças a Deus por ter um companheiro, um parceiro, um cara cheio de defeitos com os quais eu consigo conviver, e que igualmente entende as minhas paranoias por limpeza, organização, e ri da minha pressa de resolver as coisas, dos meus chiliques. 

E mesmo tendo feito tudo na contramão da razão, estou convencida de que, mesmo fora dos padrões, a vida se organizou exatamente do jeito que deve ser, para nós dois. Numa relação que começou a três, mudar primeiro [e durante o mês de dezembro, que é um caos per si], casar no civil e só depois de 10 meses, realizar uma cerimônia, nem parece tão surreal assim né?

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