Cliente de advogado é um ser curioso. Obviamente, quem procura um causídico tem uma questão que precisa ser resolvida, preferencialmente de forma ágil e eficaz. Ok, mas o Judiciário não colabora, e quem paga o pato?
Sim, meus caros, os profissionais.
Ao conversar com o autor/réu (nomenclatura que pode mudar, dependendo da ação e/ou de uma série de outros fatores), informa-se a impossibilidade de prever quando será o desfecho. Pode levar meses, anos, décadas. Porém, não raro o cliente reputa ao advogado a culpa pela demora. É como se, por preguiça, capricho, ou qualquer coisa que o valha, o profissional não estivesse dando atenção, acompanhando o caso.
Duas situações que vivenciei/vivencio são exemplos clássicos: ambas são ações de reparação de danos morais e materiais, com pedido de medida liminar. Quem pede liminar tem seus motivos, mas parece que alguns juízes - por razões que não convém comentar - ignoram isso. O resultado? Bom, um dos processos está dormindo em berço explêndido na 8ª Vara Cível, sem análise da liminar, muito menos citação do réu desde maio de 2011. O outro é mais recente, e de certa forma até está tramitando de forma mais célere.
Quanto ao último, é o retrato fiel da situação que vivenciam os patronos: mendicância. Sim, meus caros, o advogado é um pedinte, como diria o Professor Misael Montenegro. Há dias eu ligo, falo com uma servidora simpática, a Luciana (outra coisa rara, aliás duas: atenderem o telefone, e tratarem bem quem liga), mas não consigo encontrar o juiz titular. Detalhe: o processo está com ele.
Ontem, fui vítima da fúria (ainda que comedida) do cliente, que exigia que eu fosse dar plantão na secretaria da vara, a fim de interpelar o magistrado. Só que quem conhece as rotinas, especialmente no Clóvis Beviláqua, sabe que isso pouco ou nada adianta: os juízes ou não comparecem às varas, ou não atendem os advogados. Esse, especificamente, até vai, só que responde também por uma vara eleitoral, então parece que anda se virando nos trinta.
A gentil Luciana até se dispôs a ouvir meu apelo, anotar tudo e repassar à Diretora de Secretaria, que repassaria ao Dr. Washington. Aí, quem sabe, eu conseguiria ou falar com ele, ou a citação já com o deferimento da liminar pretendida. Mas quem disse que o cliente se contenta? Não!
O fato é que, por volta das 13h, naquele calor dos diabos (sim, porque após a reforma - ainda sem previsão de conclusão - as intalações do fórum estão ainda piores), vou ficar plantada em frente à vara, contando com a sorte de que seja dia desse juiz aparecer por lá.
Torçam por mim.
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