segunda-feira, 4 de agosto de 2014

O espetáculo e os bastidores da história

Quando ingressei nessa peça, os papéis principais já estavam definidos; só observava, de longe, guardando para mim as opiniões sobre a melhor entonação, a luz mais favorável, uma mudança aqui ou acolá no posicionamento, tudo para que transcorresse sem interrupções, e da forma mais adequada possível.

Até que, um dia, alguém pediu a minha opinião, e se interessou pelas anotações, resolveu se questionar o porquê disso ou daquilo. E gostou. E passou a perguntar mais e mais, a ouvir e prestar atenção. Ponderar. 

Imagem daqui
Quando me dei conta, nem era mais uma mera coadjuvante; estava "infiltrada" no roteiro, na contrarregra, na direção, na iluminação, na continuidade, enfim, trânsito livre nos bastidores. Mas ainda sim, consciente de que as decisões não cabiam a mim, nunca caberão. Entre a liberdade para fazer críticas, e a dificuldade de lidar com certas limitações, sigo a vida acreditando que sim, tenho contribuído, de alguma forma; útil, eu espero, rs. 

O espetáculo evolui, porque o público nem sempre é o mesmo, ou tem as mesmas reações. Aliás, tudo nessa vida encontra-se em constante mutação - uns evoluem, outros involuem - pois nada permanece congelado no tempo. O combustível, a recompensa, o objetivo, é sempre o aplauso; há dias de plateia de pé, efusiva, outros de parcos "clap, clap". 

Mas o show tem que continuar.


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