Surpreendentemente, algo mudou aqui dentro.
Posso afirmar, com convicção plena, de que jamais imaginei o dia em que entraria numa academia e faria tudo o que fora proposto, sem reclamar, sem burlar. Pior, sair suada e feliz.
Pois bem, a era balzaquiana (como diria o Armando Muniz) tem seus encantamentos, seus mistérios, e um deles é justamente a modificação de paradigmas. Grande parte das duas primeiras décadas da minha existência, passei dizendo que jamais seria loira; e fui, até um tempo atrás. Namorei a ideia de me render ao ruivo (strawberry blonde, o que significa meio vermelho, meio loiro), e me joguei sem medo, amando o resultado e repetindo mensalmente a experiência.
Sim, mas voltando à história da academia e a paquerinha que anda rolando com a esteira e os pesinhos, rsrs. Pois bem, saí da terapia ontem e resolvi que era o dia de virar a página; quarta-feira, inclusive, não costuma ser o dia oficial de dar início a nada. Só que logo cedo, os cupons da promoção apareceram no meu e-mail, e serviram de estopim.
Claro, o "reptiliano" (o termo é da minha terapeuta, para definir as reações primitivas diante das coisas) do meu cérebro foi criando mecanismos de fuga, mas consegui trazer o racional e "negociar" (outro termo da terapeuta), inclsusive quando me vi diante de um cardápio recheado de gostosuras, enquanto aguardava a sessão de ontem. A cabeça de gorda disse logo "vai, se joga num frapê, come esse sanduba de croissant, finaliza com brownie"; mas abri, fechei, respirei todas as opções do cardápio e escolhi capuccino com tapioca de queijo coalho.
Saí do treino suada, morta de cansada (eram 21h20), fiz um pit-stop para calibrar os pneus do carro e fui para casa... a geladeira cheia de tentações, dois sacos de pão francês fresquinhos sobre a mesa... mas fiquei no Glucerna, dica da nutri. Quando ia tomar aqueeeeeele banho digno, rsrs, telefone tocou e era a dinda, para combinar cronogramas da viagem.
Confesso que sequer pensei nisso... mas decidimos que o almoço do niver seria no Outback, que eu amooooo; que a noite de sexta seria dedicada à Priscila, a Rainha do Deserto (a peça); e que haverá uma visitinha báááááásica ao Bom Retiro (calma, Becky Bloom, muita calma nessa hora). No mais, ela e minha comadre combinariam hoje o meu reencontro com Vivi, minha afilhada.
Pois é... a proximidade dos 31, comemorar o niver com a madrinha, poxa, quanta coisa boa esse futuro próximo anuncia. Mas até lá, dá-lhe academia e shake para o jantar, kkkk.
"Pois bem! minha filha,escuta-me. As moças criam freqüentemente nobres, arrebatadoras imagens, figuras ideais, e forjam idéias quiméricas a respeito dos homens, dos sentimentos, do mundo; depois atribuem inocentemente a um caráter as perfeições que sonharam e nisso confiam; amam no homem de sua escolha essa criatura imaginária; porém, mais tarde, quando não há mais tempo para libertar-se da infelicidade, a ilusória aparência que embelezaram, seu primeiro ídolo, enfim, se transforma num esqueleto odioso. ... Ah! se pudesses colocar-te a dez anos desta época na vida, farias justiça à minha experiência."
ResponderExcluirApresentei-vos esse trecho inicial do romance "A mulher de trinta anos", de Honoré de Balzac, e passo a vos apresentar outro trecho, ainda do início do romance:
"Nos primeiros dias do mês de março de 1814, pouco menos de um ano após... Júlia d'Aiglemont já não se parecia com a moça que outrora corria com alegria e felicidade à parada das Tulherias. Seu rosto, sempre delicado, não mais possuía as cores rosadas que antigamente lhe davam um brilho tão rico. ...mas por baixo das pálpebras algumas linhas roxas desenhavam-se nas faces cansadas. ...
Como se vê, triunfara o pai, para desgraça sua.".
Do romance "A mulher de trinta anos", de Honoré de Balzac.