Como diria Renato Russo, "tenho andado distraído, impaciente e indeciso". Rufadas de cansaço têm me assolado numa constância que há tempos ou eu não sofria, ou simplesmente não percebia. São pressões em todas as searas da vida, de modo que, às vezes, penso que vou explodir.
As conversas com a terapeuta têm sido a válvula da panela de pressão; porém, em sendo quinzenais, tenho que me virar para suportar os outros catorze dias, rsrs. Semana passada a consulta foi na segunda, e na terça já precisei recorrer a ela, por telefone. Por sinal, tenho sorte porque ela não é mercenária... caso contrário, jamais teria retornado a ligação e me ajudado a enfrentar uma questão pontual, que não podia aguardar o dia 1º de julho.
Pois bem, o exercício entre as consultas é sobreviver e filtrar: vivenciar as experiências e peneirar o que julgo necessitar de aprofundamento e esclarecimento. Muitas vezes, flagro-me pensando sobre tudo o que já discutimos nas sessões... e como a conversa muda de rumo, com base no momento da minha vida. Num retrospecto rápido, saí da fase pós-fim-traumático-de-relacionamento para relacionamento-relâmpago, seguido de doenças na família e consequentes óbitos, emendando com início de relacionamento e adaptação à nova realidade. Entre fúria e lágrimas, entre desespero e iluminação, da gratidão ao planejamento como exercício de movimento... entre estagnação e progresso, o retrocesso perdeu espaço na minha vida.
Difícil mesmo é lidar com a lentidão dos processos de mudança: tenho imensa, aliás incomensurável dificuldade em esperar as coisas acontecerem, e talvez [talvez nada, com certeza] seja isso que prejudique a visão sobre todas as coisas que já se moveram rumo ao objetivo da minha vida. Por sinal, João vive me falando isso... só que a minha porção infantil quer o sorvete agora, a boneca para ontem, a atenção ininterrupta. A adulta tem se esforçado para tomar a frente da coisa, mas não tem sido tarefa fácil.
Daí que sigo a vida bem distraída e impaciente, só que bem menos indecisa; porque hoje eu sei o que quero, o que preciso fazer para chegar lá... mas há fatores externos que não dependem da minha ação. E é aí que o bicho pega, eu perco a cabeça e o cansaço me abate.
Respire, Tatiana, respire.