Ontem fez 13 anos que o vovô Antonio desencarnou. Creio que também por isso o lapso entre a última quinzena de maio e a primeira de junho sejam assim estranhos para mim; afinal, ele foi o primeiro parente próximo que perdi.
A despeito do nosso pouco contato, em virtude da distância geográfica que nos separou por toda a minha existência, ainda consigo me concentrar e ouvi-lo falar, como fazia ao telefone. Registro algumas memórias das férias em que ele nos visitou, da mania de achar absurdo que a gente deixasse comida no prato (desculpa para comer além do que deveria, rsrs), do dia em que estávamos em São Paulo, nas férias de 1989, quando ele me perguntou quantos anos eu tinha, e disse que quando eu completasse 18 anos, "o vô Antonio vai te dar um carro".
Entre as coisas que não se explica, está a de que, no dia em que ele faleceu, eu tinha combinado de ir visitar o irmão de um conhecido, com a Jennifer, lá no bairro de Fátima. Naquela época, celular era coisa de pai, então a gente andava era com cartão telefônico mesmo. Mas não sei porque raios, deixei o telefone fixo da casa do nosso conhecido.
Cerca de 1h após nossa chegada, a mãe dos meninos jogava baralho com uma vizinha, quando ouvimos o teleefone tocar. Um calafrio percorreu a minha espinha, e me lembro claramente de ter olhado para a Jennifer e ter dito "vovô morreu"; ela, claro, disse que aquilo era absurdo. Até que a mãe dos meninos chamou meu nome, dizendo que papai queria falar comigo.
Atendi e ele perguntou onde eu estava, pois meu outro avô (paterno, que hoje está internado na Gênesis) iria me buscar, e que eu precisava ir para casa porque meu avô materno havia falecido. O interregno entre a ligação e a chegada do vovô João estão em branco na minha mente... mas me recordo com precisão do que ele me disse, quando entrei no carro: - Hoje foi o seu Antônio, amanhã posso ser eu.
Quem conhece o vovô sabe que ele era dado a essas frases super-sinceras, doesse ou não. Por que, vamos combinar, dizer à neta que acaba de perder um avô que ela pode perder outro muito em breve, convenhamos, não é muito amável, tampouco consolador. Atualmente, em função principalmente da debilidade da doença, ele é um manteiga derretida, chora por qualquer coisa.
A lembrança que tenho do dia 07 de junho de 1999, quando completei 18 anos após 4 dias de falecimento do vovô, é péssima, pesada, caótica. Vovó ainda organizou uma celebração modesta, na qual ficou latente a ausência da mamãe, que havia ido ao funeral e estava dando seguimento aos protocolos póstumos.
Pois é... mas a vida seguiu seu curso, e eis-me aqui, 13 anos depois, escrevendo sobre o assunto pela primeira vez. E no aguardo de que esse 07 de junho de 2012 seja repleto de boas notícias, energia renovada e muito, muito amor.
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