quinta-feira, 28 de julho de 2011

A mulher escaneada


Tenho fases, como a lua
Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
(Lua escondida - Cecília Meireles)

Não sei se é padrão para alguém, mas eu sou assim mesmo, como descreve Cecília... e isso, claro, aplica-se com afinco no quesito apresentação pessoal. Há dias em que acho graça de quem me olha na rua; noutros, fico grilada. Hoje é exatamente um dos dias de grilo, rs.
 
Quem me chamou a atenção para os olhares alheios foi o namorado. A princípio, incomodado com o masculino; depois, abismado com o feminino. Não há uma só vez em que estejamos juntos, que ele não comente as escaneadas que recebo de outras mulheres; na maior parte das vezes, eu nem vi!
 
Nos dias de grilo, automaticamente pergunto a ele se há algo de errado: cabelo, maquiagem, roupa, sapato. A resposta é sempre: - Não, é que você age e se veste diferente das outras pessoas

Hoje, por exemplo, entrei no elevador e uma moça, indisfarçadamente, mediu cada item que ornamenta o meu ser: cabelos presos num rabo de cavalo, maquiagem ultra-discreta, chemisier listrado azul claro+branco+bege,  camiseta com detalhe de renda por dentro, legging uva e sapatilhas bege. A bolsa, velha de guerra, grande e marinho.

Automaticamente, ao flagrar a curiosidade da criatura, fiquei imaginando se a média das pessoas "suporta" um grau além de criatividade, no que tange a vestuário. Sim, porque onde está escrito que eu preciso andar por aí toda combinadinha? Por sinal, que tédio esse "igualzinho"; talvez por isso eu odeie terninhos e taillers

Quando a mulher desceu onde deveria, o mal-estar deu lugar à autoconfiança. E imediatamente, pensei no que namorado diria se estivesse ali, naquela hora. E ri, como costumo fazer, toda vez que ele emite um comentário sobre o impacto do que eu visto, nas outras pessoas.

Desculpa aí hein minha "tia", mas se joga nas combinações descombinadas e vê se para de ficar invejando o povo na rua. #euhein (modéstia mode off)

2 comentários:

  1. O que tudo isso demonstra é o talento da querida amiga para o assunto "moda". Há tempos não a vejo ruminar sobre o sonho de atuar profissionalmente na área. E não sei por quê. Se as mulheres olham, das duas uma: ou a estão julgando ridícula, ou a estão invejando. Como a primeira opção está definitivamente descartada - quem a conhece sabe - sobra a segunda hipótese. As "tias" a invejam da cabeça aos sapatos. Olha, minha amiga, um conselho - é tempo de, nos momentos livres, começar a desenhar, imaginar, enfim, criar moda. Isso, claro, não há de interferir na tua criação literária soberba que começa a se multiplicar, e que os seguidores deste lindo blog ainda estão por apreciar.

    ResponderExcluir
  2. Respondi lá no Tie Dye.
    Sobre teu post, às vezes as pessoas olham não com inveja, mas com admiração. :)
    Bjs

    ResponderExcluir

Suas ideias, muitas palavras...