sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Música e filhos mais velhos

De repente, um trecho de música bem conhecida passou a me assombrar: "sempre precisei de um pouco de atenção, acho que não sei quem sou, só sei do que não gosto" (Legião Urbana - Teatro dos Vampiros).


Provavelmente, deve ser síndrome do filho mais velho. Bom, até agora, eu sequer sabia que existia essa "síndrome". Mas, jogando no Google, acabei surpreendida. Inclusive, colaciono um trecho retirado daqui

"As brigas eliminam a condição de Filho Único e levam-no à condição de irmão, que são unidos como unha e carne..., mas unha de um na carne do outro. Assim, ter irmãos é essencial para desenvolver vida social. É pertencer ao subgrupo familiar dos filhos, pares entre si.

Eles brigam entre si porque sentem que podem brigar em igualdade de condições. O menor fica do tamanho do maior quando grita e um adulto vem socorrê-lo sempre dando bronca no maior: "Por que você não bate em alguém do seu tamanho?". Os pais muitas vezes não percebem que a briga pode ter começado pelo menor agredindo e/ou pegando as suas coisas. Isso é bastante comum com filhos caçulas tratados como Filhos Únicos pela diferença de idade, de sexo, ou pelo fato de os pais não planejarem mais ter filhos."

Nós, os "mais velhos", somos frequentemente instados a assumir o papel dos pais, no que tange a responsabilidades; porém, na hora da solução de conflitos, via de regra, ou apanham os dois, ou o(a) pai(mãe) pende a balança em desfavor do primogênito. No meu caso, passei a vida toda sendo bombardeada com frases do tipo "você tem que dar o exemplo", "você é a mais velha, tem que dividir", "coitado(a) do(a) seu(ua) irmão(ã)". 

Perdi as contas de quantas vezes as minhas necessidades foram negligenciadas, em detrimento de outro filho. Óbvio que nem sempre foi de má-fé, ou proposital; porém é inegável que causou danos severos à personalidade desta que subscreve. Realmente, a "ficha caiu" sobre não saber quem sou, e de alguma forma, ainda ter a necessidade de receber atenção. 

Curioso, como na letra da música, é que eu "só sei do que não gosto". Mesmo. (risos).

terça-feira, 27 de agosto de 2013

O Wolverine em mim, e o muay thai

Eu jurei que não trataria de assuntos relativos a dieta ou exercícios aqui no blog. Mas eu preciso compartilhar... quando decidimos pelo muay thai, levamos em consideração o fato de que é uma atividade física intensa, potencialmente emagrecedora e desestressante, principalmente.

Via de regra, a gente que mora em capitais é meio vítima do caos urbano: trânsito, poluição, cronogramas e afins. Nem mantras ajudam quando o assunto é estresse, pelo menos para mim. 

Daí que ontem, após uma sessão de terapia que revolveu uma porção de coisas aqui dentro, acabei me aborrecendo com outros fatores, e o resultado foi péssimo. Cheguei ao treino em vias de quebrar os punhos de tanta raiva para descarregar. 

Sabem o que é mais curioso? Houve um momento em que meu corpo ultrapassou o limite da exaustão, mas eu não desisti. Mesmo temporariamente privada [ainda que de maneira discreta] da plenitude das faculdades mentais, o corpo somente obedecia aos comandos baseados no instinto primitivíssimo de externar a raiva, a possessão.

O gatilho para um quase irrompimento em lágrimas foi um comentário do mestre, que findou por servir de combustível para a continuidade do treino. Aquelas lágrimas contidas foram a forma encontrada pelo corpo de extravasar a profusão de sentimentos: dor, raiva, mágoa, impotência. 

Creio que o sono de ontem tenha sido consequência do exaurimento das forças, tanto que tive um pesadelo esquisitíssimo, que me fez despertar e ter dificuldades para voltar a dormir, antes que o despertador anunciasse a hora de levantar. 

Pois é... tem gente que bebe, tem gente que toma remédios, eu ontem escolhi o treino para provocar esse "apagão", tão necessário e providencial, posto que tenho uma mente absurdamente elaboradora de teses e antíteses, o que invariavelmente provoca insônia. 

Hoje, a cabeça não dói, mas cada músculo do corpo encontrou uma forma eficiente de provar sua existência... então, para quem ainda não se convenceu de que exercitar o corpo auxilia diretamente na manutenção da sanidade mental, eis-me aqui para provar que, sim, a exaustão entorpece a mente inquieta.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

A matemática das relações

A vida é bem melhor com as parcerias... não importa que denominação se dê a cada uma delas - amizade, relacionamento a dois, etc. - o fato é que ter com quem contar, não tem preço.

Lembro bem aquele período complicado, compreendido entre as idas e vindas do vovô à UTI, a descoberta da leucemia da pequena, e tudo o que se sucedeu... não fossem as palavras de consolo, a mão estendida para ajudar a reerguer, provavelmente eu não estaria aqui para contar [tantas] histórias.

O post de hoje é um agradecimento à Fernanda, pela delicadeza de abrir as portas de sua casa no sábado à noite com um jantar dos deuses, com a atenção de sempre, e muitos motivos para querer retornar, mais uma vez, e novamente, rsrs. 

E é também um meio de externar o carinho imenso pela querida colega de trabalho - e sócia no empreendimento Le Grá - Layle. A vida não tem sido muito gentil com ela, e no último sábado, foi vilanesca... além de lidar com as convulsões de seu pitbull, quase perdeu uma falange. Não obstante a dor física, restou-lhe a dor de retornar ao lar, sabendo que seu animal de estimação fora sacrificado, posto que a doença que o acometeu entrara em estágio irreversível. 

Claro, não poderia deixar de agradecer o fato de poder acompanhar João em suas andanças, galgando o futuro que desejamos para nós... é de fato uma bênção saber que eu tenho com quem contar, e posso ser a pessoa com quem ele sabe que pode contar, também. 

Assim, somando alegrias, dividindo tristezas, multiplicando amor, a vida segue seu curso... essa matemática diminui - e muito! - o peso que é viver...

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Ofensa, pedra e água



Não seria necessário me estender em comentários sobre o quanto a tirinha mexeu comigo. Só que eu tenho um defeito: processo melhor as coisas quando escrevo sobre elas.

De fato, sinto como se estivesse vivendo num campo de paintball; vez em quando, um tiro me acerta... no mais, a missão é bolar estratégias para derrubar os oponentes, e não ser atingida. Uma coisa é certa: vivo tensa, estressada, e com a "guarda levantada" para não receber um golpe e "desmontar".

Acho fantástico quem se deixa levar pela vida, e não revida, sabe? É lindo, mas nunca funcionou comigo. Até quando parece natural, há por trás uma engenharia complexa, muitas sinapses e afins. Sou uma maquininha de conjecturas e cenários.

Pois bem, já passa da hora de começar a decidir o que aceito ou não como ofensa. Vai ser fácil? Jamais! Provavelmente, muitas e muitas sessões de terapia, tempestades mentais, uma dose de confusão interna, até reorganizar o processo como um todo. 

Lógico que se alguém me desse a opção de agir assim, ou quebrar meio-mundo [sem consequências penais, obviamente], está bem claro que a segunda opção seria escolhida sem pestanejar??? Como o Código Penal prevê sanções para 90% das minhas intenções, rsrsrs, tive que recorrer a outro método. Ser como a água, como disse o Bruce Lee, em entrevista reproduzida na abertura do filme do Anderson Silva:

"Não se coloque dentro de uma forma, se adapte e construa sua própria, e deixa-a expandir, como a água [...] 


Se colocarmos a água num copo, ela se torna o copo; se você colocar água numa garrafa ela se torna a garrafa [..]. Água pode fluir ou pode colidir.

Seja água, meu amigo"


E lá vou eu, desaprender a ser pedra, para aprender a ser água... 

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Parentesco por afinidade: as bênçãos das escolhas da vida

Uma amiga mais do que querida, está grávida; outra, igualmente especial, está em vias de descobrir se vai transformar um casal, num trio, rs.

Como já disse em inúmeras oportunidades, a ideia de procriar não me apetece, o que não faz de mim um monstro, ou alguém insensível, pelo contrário. No dia do primeiro aninho do JP, a tia (mamãe da cute-cute Yasmin) ficou chocada quando ouviu minha resposta, após a clássica pergunta: "- E aí, quando terão o de vocês?" (referindo-se a mim e João)

A perplexidade dela se devia ao fato de que, do ponto de vista dela, eu seria uma ótima mãe. Quando fiz a exposição de motivos, ela mencionou que era uma posição egoísta, e que eu mudaria de ideia. Nem retruco mais - quem me conhece, sabe - porque desperdicei tempo e energia em demasia, tentando fazer com que as pessoas entendam que ter filhos não é uma imposição social, mas sim uma decisão que prescinde da mais absoluta das consequências: é irrevogável.

O fato é que ser tia, por laços consanguíneos ou não, é sensacional e isento dos dramas que permeiam a maternidade. Para algumas, pode até ser considerado uma espécie de test-drive; para mim, é só uma chance ímpar de doar afeto, promover cuidados e ser feliz. Eu não preciso me preocupar com dor de ouvido ou de garganta, febres que varam a madrugada, nada disso. Um tombo, um raladinho, um nariz entupido, é praticamente tudo o que uma tia se limita a observar.

Bom, mas a intenção do post era ressaltar o tamanho da minha felicidade em saber que, além da Isabella, teremos aí possivelmente o Rafael, e, se for confirmado, a Pietra ou o Luiggi. A lista da "tia Tati" tem outros pimpolhos, a exemplo do Guilherme, da Vitória, as afilhadas Vitória e Giovanna, o Luisinho (roubado descaradamente da tia-e-dinda, Lara, rsrsrs), e por aí vai.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Dica de produto: Cicaplast Baume B5, La Roche-Posay

Eu sou observadora, crítica, chata, chame do que quiser; mas a verdade é que os detalhes praticamente acenam para mim, especialmente quando há algo errado, ou simplesmente diferente do habitual. Refiro-me a um raladinho aqui, um roxinho acolá, picadas de inseto, manchas na pele, tudo o que tem uma grande probabilidade de se tornar motivo de vergonha no futuro.

Nesse contexto, descobri as mágicas funções do Cicaplast Baume B5, da La Roche-Posay. E depois da descoberta, não há rachaduras, machucados, lábio ressecado, nada que resista aos poderes quase-milagrosos-e-instantâneos da pomadinha, que ainda é levemente anestésica.

João, há dois sábados, chegou com o dedão do pé "fatiado", na parte inferior; após a limpeza-padrão (aka água e sabão), usamos um antisséptico e depois, uma generosa camada de baume, e dedo envolvido por Transpore (um tipo de esparadrapo plástico, que dispensa tesoura, é flexível, transparente e bastante resistente). 

Alicia já sabe: "tia Tati, a pomadinha"; por sinal, creio que ela seja a usuária-mor do meu exemplar. Maria também já experimentou o produto, e ganhou um band-aid de dinossauros, rsrs. E sabe aquele bifinho que a gente [ou a manicure/pedicure] tira? Ele dá jeito também. E nos calos, etc., etc., etc., rsrsrs.




Adultos, crianças e Peter Pan: um olhar sobre as relações

Não me recordo de haver dito expressamente aqui, mas o fato é que desde 19/07/2012, eu me tornei "a namorada do papai". Sim, ao contrário do que a ignorância coletiva julga, só assumirei a designação "madrasta" quando João e eu estivermos coabitando. Duvidou? Então aqui e aqui temos o esclarecimento.

Claro que, no imaginário coletivo [thanks Disney], o termo é vinculado a histórias macabras, e não importa o esforço que se faça em contrário, a nomenclatura sempre remeterá à negatividade. 

Bom, mas o intuito do post é publicizar um posicionamento próprio, diante da realidade dos fatos. Não é preciso muita inteligência para compreender que todos os papéis nessas relações estão bem delineados, ao menos nas definições de termos como "pai", "mãe","namorada", dentre outros. Não é meu propósito sobrepujar a função que me compete, que é a de dar suporte para que o João seja apenas pai, e nessa função, seja o melhor e mais presente possível.

Por sinal, seria estúpido da minha parte intentar qualquer movimento de "golpe", posto que sequer nutro a ideia de procriar; qualquer conjectura nesse sentido é infame e imatura. Por que eu haveria de querer algo, se eu poderia [se assim quisesse], gerar uma criança minha e dele??? Ponto para a imaturidade, novamente.

Em verdade, sigo fiel ao meu pensamento, como adulta responsável, de que essa criança merece tratamento carinhoso, afetuoso, para se desenvolver da forma mais digna e adequada possível. O que queriam as pessoas, que eu beliscasse, gritasse, maltratasse? Sinto muito, mas devo frustrar quem achou que seria dessa forma. Quando ela está sob nossos cuidados, a coisa vai além do básico "alimentação, higiene e segurança"... há horários, limites, permissões e proibições, tudo o que traz sensação de ser amada e se sentir segura. 

Há também uma clara distinção entre "autonomia" e abandono; supervisionar ações não significa substituir a criança nas funções, subestimar sua capacidade, mas sim ensinar, mostrar a forma mais adequada de execução. 

Óbvio que tenho posicionamentos que são bem mais rígidos, e que justamente pelo fato de estar consciente do meu papel, condeno, porém não afronto; não é segredo que acho absurdo o uso indiscriminado de mamadeiras e chupetas a partir de certa idade. Já me posicionei, noutro post, e o prejuízo estético fala por si só... o que dizer do funcional, então...?

Em suma, se cada um dos personagens fizer a parte que lhe cabe, a tendência é que a engrenagem funcione adequadamente. Na medida em que uma peça para de realizar aquilo que lhe é próprio, aí sim, os problemas aparecem, via de regra na forma de sobrecarga de outras peças. Não é impossível, basta uma dose generosa de amadurecimento, e outra de compromisso com a criança. 

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

A observadora: Supernanny e a saga da chupeta

Ontem foi feriado aqui em Fortaleza. Não costumo ver tv, mas em situações esporádicas, deixo ligada e sigo fazendo outras coisas, as bijuterias, por exemplo. Pois bem, o canal era o Home & Health, o programa, Supernanny.

O que me fez parar o que eu estava fazendo, gravar o trecho e usar como reflexão, dizia respeito à tarefa de tirar a chupeta de um menino de 3 anos. Primeiro, a Jo Frost disse que estava profundamente incomodada com o fato de aquela criança usar chupeta em idade tão avançada; ato contínuo, classificou como "muleta emocional".

Curioso porque a cena mostrava a criança, e a mãe em depoimento, apavorada com a ideia. De forma lúdica, o plano era contar a história da Fada Penélope (uma experiência prática, baseada na dica da SN, aqui), que identificaria a residência onde houvesse alguém com idade para abandonar o hábito, e enviaria um envelope para que, voluntariamente, a criança depositasse todas as chupetas, que seriam enviadas aos bebês que iriam nascer e precisariam muito mais das mesmas do que aquele(a) já crescidinho(a).

Sem pestanejar, o menino colocou todas e lacrou o envelope, levando-o à caixa de correio; no dia seguinte, foi até lá e viu papéis picados, glitter e afins, como um sinal de que a fada havia estado no local, e deixado outro envelope, igualmente colorido, repleto de bonequinhos e animaizinhos. Quando questionada sobre como o menino havia passado a noite, a mãe disse que houve uma única menção, e que o sono não foi prejudicado.

Longe de querer teorizar sobre o assunto, falo como observadora; mas há inúmeros sites e blogs que tratam do assunto "chupeta", classificando-a como "muleta emocional" dos pais. Na mesma linha, óbvio, estão mamadeiras e outros itens que remetem à fase da lactação. Segundo minha mãe, próximo de um ano, ela me incentivou a "jogar a chupeta pro gato", em cima do telhado; jogamos durante o dia, e à noite eu teria chorado, perguntando, e ela teria relembrado os fatos. Pronto, adeus chupeta.


O que deve ficar claro é que o artefato é lesivo em proporções catastróficas, quando do uso prolongado. Segundo o artigo extraído daqui: "O uso prolongado de chupeta projeta os dentes para a frente, prejudicando o desenvolvimento das arcadas superior e inferior. O resultado popularmente conhecido como 'dentinhos de coelho'.

Além disso, quem usa chupeta por muito tempo tem um aprofundamento do céu da boca (palato ogival), que fica mais estreito provocando inclusive problemas respiratórios. A correção das imperfeições dentárias decorrentes do uso de chupeta é obtida com a remoção do hábito indesejável e a colocação de aparelhos ortodônticos móveis ou fixos, na dependência do problema e da idade do paciente.

O uso prolongado da chupeta também trás problemas fonoaudiológicos. O mau hábito cria flacidez dos lábios, bochechas sem movimentos adequados e língua fora da sua posição adequada (longe do céu da boca, que é o normal)."

Merece reflexão o fato de que, consciente ou inconscientemente, a postergação da solução prejudica o desenvolvimento de alguém que está sob seus cuidados, sob sua responsabilidade. E, via de regra, a questão não está na criança, mas em quem se recusa a permitir que ela cresça. "O processo de retirada da chupeta tem que ser iniciado pela mente dos pais." (extraída daqui)

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Frutas, pessoas e exemplos.

A gente cresce, porque enfim é a lei natural das coisas; só que, ao contrário das frutas, que amadurecem e são colhidas ou caem, existem exemplares humanos que - vamos combinar - nem a ação do tempo, nem a gravidade, nada é capaz de promover mudanças.

Devo asseverar que não me eximo da responsabilidade por uma parcela de situações em que a minha "criança interior" fala mais alto, e governa as minhas [re]ações; porém, na maior parte do tempo, sou mais racional até do que deveria ser, daí tanto pesar, tanto penar.

Só que eu sou adulta e consciente, não saio por aí culpando um e outro por meus fracassos, ou ainda, não transfiro responsabilidades que são personalíssimas. A toda ação corresponde uma reação, é a lei; se eu comprei um carro, as parcelas. taxas e tudo o que disser respeito a ele cabe somente a mim; se comprei um cachorro, arco com as consequências e tudo o mais, relativo a ele. E por aí vai.

Engravidou? Sinto alertar, mas a partir do nono mês, a responsabilidade de absolutamente tudo o que disser respeito ao rebento é dos genitores (sim, no plural); a pessoa deixa de ser filho(a) para ser ascendente de alguém. E, ao contrário do que era praxe na infância e adolescência, que se desse alguma m*, bastava correr e mom and dad tomavam a frente e resolviam, a partir da certidão de nascimento do baby, cabe aquele ditado: quem pariu Mateus, que o balance.

Não é complicado, é lógica pura e simples. Ninguém nasce sabendo de tudo, vai aprendendo com exemplos, seguindo orientações... etc. Mas alguns subvertem a coisa, e no meio do balaio, a coitada da criança parece batata-quente, daquele joguinho infantil, sabe? Azar de quem estiver com a batata em mãos, quando a música parar. 

Não, gente, está errado. Não é a escola que impõe limites, não é a igreja, não são os avós. Isso de transferir o "problema" virou uma epidemia! E não se engane, o exemplo fala muito mais que as milhares de baboseiras. Experimente avançar um sinal vermelho, e você verá o que eu digo. Fale um palavrão quando levar uma fechada, e conte até cinco... seu filho vai repetir em alto e bom som. Por que com atitudes cotidianas haveria de ser diferente? 

Fica o alerta de que é preciso muito mais que um útero para ser mãe; porque parir é uma coisa, criar é outra totalmente diferente. Fica também o convite: cresça, amadureça. Não digo que seja confortável e sem dor, mas é essencial. Pelo bem das futuras gerações.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Escrever, para não acontecer

Preciso escrever, reservando-me ao direito de resguardar algumas informações, rs. Mas o fato é que a "escritoterapia" funciona muito bem comigo, desde sei-lá-quando. Sim, eu fui uma típica adolescente, com agenda abarrotada de tickets de cinema, papéis de bala e coraçõezinhos nos cantos das páginas.

Por sinal, todas essas relíquias estão guardadas... mas, quando eu estiver arrumando tudo para me mudar, vou revisitar o passado que se esconde logo ali, na parte superior do guarda-roupas. São agendas, capas de cadernos com declarações de colegas de classe, desenhos, recortes, uma infinidade de caquinhos que formam o mosaico da minha vida.

Bom, essa semana eu ouvi uma afirmativa que me deixou apavorada, porque vai de encontro às crenças mais sólidas que tenho. Ouvi também que não devo me preocupar com isso, que o medo aprisiona, e que surpresas virão. 

Para-tudo-e-chama-a-Nasa!

Sério, não é firula. Posso comparar o que sinto àquilo que as pessoas sentem quando vêem baratas voadoras, um ataque de tubarão na praia de Boa Viagem, ou ainda, quando têm de passar por um local conhecidamente perigoso. É pavor mesmo.

Não sei, ou melhor, sei que não deveria alimentar esse medo, sob pena de atrai-lo para ainda mais perto; só que é difícil, hercúleo, o esforço necessário para relaxar com relação a esse assunto. Rezo, e muito, para não ser vítima disso, porque não faço ideia de como reagiria. E faço, rs. Talvez eu me jogasse do oitavo andar...

Comentários mórbidos à parte, só me resta seguir rezando... porque, apesar de ouvir comentários no sentido oposto, eu estou convencida de que não nasci para tal missão. Prefiro crer que a vida vai seguir seu curso conforme o [meu] plano: João e eu teremos, muito em breve, o mesmo endereço de domicílio, boníssimas condições financeiras, e seremos felizes para sempre... 

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Orgulho e copos d'água

Permita-me esclarecer uma coisa: eu sou tal qual um copo d'água. De gota em gota, vou enchendo, até transbordar. Daí em diante, sinto muito, tudo o que vier acrescentar, fará com que mais e mais água transborde. 

A terapia vem ajudando a esvaziar certos copos, de modo que eu acabei aprendendo também a não permitir que se encham. Porém, como eu disse, alguns deles são casos complicados, porque à menor aproximação, jorram. 

A minha irrequieta mente processa um sem-número de possibilidades, mas até então, não encontrou um meio de esvaziar esses copos, nem de impedir que sigam enchendo. Não preciso dizer que é um verdadeiro caos, né? 

Só que eu descobri que a chave para a saída vai ter que passar pelos copos, e eles obrigatoriamente deverão estar ou meio cheios, ou completamente secos. Do jeito que está atualmente, estou acorrentada, sem perspectivas de mudança. Como eu sou razão ao extremo, o embate aqui dentro já começou, sem data para acabar.

Agora, diga-me, como alguém cujo orgulho é maior que qualquer virtude, pode ser capaz de secar esses copos??? Como me aceitar errada, quando os fatos apontam para a questão de que estou defendendo quem sou, o que tenho, o que quero da vida??? Não sou o Cristo, capaz de dar a outra face... eu me recusei a dar a que foi agredida, imagine só engolir isso e virar para apanhar novamente!

Em meio às tempestades mentais, o coração já desistiu de falar, não há emoções construtivas; por mim, o ideal era fechar as malas e partir. Simples assim. Mas, infelizmente, vou ter que, de alguma forma, construir aquilo que inexiste em mim. Não me venha com "ah, está apenas adormecido", porque na realidade nunca houve. 

Amor, na minha concepção, é algo que só pode surgir em terras férteis, disponíveis; nesse caso, é quase como querer plantar no deserto. A meu ver, é impossível. Daí a agonia, compreende? Se a chave é essa, temo que morrerei presa, algemada. Ao mesmo tempo, a mente cria e recria hipóteses, verifica possibilidades, viabilidades. 

Até agora, nada. Meu Deus, será que vai ser preciso que outra pessoa da família pereça, para que o panorama se modifique?

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Quem sabe o que é felicidade?

Devo estar obcecada, mas o fato é que os pensamentos sobre as escolhas que fazemos na vida, têm me acompanhado há algum tempo. Estou ciente de que as escolhas que fiz, ao longo da vida, conduziram-me à encruzilhada onde me encontro parada, perdida. Quando digo "encruzilhada", ao invés de "bifurcação", tenho meus motivos. Não me vejo obrigada a optar por um de dois caminhos, mas sim a ter que decidir entre voltar atrás, seguir em frente, virar à esquerda ou à direita. 

Claro que toda decisão implica em perder algo, acreditando que se vai ganhar por outro lado. Provavelmente, é aí que está o cerne da questão: escolher e deixar para trás, esperar o lado bom da escolha. 

Julgo importante frisar que não estou me referindo à vida afetiva, ao relacionamento, quando escrevo este post... essa talvez seja a única seara em que não há dúvidas, só espera e muitas doses de paciência, em razão dos dados lançados.

Retomando a ideia... tenho ponderado o que muitos chamariam de retrocesso, e que eu classifico como pausa para uma busca. O fato é que me perguntaram ontem se eu sou feliz com o que faço, e senti a alma se contorcer aqui dentro... são tantas dúvidas, tantas. Afinal, eu escolhi essa profissão, fiz pós-graduação, é ela que me sustenta. 

Pode ser - e eu não tenho como confirmar, ao menos nesse momento - que a bacia esteja com a água demasiado mexida, impedindo que eu enxergue o fundo. Ou, como no remake de Karatê Kid: 

Sr. Han: - Olhe na água parada...O que você vê? 
Dre: - Meu próprio reflexo. 
Sr. Han, distorcendo sua imagem na água diz: - O que vê agora? 
Ele responde: - Vejo meu reflexo distorcido.

Não é só a água que está em movimento, eu também estou, daí porque não consigo enxergar, ou decidir. Não sei se a minha visão romântica do que eu penso ser o "projeto de vida" tem açúcar demais... não sei. Queria poder parar um tempo, respirar um tempo, dedicar-me a coisas simples, sem prazos, sem cobranças [externas], sem medos. 

Preciso de férias de quem eu sou, ou pelo menos, de quem estou sendo nessa fase da vida [leia-se, desde os 24 anos = 8 anos, quase 9]. Acalmar, inspirar, refletir, ressignificar. Quem sabe, cozinhar, passear com a Charlotte, preparar um café da manhã bacana, assistir Sessão da Tarde... quem sabe?