Com licença, Senhor.
Eu sei que gerir o Universo não é tarefa fácil, especialmente porque Seus filhos aqui na Terra andam meio esquecidos dos Seus princípios mais elementares... mas eu gostaria de dois minutinhos da Sua atenção para um pedido especial.
Antes que o Senhor faça uma cara de "ah não, lá vem ela de novo com essa história", eu queria fazer uma exposição de motivos. Pode ser? Lá vai:
- Passei maus bocados nos últimos 3 ou 4 relacionamentos... não pretendo descer aos detalhes porque já é de Seu conhecimento (óbvio!);
- Aprendi e cresci muito com todas as experiências que vivi;
- Sofri, mas não blasfemei... ou pedir para que o Senhor ouvisse as lamúrias é blasfemar??? (agora fiquei confusa, perdoe-me);
- Já entrei para o time das balzaquianas, e com isso um tantinho mais de juízo para fazer a escolha certa;
- Não caibo mais na casa da mamãe... virei meio que Alice, com braços e pernas saindo pelas portas e janelas, a cabeça arruinou o teto.
Bom, ponderadas as justificativas, queria reiterar meu pedido de sempre por um cara bacana, preferencialmente sem bagagem (leia-se sem "ex-mulher", prioritariamente), que goste de mim não só pela embalagem, mas principalmente pelo conteúdo, que não enxergue o casamento como o prenúncio da Terceira Guerra Mundial, que goste de dormir até tarde no domingo e não fique arrumando desculpas para não ir ao cinema comigo no final da tarde.
Ah, que goste de cachorros e me presenteie com surpresas não necessariamente de alto valor monetário, mas de expressivo valor afetivo; que valorize os meus momentos de cozinheira (e depois lave os pratos feliz da vida); e não faça pouco caso das minhas vaidades com unhas, cabelos e maquiagem; que não ache absurdo o fato de eu cabular aula na academia porque estou com cólicas...
...que ajude a Becky Bloom a manter-se comedida, rsrsrs, sem que um deslize ou outro seja penalizado com críticas severas (pode chamar a atenção, mas com jeitinho). No mais, se o Senhor puder mandar candidatos que não sejam ciumentos ao extremo, nem beberrões, tampouco que prefiram a companhia de amigos à minha, ficarei imensamente grata. Sim, claro, como eu pude esquecer??? Candidatos que trabalhem e não dependam de pai ou mãe, até porque eu quero casar e tipos assim não podem assumir compromisso.
Desculpe-me a insistência e a longa lista de condições, mas achei por bem informá-Lo de tudo, para que dessa vez não haja falhas de comunicação. Fico no aguardo de retorno (breve) desta humilde solicitação.
De antemão, agradeço a atenção.
Tatiana Lambert
Convém à linda amiga não esquecer o que estabeleceu o terráqueo sr. Stephen Convey, que postulou: "Você recebe o que você teme". Não saberia dizer em que princípio terreno se baseou o confiável guru para chegar a tal axioma infalivel, mas sou tentado a supor que a explicação repousa n'algum princípio celestial, qual seja, a ausência de fé, da verdadeira fé. Sua falta nos faz temer não obter o que almejamos ou desejamos seja porque o Senhor sabe o que nos vai melhor, seja porque o que pedimos vem repleto da materialidade da vida terrena. No mais, por que haveríamos de obter justamente o que não queremos?
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