sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Carta aberta às(aos) amigas(os)

Bom, não foi a primeira e talvez nem seja a última das amigas insatisfeitas, sob alegativa de que eu sumi depois que comecei a namorar o João. Ponto para as que se manifestaram, porque externaram o que pensam. 

Com o advento das redes sociais, das promoções de telefonia, do whatsapp, enfim, não existem essas distâncias todas. Tampouco alguém que consiga "sumir". 

Sabe o que de fato acontece? Uma mescla de desânimo, cansaço acumulado, stress, e muito trabalho a fazer. Especialmente porque vou ter férias no período de recesso do Judiciário, então a enxurrada de processos com prazo... já viu.

Claro que rola uma acomodação quando a gente namora. Quer coisa melhor que ver filme, na sexta à noite, bem agarradinho? Não troco por farra nenhuma. Aliás, até mesmo quando estava solteira, tantas vezes fiquei em casa por preguiça de me arrumar e sair!

Voltando ao caso das amigas. Fica aquela história de "vamos combinar de nos ver"... o tempo passa, ninguém marca; quando marca, uma ou outra resolve furar. Mas amizade é muito mais que encontros, que ligações... amigo é aquele com quem a gente sabe que pode contar, de manhã, de tarde ou de noite.

No dia em que perdemos Letícia, eu sabia a quem podia recorrer, e elas estavam lá para me apoiar. Não importa se eu saía ou não, se ligava para dizer "oi" ou não. A recíproca sempre foi verdadeira, porque eu nunca me furtei de acodir quem estivesse precisando. 

Dar o ombro para alguém chorar, falar ou mesmo não dizer nada, isso é amizade. Se moramos na mesma cidade, ou não, isso não define a amizade. Porque o que sinto quando vejo alguém querido(a) que há muito não via, é como se o(a) tivesse visto e abraçado ontem. A diferença é sentar e colocar o papo em dia, rir ou chorar.

Quero crer que já dei demonstrações suficientes da minha amizade a quem tenho apreço. Ah! outra coisa... convivo diariamente, converso e até rio com pessoas com as quais trabalho. Salvo duas exceções, nenhuma dessas pessoas são minhas amigas. Como eu disse: amizade é algo maior que conviver diariamente, ligar ou mesmo visitar com frequência. 

"Amizade é um amor que nunca morre." (Mário Quintana)

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Sessão de Terapia, terapia e vida real - parte II

Daí que ontem foi o último episódio da Nina, a ginasta-suicida-adolescente filha de pais separados. 

De tudo o que já falei sobre a série, inclusive rasgando elogios ao conjunto da obra, tenho a acrescentar o que o Théo disse ao Michel, pai da jovem, quando ela permite que acompanhe a sessão para depois enxotá-lo, não sem antes despejar as sensações ruins com as quais conviveu...

Vou me permitir, novamente, transcrever percepções alheias com as quais coaduno... a que colaciono a seguir é do site "Episódios Comentados":

"Quando Michel consegue permissão da filha para ver sua sessão, ele tem na verdade uma enxurrada de verdades para cima de si, anos de negligência, ausência, medos, traumas, tudo jogado em sua cabeça, e é aí que Théo compreende que o pai deve tomar coragem para mudar e acalma Nina.

Acompanhar o crescimento da personagem foi delicioso e intimista, pois vimos todas as suas nuances, seus medos, e o crescimento para uma menina mais confiante."

Eu pude experimentar o gostinho de, através daquela cena, perceber que eu também sou capaz de vomitar as verdades que sempre quis dizer, porém não tive oportunidade. A um, porque fui criada sob a sombra do medo; a dois, porque quando compreendi que sou forte para enfrentá-lo, o infeliz já estava bem longe. 

Curioso como ele vestiu a carapuça de coitado. A opção de abandonar os filhos foi dele, e não ocorreu quando saiu de casa... mas sim, quando cada um de nós três nasceu. Ser expectador do crescimento da prole é ridículo, e alternar violência e brincadeiras de mau gosto então, nem se fala. 

Para além de ter custeado despesas durante algum tempo, não fez mais nada relevante em termos de criação. Só fazendo um paralelo com o episódio de ontem da série, o pai da Nina fez uma lista de coisas que fez por ela... eu pretendo fazer uma lista também. Mas a minha provavelmente vai ser cruel, humilhante... ensejaria, inclusive, uma ação por abandono moral. 

Se por um lado, a doença da Letícia serviu para dissolver os imbróglios que havia entre mim e o pai dela, a minha lista pode ser a chave que vai abrir a porta para o futuro sem essas correntes. Sem esse fantasma.

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Sessão de Terapia, terapia real e a vida

Eis que a minha atual-série-favorita, Sessão de Terapia, termina na próxima sexta, dia 30/11. Sinceramente, nem saí por aí lendo a opinião alheia, porque na verdade fui capturada pelo projeto e simplesmente fiquei encantada.

Eu me vi um pouquinho em cada um dos pacientes, e muitas vezes na pele do próprio terapeuta. E, claro, o meu respeito pelos profissionais foi alçado à estratosfera... sim, porque quando se é paciente, a percepção é limitada: você acha que o psicólogo é seu, o horário é seu, e a pessoa é uma máquina à disposição. Ledo engano.

Creio que, justamente por ser de carne e osso, as leis de afinidade operem tão severamente. Quem nunca saiu de uma sessão dizendo - ou pensando - que não foi com a cara do fulano? Eu mesmo tive 4 terapeutas, duas das quais pareciam ETs sentadas na minha frente. Por muito tempo, fui partidária da ideia de que aquilo não funcionava. Mas as outras duas abriram um mundo de possibilidades.

Pessoalmente falando, sempre torci o nariz quando ouvia que as respostas estavam dentro da gente. Mas a Isa e a Suyanne foram além... elas se dispuseram a ficar ali, ao lado, enquanto eu passei a testar todas as chaves que tinha à disposição, para destrancar as inúmeras portas que há em mim. Incrível como temos portas que sequer sabíamos que existia; muito menos o que escondia...

Pois bem, voltando à série do GNT... o episódio de ontem foi particularmente tocante: primeiro, porque deveria ser a sessão do Breno, um atirador de elite, que acabou sendo abatido em confronto, duas semanas atrás. Segundo, pela questão de lidar com a morte em si. Terceiro, porque o Théo (o terapeuta, vivido pelo ator Zécarlos Machado) foi abordado pela filha, acerca da questão de estar saindo de casa.

O diálogo entre eles mexeu comigo. De alguma forma, eu me vi na Malu e nas suas dúvidas, nos seus medos, diante da separação dos pais. Por sinal, a questão das relações com os pais é recorrente em todos os personagens. Aliás, peço vênia para transcrever aqui a opinião do jornalista Dirceu Alves Jr. (blog do Dirceu, na Veja SP, acerca de um episódio que também me marcou:

No episódio da terça-feira, dia 20 de novembro, o psicólogo Theo recebeu a visita de Antônio, o pai do atirador de elite Breno (papel de Guizé), recentemente morto. E quem estava ali, incorporado naquele personagem, era Norival Rizzo. Assim como Zécarlos Machado, Rizzo também pode ser considerado um dos grandes dos nossos palcos. (...)

Antônio, o personagem, aparece cético diante do psicólogo. Questiona a relevância do trabalho do outro e o quanto a psicologia pode ter mais atrapalhado que ajudado seu filho confuso. Num crescente embate, transforma-se sem querer e ter noção em mais um paciente, chegando a perder as estribeiras e a esbofetear Theo. A câmera de Selton Mello vai de close em close, do ponto de vista de um para o de outro. Texto e ator, nada mais. Zécarlos Machado e Norival Rizzo deitam e rolam nos diálogos, dá vontade de pular na cadeira em casa e aplaudir.

E é verdade... a "verdade" das situações, a entrega dos atores, o texto... é tudo fantástico. Os episódios são quase como uma complementação da terapia que eu mesma faço... é incrível como a percepção da gente muda, seja pela terapia real, seja pelo impacto das cenas que assistimos.

A partir de sexta, serei órfã, e só vai me restar torcer para que o GNT lance uma nova temporada... e que a minha terapeuta não me dê alta tão cedo ;)

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Desativando alarmes internos

A vida é engraçada e de vez em sempre quando traz um episódio para nos testar, de alguma forma. Uma resposta do João hoje fez soar alto os alarmes na minha cabeça... coisa de gente traumatizada.

Aliás, o trauma é algo curioso. Você pensa que compreendeu, resolveu, superou... e um dia acontece algo e lá vem o desgraçado sorrindo que nem o maldito Rabugento, tirando onda com a sua cara e meio que dizendo: você é uma otária, e nada vai dar certo. Eu sempre soube disso.

Algum tempo depois, a experiência - no auge da sua formalidade e rigor - vem com seu coque bem armado, seus oclinhos de gatinho da ponta do nariz, arrastando um corpo pesado e vestido que nem uma professorinha do século passado, e lança para o trauma o olhar de fuzilamento: imbecil, limite-se à sua insignificância! Pronto, situação contornada, ordem restabelecida.

A experiência é meio que o bedel da coisa toda... de vez em quando percebe uma movimentação estranha no ar, e bingo!, sempre tem algo errado que precisa ser corrigido.

Claro que a intenção do namorado ao responder foi das melhores, mas algumas palavras apertaram a campainha... rsrs. Esclarecido o caso, a vida segue.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Mantenha distância, é mais seguro

De antemão, quero que fique registrado que não me orgulho do que fiz.

Pois bem, às explicações...ontem estava retornando de uma caminhada com uma amiga, quando ela foi agredida numa tentativa de assalto. O meliante tentou - em vão - arrancar-lhe o cordão [que não era joia] do pescoço, utilizando-se de agressão física. A prova foi uma quantidade de escoriações provocadas por unhas.

Inicialmente, parecia uma daquelas brincadeiras de mau gosto de quem chega por trás e sacode os ombros do "atingido"... de fato, só me dei conta quando ela gritou e tentou se defender. Imediatamente, a reação: desci a mão das costas do larápio. Foi sem pensar, sem planejamento, sequer se tratou de um golpe, mas tão somente um tapa-quase-murro, para que ele desistisse da empreitada.

Bom, não estou aqui fazendo apologia às reações, tampouco me vangloriando do ocorrido. Estou na verdade usando o fato para constatar que a minha natureza é de reagir impulsiva e primitivamente. Daí porque eu costumo avisar que não é muito seguro me provocar... 

Inclusive, como diria Chico Buarque, "ando com minha cabeça já pelas tabelas" com algumas coisas que, juro, mereciam ser resolvidas no braço. O impeditivo reside, digamos, na minha formação jurídica e a ciência das consequências. E algumas intervenções externas de terceiros interessados, rsrsrs. 

No episódio patético a que me refiro - e me resguardo de não transcrever no blog - provavelmente uma reação do gênero teria deflagrado a terceira guerra mundial; mas eu estaria satisfeita em ter adicionado tonalidades de roxo e púrpura mediante golpes, rsrs. Quem sabe assim haveria prudência antes de falar ou agir para comigo. 

Como eu disse no início, não me orgulho de ter atacado um ladrão. Mas estou convicta de que há seres humanos no mundo que merecem - e até pedem - por uma boa surra que lhes faltou na infância, para aprenderem uma coisinha básica chamada limite. E respeito!

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Presente

Segundo a tia Wiki:

Presente ou Presentes podem referir-se a:
  • Presente - aquilo que se oferece, de forma gratuita, a alguém
Ou ainda:
Na minha vida, presente é sinônimo de João. Em verdade, o que quero dizer é que honestamente, é difícil imaginar como eu vivi anos ao lado de pessoas que simplesmente só valeram a pena pelo aprendizado, negativamente falando. Isso porque as duras penas são as mais educativas.

Provavelmente, e creio já haver dito noutros posts e em diversas ocasiões, que as cicatrizes emocionais que carrego são a lembrança dos erros cometidos, para não tornar a repeti-los. Claro que, com isso, valorizo cada segundo de atenção, de carinho, cada momento junto, tudo. 

Quando generalizo e digo "tudo", refiro-me inclusive aos percalços da jornada. Dada à conjuntura e sem adentrar o mérito, devo destacar que não são poucos e muito menos fáceis. Por Deus que, entre nós existe respeito e cumplicidade, além de maturidade para enxergar as coisas como elas são, agir com sensatez. Claro que nem todos os personagens dessa história são dotados de tais qualidades, mas isso não vem ao caso.

É por isso que, transcorridos 4 meses de namoro, estou convicta de que ele é "o" e "um" presente. Pois é, eu não sei escrever poesias, como a linda e apaixonante que me levou às lágrimas ontem; mas sei sim transcrever em palavras o que vai aqui dentro. Do coração e da alma.

Novamente, feliz aniversário para nós, meu presente!

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

O sábado na Bienal e os agradecimentos

Daí que sábado foi o primeiro lançamento do livro. Os sentimentos, tão misturados, tantos, tantos. A felicidade de usar um vestido vermelho tomara-que-caia, tamanho 40 (já que mandei apertar o tamanho 42), a satisfação de publicizar um grande amor, através de uma paixão: a escrita. 

Eternizar uma história, seja ela qual for, e em que meio - blog, livro, carta - é como fotografar um instante. 

Outra coisa mais que maravilhosa foi a presença de pessoas queridas... já cheguei rindo com as graças do Giuliano (sempre um gentleman) e do Dudu... e já estava por lá a dinda Marília, e logo em seguida chegaram Paulinho, Rebecca (a prima-fotógrafa mais linda que alguém pode ter) e Caio... Lara e Diego, o casal inspiração, rsrs. Germano também marcou presença, assim como o querido leitor-comentarista-e-incentivador Fernando...

Às queridas Fernanda, Flávia, Socorro e Layle, sei que as intenções eram as melhores possíveis, mas nem sempre é possível se fazer presente, seja pelo trânsito, pelas adversidades da vida... o que importa é que eu sei, aqui dentro, o quanto vocês torceram para que desse certo.

Aos meus amores, mamãe e João, o meu muito obrigada, por tudo. Espero que tenham gostado e estejam felizes com a repercussão da coisa toda. 

Dia 22 tem mais!!! Lá no Restaurante Regina Diógenes, a partir das 20h30.

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Diário da dieta: yes, you can!

Há 3 ou 4 anos, pelo menos, honestamente achei que jamais veria o peso em decrescente na balança. Quando digo "jamais", não se espante. Eu estava convicta - e cheguei a conversar com a terapeuta sobre isso - de que nunca seria capaz de emagrecer, e meu destino era ser gorda ad eternum.

Incrível vir aqui, hoje, dizer que pelo que andei resgatando na agenda, em relação ao maior peso que atingi esse ano, perdi 5kg. Isso sem me esfolar na academia - até porque não posso me exercitar em função do tornozelo - e sem passar fome.

As pessoas comentam, mas eu não enxergava, não visualizava. Até ontem. 

Fui à caça de um vestido vermelho, para o lançamento do livro na Bienal, próximo sábado. A cor era exigência da organização... enfim. Achei um modelo tomara-que-caia de tecido incorpado, Andrea Marques para C&A. Veja bem, gordas e modelos assim não combinam muito bem, por causa dos bracinhos volumosos. Os meus eu chamo de "braços de cozinheira"... tenho uma amiga que chama de "braços de caminhoneiro", hahahaha.

Catei a peça, tamanho 42, e fui ao provador. Para minha surpresa, satisfação e alegria imensa, ele ficou folgado. Incrédula, ainda busquei um tamanho 40, mas só havia 38. No auge da coragem e autoconfiança, tentei e o zíper não subiu a partir do busto. Ok, sem desânimo.

Resumo da ópera, comprei o vestido e ainda tive a grata surpresa de ver o preço remarcado no caixa, rsrsrs. Assim, o que é 42 vai virar 40, por obra da costureira...

Para que desanimou, e acha que não consegue, eu digo e sirvo de exemplo: yes, you can.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Paciência...

Sabe aquele dia em que você acorda após uma noite de sono inconstante, interrompido, e logo cedo alguém parece disposto a provocar sua ira? Bom dia, welcome to my life

Na contramão dessa vibe, procurei uma oração que me devolvesse ao prumo, possibilitando um dia produtivo e sereno. Compartilho a "Oração por Paciência", encontrada aqui:

Senhor!
Fortalece-nos a fé para que a paciência
esteja conosco.
Por tua paciência, vivemos.
Por tua paciência, caminhamos.
Auxilia-nos, por misericórdia, a aprender
tolerância, a fim de que estejamos em tua paz.
É por tua paciência que a esperança nos
ilumina e a compreensão se nos levanta
no íntimo da alma. Agradecemos todos os
dons de que nos enriqueces a vida, mas te
rogamos nos resguarde a paciência de uns
para com os outros, para que estejamos contigo,
tanto quanto estás conosco, hoje e sempre.


***Emmanuel ***

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O livro, as emoções liquidificadas e os agradecimentos

Recebi hoje um email da organizadora do livro, informando que a partir de amanhã, 09/11, os exemplares destinados às co-autoras estarão disponíveis. 

Bom, duvido que quem lê o blog não saiba que estou falando do livro para o qual contribuí com um texto, e será lançado oficialmente durante a Bienal Internacional do livro, no próximo dia 17/11. Semana que vem, a semana do lançamento, detalharei mais sobre local e horário.

O objetivo desse post, na realidade, é compartilhar o turbilhão de sentimentos aqui dentro. Sim, é um único capítulo, algumas páginas... mas é meu, eu escrevi e tenho muito orgulho disso. É a concretização de um desejo, um sonho. É o primeiro passo, quem sabe, rumo ao que amo fazer de verdade nessa vida: escrever.

Inicialmente, quando meu amigo-incentivador-leitor-e-crítico Fernando Cavalcante me falou do projeto, senti uma mistura de euforia e medo; primeiro pela oportunidade, e segundo por medo da crítica. Uma coisa é blogar, outra é submeter seu texto a outrem, para avaliação lato sensu. Como estávamos na Zug, o assunto rendeu ali e passou.

Dias depois, um email atiça e resolvo embarcar... por que não? Texto pronto em meia hora, coração pulsando à boca, crivo inicial do dileto amigo, com palavras encorajadoras... enviado e selecionado! 

Sem medo de ser julgada vaidosa ou infantil, tenho a dizer que esse filho - esse capítulo - é um imenso motivo de felicidade. Pouco importa se somos 34 autoras, que dividirão os louros (?), ou que a organizadora é que vai brilhar tal como os vocalistas das bandas... 

Queria inclusive antecipar meus agradecimentos... 
  • ao Fernando, por ter me dito uma vez "você é escritora", compartilhar seus exímios textos e revisar os meus; 
  • à mamãe, por criticar a minha exposição no blog e com isso me fazer cautelosa, sem mencionar a satisfação dela quando falei da seleção e da publicação; 
  • ao João, por não ter medo das consequências do que está escrito no livro, no blog e nas redes sociais, por encorajar e ter orgulho de namorar uma blogueira-pretensa-escritora; 
  • às amigas que lêem, riem, e mesmo distantes dão suporte a tudo isso...
E, vou logo avisando, não sei se vou ter coragem suficiente para autografar. Só de pensar nisso, morro por dentro! 

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Impressões pessoais sobre "50 Tons"

Esse bafafá todo em torno de "50 Tons de Cinza", por sinal um titulo inventado, posto que a tradução do original é "50 sombras de Grey"... hum, Grey é o sobrenome do personagem, cujo passado é um emaranhado sobre o qual muito pouco se sabe, com a leitura da primeira obra.

O fato é que a história em si é fantasiosa ao extremo. Mal comparando, é uma versão S&M de clássicos com plebéias de um lado e príncipes do outro. Provavelmente, a riqueza de detalhes com que a autora descreve os acontecimentos tenha provocado esse alvoroço na mulherada mundo afora.

Grey é o novo must-wished: bem sucedido, bonito, caridoso, generoso, fiel, cheio de hobbies caros e tipicamente masculinos (carros, helicóptero, aviões, etc.). Irreal, convenhamos. As sombras ficam por conta das preferências em termos sexuais. 

Creio que a empolgação feminina esteja intimamente ligada à ideia concebida de príncipe encantado... ele presenteia Ana com um Mac que sequer estava nas lojas, um Audi vermelho (por considerar o Fusca um carro perigoso), e um Blackberry. Sem mencionar roupas e afins, e toda a infraestrutura disponível nos finais de semana em que ela fica à disposição, digamos assim.

O ponto comum entre a história e as fantasias femininas, na minha opinião, é que toda mulher quer os galanteios, as vantagens, o carinho e o suporte emocional que ele proporciona. Conquanto a maioria se submete a grosserias, traições, e um sem-número de violências a contragosto, a contrapartida de Ana é a submissão consciente às preferências sexuais um tanto quanto toscas. A diferença crucial é que, no caso do livro, é consentido e visa, segundo Grey, o "prazer mútuo", com possibilidade de interrupção mediante uso de duas palavras-chave.

Ao passo que ele deixa claro que não manterá um relacionamento tradicional, outorga a ela a liberdade de escolha, o que na vida real não acontece, de fato. As algemas emocionais são invisíveis, e por essa razão, muitas vezes, inquebráveis.

Se quando crianças, as princesas Disney nos encantam com suas histórias de sofrimento, príncipes em cavalos brancos e finais felizes, quando adultas as peripércias de Steele e Grey incrementam o mito com luxúria. No final das contas, a gente quer acreditar que existem príncipes que virão nos resgatar das bruxas, madrastas, vilões e masmorras, e nos darão suporte emocional e financeiro, sem falar na filosofia do lobo da chapeuzinho, kkkk.

Natal é bem mais que pinheirinho e guirlanda

Mal findou o Dia da Criança, e as lojas já estavam ostentando vitrines com a típica decoração natalina [americana]. O comércio vai ditando as regras, e n'alguns lugares já é possível ver pinheirinhos decorados, guirlandas nas portas... sem falar no aumento dos preços de itens tipicamente "presenteáveis".

Deixando de lado o caráter comercial da coisa toda, estive pensando sobre como o significado nessa época do ano vem mudando, ao longo do tempo, aqui dentro. Melhor dizendo, o que se modifica é a minha visão. Explico: durante anos, eu fui responsável pela ornamentação lá de casa. Do pinheiro às guirlandas, passando pelo pisca-pisca e afins. Sinceramente, gostava daquilo, fazia com satisfação.

Fazendo uma retrospectiva, provavelmente a decepção e o abandono da atividade se deram por razões sentimentais. As festividades são envolvidas de receptividade, calor humano, dentre outros fatores... e eu não sentia nada disso, findei por me deixar desmotivar, e a Ana, amiga da mamãe, tomou as rédeas e passou a cuidar com zelo e carinho da decoração. 

Creio que o pano de fundo seja o fato de que - assim como a Ana - eu não estou decorando a minha casa. Mas enquanto ela o faz gratuitamente, com desprendimento, eu vejo que mais um ano se passou e nada aconteceu. "Nada" é um termo figurado, visto que diversos acontecimentos se deram, especialmente em 2012; significa tão somente que eu ainda estou ali, ainda sou filha, ainda, ainda. 

E antes que os críticos me venham com "ah não, outro lamento, uma crise de ansiedade, uma pressão para que as coisas aconteçam", esclareço que passa há quilômetros disso. Trata-se, tão somente, de uma constatação. Este blog é um espaço onde posso transcrever minhas impressões sobre as situações, inclusive é meio que um complemento da terapia. Então antes de julgar, simplesmente aceite que o fato de transcrever o que sinto não significa que é caso de desespero; trata-se de um simples registro do que estou pensando ou vivendo agora.

Outro ano se aproxima do fim, ou como diria Cássia Eller "mudaram as estações, nada mudou, mas eu sei que alguma coisa aconteceu, tá tudo assim tão diferente". Ao passo que 2012 me tirou muito, também me trouxe ou devolveu outro tanto. Creio que, em maior ou menor intensidade, há de ser assim... os anteriores o foram. Deve ser a ordem natural da vida.

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Vida, autoimagem e sentimentos

Estou reaprendendo a viver. É fato. Sabem como me sinto? Quase como alguém que estava em coma há muito tempo, e despertou, tentando a cada instante de cada dia, sorver informações sobre o interregno em que estava fora do ar.

Eu me surpreendo - ou sou surpreendida - repetindo quase que automaticamente pensamentos e comportamentos nocivos [a mim e a terceiros]. Em meio a tanta coisa nova, tendo me adaptar a situações das quais pretendo desfrutar eternamente. Receber elogios, por exemplo.

Não é segredo que tenho uma autoimagem distorcida. É tão arraigado, que a terapia sequer conseguiu abrir a tampa do sepulcro onde jazem esses sentimentos todos. Simplesmente não enxergo o que as outras pessoas vêem tão claramente. 

Combato [quase que sem forças] os galanteios do amado. E querem saber o que é mais genial nisso tudo? Ele não desiste, ao contrário, insiste em proporções nunca antes imaginadas. Quando reclamo do cabelo, ele retruca; quando comento "ah, estou gorda", ele lista uma série de observações lógicas que contradizem o meu comentário. Enfim.

No escritório mesmo, as pessoas chegam a mim para perguntar como consegui emagrecer, laureando os esforços, ao passo que ruborizo, tamanho o constrangimento. Sempre digo "ah, foram só 4kg". Invariavelmente, recebo como resposta um olhar reprovador, que diz "4kg é muita coisa". O coro, uníssono, junta-se às roupas folgadas, ao bom caimento de outras que não serviam há tempos, e ao mostrador da balança. Ok, eu admito, houve uma melhora externa significativa. 

Quero mais: 4kg a menos na balança, um manequim a menos nas roupas. 

Desperdicei tempo e energia desnecesários, porque o que eu queria atender não era um chamado interno; eu queria me adequar às imposições. Claro que não funcionou, e nunca vai funcionar, para mim e para ninguém. João nunca me cobrou, e agora cobra menos rigor comigo mesma. Palavras dele "quem gosta de espeto é churrasqueiro, e você nunca foi gorda". 

É tudo novo... ser elogiada, emagrecer sem cobranças externas, ser amada sem condições impostas, pelo que sou interna e externamente, não por uma fantasia egoísta e inatingível. Estou em processo de adaptação, mas de forma positiva. Estamos - eu, João e a terapeuta - empreendendo esforços para abrir essa catacumba, para revolver tudo por ali...

A reason to start over new...

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Prazo de validade da relação pai/filho sob o mesmo teto

Já há tempos, percebi que ser filho tem prazo de validade. Quando digo "ser filho", quero dizer residir sob o mesmo teto, sendo ou não sustentado. Para além de bíblico, esse papo de que a gente cresce e deve "deixar pai e mãe" é fato; nem que seja para ir morar sozinho.Ok, essa segunda parte não está nas escrituras, rsrs.

Quando se é adulto, dotado de inteligência e opiniões próprias, conviver sob o mesmo teto torna rançosa a relação com os genitores que, quer a gente queira ou não, hão sempre de nos ver como crianças, incapazes de tomar as próprias decisões. 

Ressalvo que digo isso não para julgar as atitudes do(s) pai(s), mas tão somente para constatar que é preciso cortar esse cordão, com vistas à manutenção das relações de afeto e respeito mútuo. Ou não se tornam excelentes os filhos que saem de casa, a qualquer título?

E, de alguma forma, tentando ver a relação sob o prisma parental, deve parecer absurdo ter alguém cujas fraldas você trocou, de repente vir questionar suas decisões, ou se intrometer na forma como você cria o(a) caçula. Ou como dirige. Enfim.

Pessoalmente, nunca fui alvo de comentários pejorativos por parte da mamãe, acerca de contar com 31 anos e ainda estar sob o mesmo teto. Só que, especialmente após o advento da Charlotte e suas artes típicas de cachorrinho-filhote, sinto que já passa da hora de alçar vôo, abandonar o ninho. E devo confessar que não o fiz até então por uma conjuntura de fatores, dentre os quais a ideia [ok, pode me chamar de idiota] de que pretendo fazê-lo, mas após o casamento.

Até lá, como diria o João, é parar, respirar, observar e ouvir.

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Profissão e sonho, confrontados pela realidade

Imagem daqui

I must confess... CANSEI.

Há dias em que simplesmente preferia ignorar o alarme do telefone, esquecer os compromissos e permanecer sob as cobertas.

Creio que à medida que passa o tempo, menos afinidade tenho com a rotina que está estabelecida em minha vida. Porém, há que se pagar contas, inexoravelmente. É uma cadeia reversa, que desemboca lá no início das "prerrogativas" de ser adulto. 

Pode ser que, para os que fazem o que amam, não seja pesaroso. Dessa afirmativa, decorre uma conclusão: eu deixei de amar. Ou nunca de fato amei. Na verdade, há uma grande chance de eu ter sido engolida pelas mazelas da profissão. 

Advogar só é, via de regra, rentável e glamuroso nos filmes americanos. Ou em novelas da Globo. A média dos demais é "pedinte". Quem disse isso [o termo "pedinte" em referência ao causídico] foi o Professor Misael Montenegro, para quem o advogado nada mais é do que um rogador... acresça-se a isso uma boa dose de humilhação, uma capacidade de abstração ímpar, diante de prazos, servidores públicos latu sensu, burocracia sem fim, e toda sorte de infortúnios.

Por óbvio, há ungidos que de fato unem o amor à profissão e uma conta bancária que os torna legítimos gatos de Cheshire [o personagem fictício do conto Alice no País das Maravilhas], tamanho o sorriso estampado no rosto. I'm not one of them.

Enquanto vou sobrevivendo às custas do diploma, flerto descaradamente com a escrita, a moda... tímidas incursões nos dois mundos, nada substancial, nada que pague sequer a recarga do único celular pré-pago que possuo [nem menciono o pós-pago, porque esse é que não poderia ser pago mesmo, rs].

...e sigo a vida tal como Rapunzel, trancafiada na masmorra, à espera do resgate. Já atirei as tranças por vezes, sem sucesso, que estou a ponto de cortá-las fora e encontrar um meio de descer, por mim mesma.

Passando 2012 em vista, traçando diretrizes para 2013

Oficialmente, estamos nos encaminhando para o final de 2012. Com sessenta dias de antecedência, achei prudente rever o que fiz, o que vivi, todas as experiências boas e ruins. 

Não é novidade que as primeiras horas do dia 1º já eram o prenúncio do fim. No fundo, eu sabia que precisava agir, mas por alguma razão havia uma chama de esperança. Em vão. Findou um capítulo doloroso na minha história, porém repleto de ensinamentos. 

Como pano de fundo, a terapia deu suporte a todas as mudanças, desafios, mas principalmente no momento mais doloroso. E nenhuma lágrima derramada naquele consultório, nenhuma palavra dita, nem mesmo as mais obscuras e irreveláveis opiniões e vontades, nada escapou das sessões. Como válvula de escape, um novo blog, secreto, e verborragia sem pudor, sem medo, num espaço que jamais será submetido a críticas, ao crivo de valores alheios, posto que me pertencem, e a mais ninguém...

O processo de libertação psico-emocional tem caminhado a passos largos, ainda que vez por outra eu me flagre [ou seja flagrada] repetindo comportamentos obsessivos aos quais fui submetida ao longo da vida. De alguma forma, esse processo contribuiu também para a libertação das amarras que criei em torno da questão "dieta+exercícios". Subsiste um ou outro nó, reconheço, mas no todo já vislumbro progressos consideráveis.

Provavelmente, o desafio para 2013 perpasse pela questão afetiva, latu sensu. Não há dúvidas que é preciso amadurecimento e abertura de um canal de diálogo adulto, responsável, consciente. Não há espaço para retrocesso, esse relacionamento caminha a passos sólidos, largos, prudentes. O desfecho é óbvio, ainda que haja personagens que insistam em não enxergar.

Não é o tempo que define a profundidade das coisas. Ainda que o essencial seja invisível aos olhos, só os cegos de alma e coração são incapazes de enxergar a reciprocidade que existe entre mim e João. São 3 meses sim, mas noventa dias provados a ferro e fogo. Se formos contabilizar as pedras atiradas, possivelmente temos quantidade suficiente para construir um castelo.

Vem aí o lançamento do livro, dia 17/11, e a nossa história vai ser mais que publicizada. Honestamente, não cabe mais dizer que é cedo para isso ou aquilo... cedo para quem? Enquanto as pessoas desperdiçam tempo, os supostamente protegidos já compreenderam tudo, dentro do próprio nível de entendimento. 

Sobre isso, recordo-me do dia em que vi uma mãe contar a sua filha que o Papai do Céu havia levado sua irmã... quatro anos de vida, e uma percepção tão aguçada, capaz de entender que algo havia acontecido... as crianças são perspicazes, inteligentes. Somos nós, adultos, que lhes incutimos medos, preconceitos... enfim.

Não estendendo muito o rumo da história, 2012 realmente vai ficar marcado para sempre... pelas perdas, mas também pelos ganhos.