Ok, quando escolhi a área (escritório, CTPS anotada e afins), sabia previamente que "rotina" seria a palavra de ordem. E ainda que haja aventura, vez em quando, a média é realmente burocracia e olho no relógio.
Já falei por aqui, inúmeras vezes, do desejo de alçar vôos por áreas nada afeitas à formação... e apesar dos incentivos dos amigos, de pessoas próximas, não chegou o momento de abrir mão da estabilidade conquistada.
Porém, nada impede de ser arrebatada por uma angústia, um "sentir falta" de algo que jamais tive, uma explosão interna sem que haja movimento de um único músculo. A agonia experimentada por alguém que procura se ocupar, insistentemente, quando na verdade quer permitir o irromper as asas, alçar vôos para longe do que está estabelecido.
Há em mim uma subversiva inerte, assim mantida pelas convenções sociais, pela necessidade de prover a subsistência, e uma dose de caprichos materiais. Em não dispondo de copa acima da cabeça, para desfrutar de sombra acaso as coisas não saiam como planejado, limito-me a nutrir os desejos, brincar de ser quem eu de fato hei de ser, dando continuidade, porém, ao cotidiano de horários, prazos, peças e afins.
E pegando a deixa das músicas de Chico Buarque, Biquini Cavadão e Marisa Monte...
"Todo dia ela faz tudo sempre igual..."
(Cotidiano - Chico Buarque)
"...acorda todo dia às 4h30
e já na hora de ir pra cama (...) pensa
que o dia não passou,
que nada aconteceu"
(Janaína - Biquini Cavadão)
"Para o telefone que toca
Para a água lá na poça
Para a mesa que vai ser posta
Para você, o que você gosta:
Diariamente."
Para a água lá na poça
Para a mesa que vai ser posta
Para você, o que você gosta:
Diariamente."
(Diariamente - Marisa Monte)
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