quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O mundo está ao contrário e ninguém reparou*


*trecho da música "Relicário", de Nando Reis, imortalizada na voz de Cássia Eller.

Minha gente, não sei o que anda acontecendo mundo afora, mas o noticiário vive repleto de informes que me deixam perplexa. Dia desses, por exemplo, li que pais holandeses trancaram a prole num veleiro, no Rio de Janeiro, para se encontrar com amigos, noutro veleiro. Detalhe: uma das crianças tem 7 meses.

Tudo bem, muitos acham que não deveria ser obrigatório realizar exames para obter a carteira da OAB; outros acham que todos os bacharelandos - principalmente os da área de saúde - deveriam ser submetidos a testes de aptidão. Ah! claro, eu ia esquecendo: para se obter licença para dirigir é preciso passar por uma bateria de testes e fases, e exame "de rua".

Não é garantia de termos bons advogados, ou motoristas que consigam dirigir sem matar ninguém; mas algum "filtro" já valeria a pena.

E eu me pergunto: não seria o caso de os candidatos a pais se inscreverem em cursos preparatórios, e se submeterem a testes de aptidão? Sim, porque assim como existe gente incapacitada para exercer uma profissão, ou mesmo dirigir sem oferecer riscos à coletividade, não acham que há pessoas que deveriam ser impedidas de procriar?

Outra notícia, ainda dentro do assunto "procriação". No interior de São Paulo, a cidadã pariu a cria e comunicou à polícia que havia encontrado o recém-nascido numa lixeira; depois, admitiu a maternidade e agora será processada por falsa comunicação de crime. O bebê está internado - fora "abandonado" ainda com o cordão umbilical - e o conselho tutelar recomendou a adoção. Por sinal, muitos interessados.

Já escrevi, noutra oportunidade, sobre a matéria da revista Época com mulheres que não pretendem ser mães. Não recordo quem falou [na reportagem], mas o fato é que concordo com a afirmativa: filhos têm de ser escolhas conscientes, planejadas, principalmente pelo casal. Não se deve engravidar a não ser com certeza da escolha, que perdurará anos a fio, na verdade a vida inteira.  Na dúvida, melhor fazer um "estágio" adotando um cachorro, por exemplo. Se der conta do recado, é meio caminho andado.

E antes de me apedrejar, reflita. Pense nos sinais de trânsito cheio de crianças disputando moedas, ou às portas dos restaurantes pedindo um trocado ou mesmo comida, ou pior, nas frias madrugadas, dormindo ao relento. E para não ficar só no tema atrelado à pobreza, pense nos bem-nascidos, cujo acesso ilimitado às posses materiais, que em contraponto à carência de afeto e valores morais, queimaram índios, metralharam inocentes na sala de cinema, planejaram o homicídio qualificado dos pais, ou atiraram os próprios filhos pela janela.

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