Ontem, enquanto aguardava mamãe, presenciei uma cena inusitada.
A princípio, nada fora do comum em grandes cidades... ser abordado por alguém pedindo dinheiro para isso ou aquilo. Mas aquela figura esquálida, maltrapilha, que tentou convencer o motorista que estava atrás do meu carro, foi surpreendido. Eu também fui.
Para minha surpresa, o cidadão desceu do carro e ficou ao frente a frente com o provável viciado em crack; sim, eles possuem um semblante bem característico, difícil passar despercebido. Pelo retrovisor, acompanhei os gestos e reações de ambos, quando o rapaz tirou algo do bolso e entregou ao homem, que analisou, mostrou e retrucou algo.
Por mais incrível que possa parecer, pareceu-me que o pedinte ouviu atentamente, não sem uma dose de constrangimento; creio eu que pela percepção de outrem acerca de um problema tão pessoal. Porém, ficou lá, sem ter obtido êxito no convencimento do cidadão. Aliás, convencimento nada, a palavra é consentimento. Ao dar esmolas, muitas das vezes para nos ver livres do "problema", alimentamos conscientemente essa mazela social.
De real em real, entregues a cada sinal fechado, sustentamos esse vício desgraçado que assola o país; permitimos que pessoas se tornem zumbis, escravos de drogas devastadoras.
Ao homem que não teve receio de descer do carro e conversar com o adicto ontem, minhas reverências!
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