"Não esperou o despertar do celular... lá fora, a escuridão cedia lentamente seu lugar aos primeiros raios do dia. Havia de ser naquele momento. Escorreu-se dos lençóis mornos e perfumados, tomou um banho rápido, escolheu o primeiro vestido que lhe veio à mente... prendeu os cabelos num coque mal arranjado, escondeu-se atrás de óculos escuros, calçou sandálias velhas e confortáveis.
Já no carro, enquanto aguardava o sonolento porteiro acionar o automático, pensou no que deixava para trás. Sentiu uma pontada de remorso, mas o rufar do vento soprou-lhes os cabelos, como que um aviso de que tudo ficaria bem, desde que ela não desistisse.
Os sinais verdes faziam-lhe reverências, conduzindo pelo caminho onde não havia caos, só mansuetude. Nada de trânsito, somente pedestres caminhando em roupas de ginástica, ciclistas em treinos, transeuntes e seus adoráveis amigos pets.
Dirigiu até que seus pensamentos dessem lugar a um vazio, sereno e límpido. Lá fora, o sol dizia a que veio, os carros já se amontoavam e as pessoas andavam cisudas e apressadas. A vida começava a engrenar como de costume... mas ela não, havia decidido que naquele dia específico, a filosofia era "dolce far niente". Sem telefones, sem horários, sem satisfações a terceiros.
Eram somente ela, o carro, e a mente quieta e vazia."
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