"Não havia um só dia em que não sonhasse com a desnecessidade de pular da cama às 6h, e com a abolição da função 'despertador' do telefone celular. Mas como a vida adulta impelia, dia após dia ela levantava e tentava fazer as coisas terem sentido.
No carro, o esforço para manter o foco no trânsito era constante. Não podia vacilar, em razão dos congestionamentos e dos demais personagens do caos urbano. Cantarolava as canções que o rádio tocava, ao passo que rezava para a bênção de outro dia de labuta.
Se, ao fim do dia, não tivesse chorado ou dormido por cima das coisas no trabalho, estaria no lucro. Acreditava piamente que só se é feliz após o fim do expediente. A sensação de liberdade experimentada quando soava o gongo era indescritível. Curioso porque, a quem quer que perguntasse se ela amava o que fazia, a resposta era um 'sim' franco e acompanhado e um sorriso sincero.
O ser humano é engraçado, porque mesmo quando faz o que gosta, não deixa de sonhar com outras possibilidades."
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