quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Quando a empatia nos faz mal

Eu posso descrever ao médico as dores, incômodos, sensações, se tive febre, se vomitei, se tenho ou não manchas pelo corpo; ele [provavelmente] me diagnosticará, dirá a medicação com posologia, e me mandará para casa. Pouco importa a dor, não dói nele, só em mim.

Algumas pessoas são dotadas de uma capacidade incrível de se colocar no lugar do outro, e sentir aquela mesma dor: é a empatia. 

De fato, quando perdemos alguém importante, ao presenciarmos essa mesma situação com outrem, deveríamos ser capazes de nos ver ali, naquela posição, e saber que o vazio da alma não pode ser preenchido, mas pode ser amenizado. Quando somos criados na indiferença, perdemos a oportunidade de desenvolver empatia; a dor alheia, as ofensas, nada nos tira do local entorpecido em que nascemos, crescemos e vivemos por longos anos. Se não me dói, por que eu deveria fazer algo a respeito?

Bom, às vezes, eu preferia ser imune ao mal que se faz aos outros. Deve ser menos sofrido ignorar, ao invés de carregar uma marca que não é nossa, entende? Porque eu sou dessas que afasta o ofendido, toma-lhe as dores... e acaba f* no final das contas. 

Lição para 2016: deixar que quem tem que apanhar, apanhe, e não sofrer com isso, nem por isso. Cada um que carregue o próprio carma. [repita diariamente, pelo menos 3x ao dia, durante 365 ou 366 dias... acho que vai ser ano bissexto].

quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Enfileirando emoções

"-Escreva. Ponha para fora seus demônios e seus anjos!"

Não foi a primeira vez que recebi esse "recado", mas coincidiu com uma postagem após uma centena de dias sem uma linha sequer por aqui. Mesmo tendo retrucado que meus escritos incomodam, ouvi um sonoro "não importa, escreva!", novamente.

Escrever, para mim, sempre foi a melhor forma de enfileirar sentimentos e fazer com que ganhem sentido; faz parte do processo de lidar com a vida. Ocorre-me, agora, enquanto escrevo, que talvez o fato de não ter lidado muito bem com determinados fatos detenha relação com a dificuldade de progredir com a terapia. A sensação de estanque me incomodava, e só agora consegui compreender o porquê.

Mas o que conduz meus dedos pelo teclado hoje é a mágoa. Obviamente, quanto mais perto você permite que alguém se aproxime, maior a probabilidade de acabar ferido; eu, nessa vibe de ser "preto" e "branco", tipo "nada cinza", traz a questão de que eu costumo me ferrar por deixar alguém chegar muito perto, e devo estar perdendo [vejam bem, digo "devo" porque, honestamente, não acredito que haja perda alguma nisso] quando impeço que certas criaturas avancem. 

Pois bem, a ferida que está sangrando é antiga... daquele tipo que nunca cicatrizou, e nem vai, por ser profunda e estar enraizada em órgãos vitais. Consigo criar uma "casquinha", mas que é tão frágil, que pode ser removida com duas ou três palavras. Estou sangrando, e escrever é a esperança de diminuir não só a dor, mas o volume a ser perdido.

Quando penso nas incontáveis vezes em que permiti uma ofensa [direta ou velada, disfarçada de "sugestão", ou de "algo para reflexão"], sinto raiva de simplesmente não reagir. Isso porque só quem ama consegue transfixar o coração de alguém tão facilmente, e com tanta intensidade, a ponto de impedir um revide. Digo isso porque, há algumas semanas, fui ofendida por um superior hierárquico e gritei imediatamente, bem desaforada, e saiu automaticamente. Quando não existe relação de afeto, a gente mantém a guarda alta, como nas lutas; porque sabe que o outro pode golpear, e não se deve bobear. 

Entretanto, no seio familiar, não existe essa de guarda levantada; daí os nocautes certeiros, visto que não se espera. E depois que a gente "acorda" do blecaute temporário, não sabe o que fazer, fica perdido. Não há vencedores, somente derrotados. Em verdade, só você está derrotado... porque se vem permitindo, ao longo da vida, comentários assim, o Universo está mandando um recadinho que você não anotou, baby. Volte duas casas.

Supostamente, é simples, e as revistas estão aí para mostrar como se faz; você não faz porque não quer, loser

Nigel: (para Andy, que está comprando o almoço), sopa de milho. Isso é uma escolha interessante. Você sabe que a celulite é um dos principais ingredientes do creme de milho? *

*Trecho do diálogo entre Nigel e Andy, em "O Diabo Veste Prada".

segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

De volta :)

Há meses não escrevo para o blog... aliás, tenho escrito poucas linhas, em redes sociais. Creio que aquilo que digo não vai mudar o mundo, porque a mudança é algo endógeno... entretanto, pessoas como eu precisam externar aquilo de que discordam, para então conseguirem lidar com tudo e, quem sabe, mudarem a si mesmos.

Sou uma observadora muito crítica, deveras chata, eu admito. Nem sempre foi assim, mas a minha paciência se esgotou. Quem me conhece, e sabe uma parte da história, pode atestar que eu nunca, NUNCA, fui paciente; mas nessas circunstâncias, eu fui. Tolerância é uma virtude, sim. E eu estou longe de ser virtuosa, nesse aspecto. Provavelmente, a espiritualidade compreendeu que a única forma de me ensinar seria me testando, e como "bônus" eu teria ao meu lado um homem pacífico [até demais para o meu gosto]. 

Obviamente, se meu marido não fosse um homem sábio, eu já teria sido indiciada por lesão corporal. No mínimo. Ele, por sua vez, tem estômago de avestruz, ou algo que o valha. Isso porque ninguém engole mais sapos. É muita paciência num indivíduo só, minha gente. 

Ao passo em que as palavras saem de mim, vejo outros aspectos por trás de cada atitude, cada gesto; esforço-me para mudar quem sou, como penso, e tento agir de acordo com o que minha razão e minha emoção pedem. Não é fácil, mas nada nessa vida o é. Pessoas idiotas nunca mudam, e não medem esforços para manter as coisas do jeito que estão, mesmo quando visivelmente não está funcionando. 

Torço para que 2016 seja um ano de consolidações, já que 2015 foi um ano de grandes batalhas.