Eu presenciei o que, para mim, deve ter sido a parte mais difícil para uma mãe que perde um filho, e precisa dar a notícia a outro filho. Claro que toda mãe fica orgulhosa de ter um filho inteligente, mas a Maria Eduarda surpreendeu a todos nós, com o discernimento e capacidade de compreensão. Só que, como criança, ela queria respostas para milhares de perguntas.
Meu coração se despedaçou ao ver o olhar daquela mãe enlutada respondendo com amor e carinho a cada pergunta que mais parecia uma lança transfixando o peito. Em seguida, aquele ser inteligente me pediu para ir lá fora... e fomos ao parquinho do condomínio. Imediatamente, sentada no meu colo, ela olhou para o céu e perguntou "tia, cadê as estrelinhas do céu?"; isso porque explicamos que a irmãzinha agora era uma estrelinha... mas o dia 29 foi um dia de céu sem estrelas.
Quando fui embora, estava anestesiada. Passei em casa, tomei banho e segui para o velório com a certidão de nascimento e uma caixinha com os sapatos cor-de-rosa que mamãe trouxe de São Paulo para a pequena... junto, um par de meias. Quando parei no posto para abastecer, a curiosidade me assaltou e peguei a certidão... hora do nascimento, 19:54... olhei imediatamente o relógio do carro, 19:54. E chorando, eu disse "feliz aniversário, Letícia".
Lá, quando entreguei a certidão e a caixinha, logo em seguida a moça me trouxe a caixinha com um parzinho de meias que ela estava usando... o cheirinho dela, ai Deus, como doeu! Foi horrível toda a sequência, mas eu não quis ir para casa, dormi por lá.
Não vou descrever tudo, porque é muita coisa, muita dor reunida em horas que pareceram intermináveis. Só tenho a agradecer a Milena, a Socorro, a Lara, a Tathy... que estiveram lá e seguraram a minha mão. A Layle, a Nanda, a Jennifer, que por telefone foram solidárias a tudo aquilo... a Flávia, que foi com a Isabella à missa... só para me abraçar. Não há palavras para agradecer todo esse carinho... só Deus para lhes compensar.
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Suas ideias, muitas palavras...