"O celular despertou e ela decidiu que não iria ao trabalho. Aliás, decidiu que não estaria disponível para o mundo... tirou o plug do telefone da tomada, desligou os celulares e guardou todos fora do alcance da vista.
Na ânsia de viver momentos introspectivos, fez tudo como de costume. A diferença foi que ao invés de bolsa de couro e salto alto, adotou bolsa de palha e chinelos; nada de escritório, ia mesmo pegar o carro e dirigir sem rumo até qualquer praia nada badalada.
Na contramão do habitual, a sensação de liberdade começou a invadir o carro e os pulmões, com os vidros abertos e o ar matinal. A mente adulta e responsável cobrava sanidade, enquanto o coração mandava seguir em frente.
No som, nada de notícias ou propagandas... a trilha era aleatória, de músicas que recordavam momentos bons. No caminho para o desconhecido, as vontades e desejos eram respeitados. Barraquinha de frutas no acostamento? Mãos e boca lambuzados. Flores? Cabelo enfeitado.
Enquanto via as placas passando, ela se questionava pela demora em atender essa vontade súbita de esquecer quem era, ainda que por um único dia. E sem se importar com o julgamento no dia seguinte, decidiu ser feliz... e seguiu caminho."
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