Ok, ok. Vou sucumbir à vaidade e publicar aqui no blog a matéria sobre "Carros sob cuidados femininos", veiculada hoje no caderno Auto, do Diário do Nordeste, com uma pequenina contribuição da blogueira aqui.
As mulheres estão deixando de serem passivas e assumindo o controle das manutenções do seu próprio automóvelA
prudência ao volante já é uma velha característica do público feminino e
isso é refletido nas estatísticas do Departamento Estadual de Trânsito
do Ceará (Detran-CE). As mulheres só representam 10,64% dos condutores
envolvidos em acidentes, enquanto os homens ficam com 78,41% da parcela.
Além
deste perfil, elas estão acrescentando uma nova qualidade ao assumir a
direção: a independência e o conhecimento de lidar com a mecânica do
automóvel.
Segundo Antônio César Costa, consultor técnico da
Oficina Brasil, a mulher está mais atenta às orientações do fabricante
dos veículos, seguindo religiosamente o que recomenda o manual do
proprietário no que tange à manutenção. "Hoje o publico feminino
representa, aproximadamente, 40% dos clientes da loja, sendo que estas
são mais favoráveis às manutenções preventivas, até por questões de
segurança e receio de ficarem na rua com o veículo quebrado", explica.
O
fato da sua parcela estar aumentando também é decorrente do crescimento
da frota de veículos e do próprio número cada vez maior de mulheres
motoristas. Já foram emitidos a esse público 745.374 habilitações nos
dois primeiros meses deste ano, quase 72 mil a mais comparado ao mesmo
período do ano passado.
Um exemplo disso acontece dentro mesmo do
Detran-CE. Lorena Moreira, diretora de planejamento, afirma como
profissional do setor e mulher em tempo integral que o tema "veículos"
agora é matéria de discussão das rodas de conversas femininas, o que
antes era raro ou impossível de acontecer. "Hoje elas comentam mais,
dizem que vão a oficina, leem mais o manual", pontifica.
Para
ela, fazer revisão do carro está longe de ser somente uma obrigação e
virou terapia. Ela conversa, tira as suas dúvidas com os profissionais e
não vê nenhum problema em ter esse trabalho em sua rotina.
Se a
partir desse caso aparecer a hipótese de apenas as mulheres que lidam
com veículos se interessam por esse segmento, a advogada Tatiana Lambert
prova o contrário. "Comprei meu primeiro carro zero em dezembro de
2011. Os outros carros que tive estavam sempre com as manutenções em
dia, trocas programadas de óleo e filtros, inclusive o da cabine. Mesmo
quando comprei carros usados, fiz questão de receber e ler o manual,
para ficar inteirada das peculiaridades de cada um. Dessa forma, fico
segura e evito dissabores", esclarece.
E não é somente a cada
troca de óleo que a Tatiana aproveita para dar o check up no veículo.
"Semanalmente, verifico a calibragem dos pneus (inclusive o step) e o
nível do óleo. Só utilizo água desmineralizada e fico atenta ao aditivo.
Observo a vida útil dos limpadores e substituo sozinha quando
necessário. Sempre desligo os faróis, ar condicionado e rádio, para que
ao ligar novamente o carro, a bateria seja preservada, ao dar partida,
especialmente pela manhã. Aguardo para que os componentes eletrônicos
sejam todos verificados para então acionar o motor. Também mando lavar e
aspirar. E, principalmente, fico atenta a qualquer ruído diferente dos
que estou habituada. Na dúvida, levo à oficina para avaliação", detalha.
Ela
faz questão de saber cada detalhe do veículo, para poder perceber
quando algo estiver fora da normalidade. Todos esses itens da sua lista
são feitos pessoalmente e sem auxílio de terceiros ou de lembretes da
concessionária. Quando não entende, procura checar o serviço, faz
perguntas e observa os procedimentos. "Nunca precisei ir à oficina
acompanhada e já deixei de fazer serviços em determinados locais
justamente porque a equipe achava que seria fácil me levar na conversa",
lembra.
Para o consultor Antonio, esse maior interesse por parte
das mulheres decorre da realidade delas cada vez mais ocuparem várias
posições que outrora eram somente de homens. "Outro fato é que cada vez
mais a mulher tem seu próprio carro, sendo que em uma família, cada um
cuida do seu ou seja, a mulher abastece, paga impostos, multas e faz a
manutenção do seu carro, enquanto o homem cuida somente do seu",
acrescenta.
Outro lado da históriaIndependência
não se discute. Cada vez mais, diminui a ideia e a realidade da mulher
precisar de uma presença masculina ao seu lado nas visitas às oficinas.
"Raramente acontece algum auxilio masculino nas decisões tomadas em
relação a serviços executados na oficina, elas estão mais atentas as
orientações e cada vez mais informadas sobre manutenção", afirma
Henrique Marcelino, gerente de pós-vendas da Suzuki-Sol.
Apesar
delas estarem de fato assumindo o controle, ainda há situações
frequentes de mulheres que adiam ao máximo os cuidados com o seu
automóvel ou preferem delegar as tarefas aos homens.
A secretária
executiva da revista eletrônica No Pátio, Virgínia Onofre, declara
claramente que não tem paciência e não costuma ler o manual do seu
carro. Quando tem que cuidar do veículo, observa de longe, procurando
saber apenas qual o prazo de garantia do serviço e do produto.
"Geralmente o meu marido leva o carro a oficina, eu aproveito que ele
gosta de cuidar do automóvel, então relaxo", explica.
Mesmo tendo
exemplos de mulheres que são verdadeiras especialistas no assunto
mecânica, há também grandes casos de pessoas como Virgínia na
concessionária Suzuki-Sol. "Aparentemente, os homens estão mais atentos
quanto aos períodos de manutenção, para que o veículo esteja em
perfeitas condições de uso, para que fique dentro das normas vigentes de
emissões de poluentes e em dia com a garantia do mesmo, já que fatores
externos interferem diretamente no desempenho do veículo", pontifica
Henrique.
No entanto, ele acredita que a rotina estressante, o
trabalho, tarefas familiares e cuidados com filhos interferem
diretamente na atenção referente aos cuidados necessários para a vida
útil do produto, inclusive na vinda até a concessionária para as devidas
manutenções. Essa observação derivam-se grande parte do fato que,
quando lembradas, elas não hesitam em ir a concessionária e cumprir as
devidas orientações do fabricante.
Além disso, a participação
feminina é presença cada vez mais constante quando o assunto é veículo.
"As mulheres são formadoras de opinião, ocupam cargos importantes,
buscam praticidade no seu dia a dia, dentro da oficina não é diferente.
Há mulheres trabalhando no departamento de mecânica, na nossa
concessionária por exemplo, temos diversos cargos ocupados por elas. Não
existe mais esta história que mulher não entende de carro, o público
feminino vem merecendo atenção especial devido a fatores relevantes que
as levam a escolher o produto", afirma.